PLANANDO NA TERRA REDONDA

A caminho do Árctico: dia 5, Longyearbyen e (inesperadamente) Tromsø

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Penúltimo dia desta viagem em que realizei o sonho de visitar o Árctico. O dia contou com uma surpresa: conhecer Tromsø.


Últimas horas em Longyearbyen. A cidade principal de Svalbard tem cerca de 2.000 habitantes, quase todos os habitantes das ilhas. É a sede do Governador das Ilhas Svalbard, sendo assim sede administrativa de todo o arquipélago.

Ali encontramos os serviços necessários como, aeroporto internacional, hospital, escola e universidade, assim como várias ofertas de alojamento, desde hotéis, Guest Houses e até campismo. Há algumas lojas, restaurantes e três museus. Uma capital, sem dúvida nenhuma!

Depois de um retemperante pequeno-almoço, de preparar a mochila e fazer o check-out, segui o conselho do Jérémie e levei tudo comigo na descida de bicicleta. Fui pousando a minha bagagem nos cacifos dos museus e assim, na hora de entregar a bicicleta, evitava a subida de 40 metros até à Guest House 102, o último edifício, mesmo junto à base da montanha.

Na descida, e mesmo sendo manhã, consegue-se apreciar o silêncio, ouvindo apenas o vento com a aceleração da descida. Passei no Husset, o restaurante e Adega mais setentrional do mundo. A lendária adega criada nos anos 90, tem mais de 15.000 garrafas, uma das mais bem abastecidas da Europa.

Antigamente, era o ponto de encontro de todas as pessoas, desde o Governador aos mineiros e suas famílias. Um lugar de todos e para todos. Hoje, é um dos restaurantes mais sofisticados de Svalbard.

Continuando a descida, a igreja, um dos edifícios icónicos da cidade, estava em obras pelo que não ficou grande fotografia.

Chegada ao fim da rua, para a esquerda é o caminho para o aeroporto, que passa pelo porto, de onde saem os barcos e é também o caminho para o Cofre Global de Sementes. Mas virei à direita: a minha paragem era o Museu da Expedição ao Pólo Norte.

O Museu mostra-nos as histórias das várias expedições ao Pólo Norte, especialmente com dirigíveis, mas também com skis, trenós puxados por cães e barcos. O edifício tem dois andares e tem expostos documentos antigos, jornais, fotografias, filmes originais de expedições, artefactos históricos, cartas e até o barco que seguia no primeiro dirigível, caso caíssem e precisassem sair por água.

A exposição demonstra o esforço dos exploradores para alcançar o Pólo Norte e os misteriosos horizontes congelados, movidos pela curiosidade, ambições pessoais e pesquisa científica.

Terminando a visita, que me fez sonhar com uma expedição ao Pólo Norte, continuei na minha bicicleta para o Museu de Svalbard.

O Museu Árctico da Noruega, mais a Norte, recebeu o Prémio de Museu do Conselho da Europa, em 2008, competindo com 59 museus em toda a Europa. Está muito bem conseguido. Apresenta-nos fragmentos de 400 anos de Svalbard, descrevendo factores que ajudam a sustentar a vida e as atividades que acontecem neste lugar remoto, e revelando a estreita relação entre o mar, a terra, a natureza e a história cultural.

Terminando estas duas visitas, devolvi a bicicleta ao posto de turismo. Ainda faltavam 3h30 para o meu voo então decidi fazer o caminho a pé, em vez de esperar pelo autocarro. Uma caminhada de 1h15 minutos que me apeteceu, pois passaria o resto do dia entre aviões até chegar a Helsínquia, onde passaria esta última noite.

O voo atrasou e cheguei a Tromsø atrasada para o voo que me levaria a Oslo e depois a Helsínquia. Não consegui nenhuma ligação que me permitisse chegar a Oslo, a tempo do último voo para Helsínquia. A melhor opção era ficar em Tromsø e, na manhã seguinte, apanhar um voo direto para Helsínquia. Assim foi. Marquei um hotel central em Tromsø e fui aproveitar os imprevistos da vida e passear pela capital das luzes do Norte.

Chegada ao hotel, pedi um mapa com os principais pontos de interesse da cidade e comecei a visita. A minha primeira paragem era a Biblioteca de Tromsø, num edifício moderno com uma sala de conferências e uma cafetaria muito simpática. Entrei e visitei a Biblioteca. Aprecio muito especialmente ver a organização, sentir o cheiro único dos livros. Tomei um chocolate quente na cafetaria onde uma música de fundo relaxante, conseguia-se ouvir.

Segui para o porto da cidade, passando pelas ruas comerciais principais, com lojas com muito bom gosto. As ruas são sinuosas. A cidade lembra-me, por um lado, Bergen e, por outro, São Francisco. Uma boa mistura. No porto, estão alguns restaurantes e outro museu do Pólo Norte. Uma mistura do melhor dos dois mundos: as casas antigas nórdicas que são lindas, e a bonita e moderna arquitetura norueguesa.

Tromsø é conhecida por ser a porta para o Árctico. As ligações passam todas por ali, seja de barco ou avião. Mas a cidade está deserta. Já estamos em Setembro, poucas pessoas estão de férias e, por outro lado, ainda faltam cerca de dois meses para a atração rainha de Tromsø: as auroras boreais.

A caminho do hotel, fiz uma paragem para jantar no Bistrô Bardus. O menu tem influência dos ingredientes e história culinária do norte da Europa. As renas, alces, caranguejos, peixes frescos e baleias fazem parte dos originais ingredientes que encontramos nos pratos deste bistrô, que recomendo.

Foi um dia diferente do esperado, mas que acabou por ser bem aproveitado e incluiu Tromsø no roteiro da minha viagem.

Por vezes, as viagens são assim: inesperadas, mas também no inesperado, na maior parte das vezes, surgem oportunidades. Só as temos de agarrar e ver o lado positivo. Amanhã, estarei em Helsínquia!

Raquel Rodrigues é gestora, viajante e criadora da página R.R. Around the World no Facebook e no Instagram.

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