PELOTA EM PELOTA

Dia de surpresas e utopias

black net

por Tiago Franco // Novembro 30, 2022


Categoria: Opinião

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Pedro Henriques nunca me encheu as medidas quando fazia o corredor direito do Benfica; mas também não desiludiu. Era como um prato de bacalhau à brás: mastiga-se, embora todos saibamos que à lagareiro é que é.

Já como comentador está como peixe na água. Ouvi-lo é como ver a bola no café com os amigos. Aprecio particularmente o termo “guardanapo” para descrever uma pancada mais forte. Gosto. É o oposto do Luis Freitas Lobo, que me faz sofrer com as analogias do bailado e da poesia.

man playing soccer game on field

Como dizia o Paulo Bento, bola-pé, andebol-mão. Não estragues a simplicidade da coisa, Freitas.

Nisto esperei por surpresas. O meu filho só queria que o dia acabasse com a derrota da Argentina. Ele é #teamAveiro desde que começou a falar. Confesso que era um cenário que me agradava. Qualquer adversário mais forte que vá para casa, por mim está óptimo. Sonho com uma final de um mundial entre Portugal e as Fiji.

Era difícil de ver o desejo do miúdo cumprido. Desde logo porque o roteiro deste Mundial é Ronaldo vs. Messi; e os restantes 798 jogadores estão lá como figurantes. Depois, porque a Polónia joga pouco mais que o Qatar. Com a agravante de o selecionador deixar, repetidamente, o segundo melhor jogador (Milik) no banco.

A dada altura dos jogos, simultâneos, da Argentina contra a Polónia e a Arábia Saudita contra o México, o desempate para o segundo lugar já ia no número de cartões amarelos, com vantagem para os polacos.

O dia acabou por ser feito de surpresas, primeiro com a passagem aos oitavos da Austrália, quando se esperava que a Dinamarca fosse a dona do segundo lugar, e depois com a Polónia a ultrapassar o México na diferença de golos, graças ao golo saudita marcado nos descontos. 

timelapse photo of soccer player kicking ball

Sorte para a França e para a Argentina que, nos oitavos de final, medirão forças, respectivamente, com Polónia e Austrália. Podem, portanto, começar a engomar o fato de treino para os quartos de final.

Se a Alemanha não se qualificar (Fernando Santos tem uma reza nova), Portugal pode ter um caminho suave até às meias finais. Se aí chegarmos, devemos apanhar a França. 

Já a Argentina terá um caminho tranquilo até  às meias, com Austrália e Holanda no caminho.

Com alguma fortuna, o guião de Hollywood pode mesmo acontecer: Messi e Ronaldo, frente a frente. Nem que seja pela medalha de bronze. 

Há que sonhar. 

Tiago Franco é engenheiro de desenvolvimento na EcarX (Suécia)


N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

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