É verde, é resistente ao frio, é de folha grande e caule forte.
A couve portuguesa é um alimento que nos pode transportar ao estrelato da nutrição. Tem propriedades anti-inflamatórias e tem apresentado, em estudos de laboratório, capacidade de aumentar a produção de anticorpos.
A couve portuguesa usava-se para acompanhar o bacalhau cozido do Natal e é um alimento rico em inúmeras funções. O seu ferro é de fácil absorção, os seus componentes antioxidantes melhoram a resposta aos tóxicos que ingerimos em excesso e aos que nos expomos em quantidades astronómicas. As fibras dão saciedade e melhoram a obstipação que hoje afecta muita gente.
Além de minerais e vitaminas, a couve portuguesa tem um conteúdo baixíssimo de açúcares (hidratos de carbono) e tem a particularidade de não perder propriedades quando cozinhada. Em batidos detox, em pratos gourmet, em tabernas, e à mesa das famílias, devíamos promover a couve e o seu primo brócolo.
Recentemente, a Ordem dos Médicos e alguns arautos do cientificamente correcto, apedrejaram o médico Manuel Pinto Coelho – quase sugeriam a sua cremação pública, e até a destruição do seu bom nome.
Em boa verdade Pinto Coelho transporta para o espaço português ideias também divulgadas por Michael Greger, que é um comunicador fora de série.
Os brócolos, investigados na Universidade de Aveiro por bioquímicos, deram doutoramentos sobre defesa imunitária e também sobre a produção de bioplástico. Estes produtos fabricados a partir de uma biomassa de amido de milho ou batata podem tornar-se muito mais resistentes e elásticos com a adição de substâncias identificadas no brócolo.
A Brassica oleracea é uma hortícola com muitas variedades, de talos carnudos, podendo atingir até 90 centímetros de altura, e plantava-se em todos os quintais do Alto Minho na minha infância.
E então, olhando para aquilo que o Dr. Pinto Coelho tem dito, porque desperta ele tantos ódios e até nas páginas do jornal Expresso? Porque chegou com ar novo a idoso? A Inveja? Porque sabe imenso de dietas? Os Ignorantes?
A verdade é um cubo de que não conhecemos todas as faces, e portanto fiquei sempre surpreso das razões de tantos se empertigarem contra a informação que Pinto Coelho defende e aborda.
Não se preocupam com as dietas falhadas que persistem em hospitais, a quantidade de hidratos de carbono que são fornecidos a doentes, a fraca presença de couve portuguesa no Serviço Nacional de Saúde, a falta de apoio à produção, venda e investigação, de um produto que carrega a nossa identidade.
Não se preocupam com a insanidade dos hidratos de carbono que proliferam na alimentação dos portugueses, não fazem cartas nem recomendações contra a comida de plástico, a porcaria que se converteu em negócio dos cinemas.
As salas de espera cheias, a simpatia e o sucesso de Pinto Coelho incomoda e intoxica alguns, e sobretudo move esse tratado da inépcia e da falta de coerência em que se tem convertido a Ordem dos Médicos.
Diogo Cabrita é médico
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