Na minha infância, passada nos Açores, ouvi muitas vezes a expressão “tirada com um pauzinho do cu” para descrever ideias de merda.
[N.D. O autor decidiu ser mais papista do que o papa, censurando um idiotismo com asteriscos em duas palavras, que o editor “descensurou”; cu e merda são palavras que constam do léxico português, e aqui fazem todo o sentido serem expostas, mesmo se remetendo para aspectos da escatologia]
A FIFA que, imagino, deve ver os jogos do Mundial, chatíssimos, com blocos ultra-defensivos e ataque nos últimos minutos, está a estudar atribuir 2 pontos aos empates e decidir a coisa por penalties, ao fim dos 90 minutos. Também vão alargar o Mundial e trazer as ilhas Fiji, o Toga, os Barbados, o Laos, a Namíbia e mais uma série de potência, para que a competição se arraste quase dois meses com a emoção de um Moreirense vs. Penafiel numa noite chuvosa em terreno empapado. É aqui que entra o pauzinho.
A Polónia entrou no jogo com a França a mostrar-nos que sabia mais do que aquilo que tinha jogado na fase de grupos. Quiçá se tivessem mostrado esta coragem, fosse hoje a Argentina a estar eliminada. A Polónia atacou, por momentos encostou a França, e falhou as oportunidades. Uma, duas, três vezes. Giroud teve uma oportunidade e não falhou. Eficácia e cinismo francês e a prova da máquina em que se tornaram. Mbappé esteve intratável e nem de mota, como Milik tinha sugerido, a Polónia o conseguiu parar. Pergunto-me quem o conseguirá parar? A ele e a esta França.
Há festa em Paris com uma qualificação perfeitamente merecida e natural dos super-favoritos franceses. Marine Le Pen está a pensar como é que vai fazer um tweet a falar bem de tantos emigrantes africanos.
No segundo jogo do dia, a história repetiu-se. Os menos cotados, neste caso o Senegal, atacaram e estiveram por cima do jogo, desperdiçando algumas oportunidades. A Inglaterra aproveitou os espaços e, contra a corrente do jogo, marcou num rápido contra-ataque, repetindo a dose pouco antes do intervalo. O segundo golo inglês é um compêndio na arte de contra-atacar.
Compêndio: bolas, já estou armado em Luís Freitas Lobo…
As nossas esperanças residem agora na armada do Rei Carlos. Ou param eles os franceses ou não há santa que nos valha.
Puxem todos da santinha e façam a vossa parte.
Tiago Franco é engenheiro de desenvolvimento na EcarX (Suécia)
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.