PLANANDO NA TERRA REDONDA

Lapónia: Uma viagem até à Aldeia do Pai Natal

por Raquel Rodrigues // Dezembro 12, 2022


Categoria: Opinião

minuto/s restantes

A época do Natal está a aproximar-se e as ofertas de “escapadinhas” natalícias são muitas. Na Europa, Londres é o destino consensual e, no terceiro Sábado de Novembro, já se acenderam as luzes. Um passeio num autocarro vintage de dois andares é o cenário ideal para ver as luzes das principais ruas da capital britânica, incluindo com a companhia de músicas natalícias.

Em todas as capitais da Europa há mercados de Natal. Em Paris, há a famosa árvore de Natal das Galerias Lafayette. Na Alsácia, o mercado de Colmar é o mais concorrido. Na Europa Central, os mercados de Natal na Alemanha e em Viena, na Áustria, são um bom pretexto para visita.  No Báltico, os mercados natalícios são muito concorridos e promovidos (mas ainda não visitei).

Nova Iorque, nos Estados Unidos, é outro dos destinos de Natal predilectos. As celebrações (e motivo para visitar) começam com o Dia de Ação de Graças, segue-se a Black Friday e os saldos loucos na Big Apple. Não esquecer ainda a célebre pista de gelo e a árvore de Natal do Rockefeller Center, imortalizada no filme Sozinho em Casa, a par com a Hamleys, a loja de brinquedos mais espetacular de sempre, e o Plaza Hotel junto ao Central Park. Se estiver a nevar, então Nova Iorque é “O” destino de Natal de sonho!

Em Portugal, também existem “escapadinhas” de Natal imperdíveis: Em Óbidos, a Vila Natal; em Alenquer, o Presépio de Portugal; em Santiago do Cacém, há a Vila Natal Black Pig; no Porto, existe o Mercado de Natal World of Wine; em Cascais, vale a pena conhecer a Christmas Village; e, em Lisboa, o meu preferido é o Mercado de Natal do Rossio, com o “comboio” do Pai Natal gratuito a circular pelas Ruas de Lisboa.

Depois, há um lugar no Mundo onde é Natal o ano inteiro e, para mim, a “viagem” ao Natal. O destino: Lapónia, onde “vive” o Pai Natal.

Nunca fez parte dos meus planos de viagem, mas com um filho de quase 4 anos, temos a desculpa perfeita para empreender nesta aventura e visitarmos a Casa do Pai Natal.

Em Maio, encontrei uma oferta de voos imperdível, com voo direto de Londres para Rovaniemi. Foi só juntar o voo de Lisboa e procurar o alojamento e as atividades.

Não há melhor lugar no Mundo para encontrar o Pai Natal do que Rovaniemi, a cidade mais importante da Lapónia, a norte do Círculo Polar Ártico, na Finlândia. E até os que já não acreditam no Pai Natal ficam rendidos a toda a envolvente que a Aldeia Natal nos convida.

Dedicámos o primeiro dia da nossa viagem em família à Aldeia do Pai Natal. Primeiro visitámos a Casa do Pai Natal, onde encontrámos o “Pai Natal”, com barbas até ao chão, sentado na sua cadeira, junto a uma árvore de Natal e muitos presentes, num cenário para fotografia postal de Natal.

A entrada na Casa, ver e conversar com o “Pai Natal” é gratuito. Se quiser tirar a fotografia já são 30 euros, a mais pequena.

Saindo da Casa, vemos o Hotel da aldeia, o restaurante Três Elfos, com dois iglus para almoços e jantares bem típicos do Pólo Norte.

Vemos também uma fogueira, onde parámos para nos aquecermos. Continuámos o passeio e encontrámos uma cabana, abrigos para os locais poderem descansar e se aquecerem, pois, no Inverno, as temperaturas chegam aos -30 graus Celsius.

Aproveitámos que não havia fila para fazer o passeio de trenó puxado por uma rena. Parece magia, ver as renas e irmos deitados no trenó, tapados por uma pele, através da floresta encantada do “Pai Natal”. Dali, fomos visitar a Casinha da Mãe Natal onde aprendemos a fazer bolachas de Natal, e bebemos um chocolate quente. Era acolhedora e quentinha, como se quer.

Continuando o passeio pela Aldeia do Pai Natal, chegámos ao marco do Círculo Polar Ártico, onde se encontra o posto dos correios onde o “Pai Natal” recebe mais de 6 milhões de cartas, chegando às 30 mil nos dias recorde. Não admira a azáfama e a quantidade de duendes e elfos a ajudar…

Adorei ver o regulador do tempo: Tempo Normal – Regulador do Tempo e Tempo de Natal. Ali também se faz a contagem decrescente para o Natal: faltam 36 dias, vimos nós.

Também ali, voltámos a estar com o “Pai Natal”, omnipresente como se sabe, e garantimos que o presente do nosso filho chegaria a casa.

