COISAS & CAUSAS

Temos 730 mil casas devolutas em Portugal

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por José Ramos e Ramos // Julho 26, 2022


Categoria: Opinião

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As casas continuam a valorizar em Portugal, apesar de termos… casas em excesso. Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) de 2019 já nos revelara a existência, no nosso país, de 730 mil casas desocupadas. A lógica do mercado obrigava os preços a cair a pique. Aproximando os valores de venda dos preços de custo. Mas não.

Os bancos continuam a valorizar as casas a “olhómetro”. Em alguns casos, os promotores estão a vender imóveis por 10 vezes mais o valor de custo.

São casas para estrangeiros, que compram e fecham. Transformando os imóveis em produtos financeiros, sem fiscalização. Depois, o dinheiro pago pelos compradores circula muitas vezes por off-shores, com valores distintos dos declarados em Portugal.

Nesta espiral especulativa escandalosa, os franceses descobriram até que podem comprar várias casas em Portugal, pagando 10% dos impostos que nós pagamos. Por dez anos! E nós podemos fazer o mesmo em França? Não!

Venderam-nos os carros, frigoríficos, varinhas mágicas, e agora estão reformados e continuam a viver encavalitados em nós. Nos nossos serviços públicos, na saúde, nas estradas, nas infra-estruturas que pagámos com língua-de-palmo.

Ainda se podia pensar que tanta casa dava negócio à indústria portuguesa. Mas os materiais são quase todos importados. Até as sanitas e lavatórios.

Para além da OCDE, também a União Europeia alertou em Janeiro que em Portugal existe uma gigantesca bolha imobiliária. E o Governo com maioria absoluta faz alguma coisa neste dramático sector? Nada. Porque a “culpa é da Cristas”… que já passou à História, mas continua de costas largas!

José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)


N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

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