PELOTA EM PELOTA

Eis um astro servindo o colectivo

black net

por Tiago Franco // Dezembro 13, 2022


Categoria: Opinião

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Vai tomando forma uma final entre duas das mais regulares equipas do torneio. Uma delas já lá está. A Argentina, que começou mal, e tremeu na fase de grupos, tem vindo a subir de rendimento neste Mundial, chegando, nesta altura, com Messi em altíssimo plano, a fazer jogar toda uma equipa sem excesso de vedetas.

Messi parece estar a fazer tudo para se despedir deste palco com a taça a caminho de Buenos Aires. Corre, dribla, remata, vai no um para um. Sem a velocidade de outros tempos, Messi é, aos 35 anos, o motor da selecção argentina e o factor diferencial que torna um conjunto de bons rapazes numa equipa que foi capaz de chegar à final do Mundial.

No papel existiam pelo menos cinco selecções com plantéis melhores: França, Espanha, Inglaterra, Portugal e Bélgica. No relvado, apenas duas foram constantes nas boas exibições: Inglaterra e França, que acabaram por se encontrar nos quartos-de-final.

A Argentina chega à final sem apanhar nenhum dos candidatos pelo caminho, e não se pode queixar da sorte dos adversários ou da fortuna do jogo; basta ver o segundo golo contra a Croácia, às três tabelas. Ou dos penalties desbloqueadores, que apareceram em metade dos jogos. Contudo, há que dizer que os argentinos têm feito pela vida e, às costas de Messi, jogaram sempre como equipa, a partir do jogo com o México. Têm mérito, por isso, e, na minha opinião, chegam merecidamente à final pela sua eficácia e pragmatismo.

É certamente o desfecho de sonho para aquele que muitos consideram o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Pessoalmente, como adepto da modalidade, fico contente que equipas ultradefensivas, como a Croácia, fiquem pelo caminho. Vamos aos estádios para ver golos e jogadas de ataque, e não para um martírio de passes laterais e controlo de bola.

Mesmo sabendo que defender 90 minutos já valeu a Portugal um título europeu, não gosto quando o anti-jogo vence. É desvirtuar o sentido do jogo.

Em tempos longínquos, quando a nossa selecção jogava ao ataque, também provámos o veneno grego, que devolvemos em 2016, em Paris.

Pode-se até ganhar a jogar como o Portugal de Fernando Santos, a Croácia ou Marrocos fazem, mas estas equipas não fazem grande serviço à modalidade ou aos fãs.

A Argentina foi claramente superior no jogo de hoje contra a Croácia e, por isso, mereceu, sem grande contestação, marcar presença na final. E Messi, provavelmente o ainda melhor jogador do Mundo, prova que um galáctico pode servir os interesses de um conjunto.

Agora, espero que Marrocos regresse para casa, que significa remeter-se para o confronto pelo terceiro lugar, e liberte o palco da final para duas equipas que gostam de jogar futebol.

Tiago Franco é engenheiro de desenvolvimento na EcarX (Suécia)


N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

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