Depois de comprarmos alguns adereços para a árvore de Natal e o habitual íman para o nosso frigorífico, fomos para o nosso Hotel, pois na Lapónia, no Outono fica escuro às 3 horas da tarde e, com o frio, não apetece muito andar na rua.

Para o início da viagem, escolhemos o Santa Resort, um hotel comum, um centro de treino olímpico com parque de diversões interior, um spa e cinco piscinas. Foi uma excelente escolha para passarmos as nossas tardes, com atividade física e muita diversão.

A menos de cinco minutos do nosso hotel, estava o Lapland Sky Hotel, cheio de recantos acolhedores, com um restaurante panorâmico e um rooftop, a céu aberto e longe da luz da cidade para contemplação das auroras boreais quando aparecem.

No segundo dia, fizemos uma viagem de carro: Rovaniemi – Pyha-Luosto – Rovaniemi. Foi uma boa forma de apreciarmos a paisagem e visitarmos um dos parques naturais mais bonitos.

No caminho, há também a possibilidade de visitar uma mina de ametista, a pedra da região. Sempre que posso, não abdico de uns passeios de carro, sair das cidades e conhecer um pouco do campo, ainda mais com neve e com estas paisagens de Inverno só vistas por estas paragens. Terminámos o dia, de novo, na Aldeia do Pai Natal, repetindo a visita ao posto dos correios.

Quando estava a preparar esta viagem e procurava as atividades imperdíveis, encontrei o Ranua Wild Park, casa do único urso polar da Finlândia. Depois da minha aventura no Árctico, onde tive o privilégio de ver os ursos polares, era a oportunidade de mostrar um urso polar ao meu filho e assim foi.

No terceiro dia, dedicámos grande parte do dia à visita a este parque selvagem onde habitam os animais do Ártico. Foi uma aventura! Estavam -15 graus e a caminhada de 3 quilómetros parecia não ter fim. Mas a experiência foi fantástica e é uma possibilidade única para ver cerca de 50 espécies de animais do Norte e do Ártico, como o urso Polar, o urso castanho, lobos, linces, raposas do Árctico, corujas, alces, renas e lontras com espaço amplo e a lembrar o seu habitat natural. Apesar do frio, adorámos e repetíamos de novo.

Dali, seguimos para o País das Maravilhas dos Adultos. Nas últimas noites, ficámos no Apukka Resort, uma propriedade de sonho e a prova de que a Lapónia pode e deve ser vista como destino para adultos. É dos lugares mais românticos onde já estive.

Quando chegamos, temos a sensação de chegar a um pequeno paraíso, onde temos tudo o que precisamos para umas inesquecíveis férias de neve. Desde todas as atividades que se possa imaginar, como: passeios de rena, passeios puxados por cavalos finlandeses, safaris de husky, caça às auroras boreais em mota de neve. Também há várias saunas, incluindo uma de gelo, uma em iglu e outras amovíveis. Toda a sinalética está harmoniosamente cuidada e por toda a propriedade vemos pormenores e detalhes de bom gosto.

Ali realizei o sonho de dormir num iglu. Claro que com condições excelentes, muito conforto e em vidro, para ver o céu estrelado, as luzes do Norte e o amanhecer de Inverno.

Recomendo o restaurante Aitta, que tem uma cozinha local, variada e com muita qualidade.

Ficaria uma semana naquele confortável e apetitoso resort de Inverno! O staff é muito simpático e prestável.

Fazer parte daquela paisagem dramática, de um paradisíaco diferente do convencional, percebemos a beleza do Inverno que, por aquelas paragens, apenas agora começou.

Todas as viagens são muito enriquecedoras e aprendemos sempre mais quando estamos atentos e somos curiosos. Descobri que a Lapónia é habitada por um povo indígena, os Sámis, um grupo étnico que se estende pela parte norte da Escandinávia e pela península russa de Kola, ocupando quatro países: a Noruega, a Suécia, Finlândia e Rússia, estima-se serem cerca de 80 mil pessoas, metade vive na Noruega, falam vários dialetos. Incríveis os seus trajes típicos coloridos e as suas práticas ancestrais ligadas às renas. Têm ainda uma música tradicional, o Yoik.

Como alguém disse: viajar é a única coisa em que gastamos dinheiro e ficamos mais ricos.

Dicas Viagem à Lapónia

Em Maio, procurar voos Ryanair: Lisboa – Londres – Rovaniemi – Londres – Lisboa

Estadia: Hotel Santas Resort

Aluguer de carro: Green Motion, no Terminal

Comprar todas as atividades diretamente no local e sem filas

Auroras Boreais: Apukka Resort (se ficarem lá instalados) ou no Rooftop do Lapland Sky Hotel

Raquel Rodrigues é gestora, viajante e criadora da página R.R. Around the World no Facebook e no Instagram.

O jornalismo independente DEPENDE dos leitores

Gostou do artigo? 

Leia mais artigos em baixo.

“Não avançamos Por nenhum caminho Já aberto – Avançamos Levando mais além o âmago Raptor, De fonte latejante Drenando um deus ...