Ao décimo quinto dia do Mundial, finalmente, uma extraordinária exibição da selecção portuguesa. Fernando Santos mexeu na equipa, mostrou coragem e ganhou em toda a linha.
O talento dos jogadores portugueses soltou-se e jogaram como se estivessem na rua, sem constrangimentos tácticos e calculismos desnecessários quando se tem um grupo com tanta qualidade.
A Suíça ainda ameaçou nos primeiros 15 minutos, mas a partir daí só deu Portugal, como sói dizer-se. As trocas rápidas e o futebol envolvente amassaram a equipa helvética.
Gonçalo Ramos, Félix, Otávio e William foram sublimes. Pepe esteve imperial. Dalot não tremeu e Guerreiro apareceu nos espaços abertos por Félix, de cada vez que este baixava para receber a bola.
Félix jogou e fez jogar. Esteve solto, sem medo de ter a bola e sem obrigação de a passar sempre para o mesmo sítio. Simeone, o seu treinador no Atlético de Madrid, deve ter aprendido algo esta noite.
Numa noite absolutamente perfeita, Rafael Leão saiu do banco aos 85 minutos ainda a tempo de marcar o melhor golo da partida. Que alegria, que irreverência, que futebol de sem regras que Portugal jogou esta noite. E que qualidade tem uma equipa para se dar ao luxo de ir ao banco, a poucos minutos do fim, buscar o melhor jogador do campeonato italiano.
No dia em que, por fim, Portugal disse aos adversários que também está no Qatar, a Espanha foi para casa, depois de falhar três penalties frente a uma aguerrida selecção de Marrocos. Para quem viu esse jogo, ficou a sensação que com um ponta de lança de primeira água (que Cheddira obviamente não é), nem aos penalties a Espanha teria chegado, tal foi a quantidade de oportunidades desperdiçadas.
Depois de um playoff para aqui chegar e uma fase de grupos sem exibições de encher o olho, Portugal está a um jogo com Marrocos da meia-final do Mundial.
E, desta vez, também por “culpa” de Fernando Santos.
Tiago Franco é engenheiro de desenvolvimento na EcarX (Suécia)
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