Agência federal pagou 3,4 milhões de dólares por "serviços" ao Twitter que beneficiaram democratas

#TwitterFiles: FBI cria “manto de desinformação” para apagar factos verídicos sobre filho de Joe Biden

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por Maria Afonso Peixoto // Dezembro 20, 2022


Categoria: Imprensa

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Na sétima parte dos “Twitter Files, o escritor Michael Shellenberger revelou a campanha de desinformação levada a cabo pelo FBI e serviços de informação norte-americanos junto das redes sociais, e especialmente do Twitter, e de órgãos de comunicação social para desacreditarem informação verídica sobre o caso do portátil do filho de Joe Biden, actual presidente dos Estados Unidos, que mostrava relações promíscuas com empresas ucranianas. Ficou também a saber-se que os contribuintes norte-americanos pagaram, através do FBI, mais de 3,4 milhões de dólares ao Twitter, em pouco mais de um ano, para alegadamente compensar o tempo gasto por funcionários daquela rede social a responder às suas solicitações.


O Federal Bureau of Investigation (FBI) e serviços de informação norte-americanos actuaram junto do Twitter e outras redes sociais e a imprensa para desacreditarem informação verídica sobre o caso do portátil de Hunter Biden, filho do actual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e então candidato presidencial.

O escritor Michael Shellenberger divulgou ontem os “Twitter Files – Parte 7” onde demonstra como factos verdadeiros sobre os negócios de Hunter Biden na Ucrânia foram intencionalmente desacreditados para proteger a campanha de Biden para as eleições norte-americanas de Novembro de 2020.

Segundo Shellenberger, o FBI pressionou o Twitter para que suprimisse a polémica história sobre o portátil de Hunter Biden, publicada pelo jornal New York Post em Outubro de 2020, que dava conta de negócios suspeitos entre o filho do actual presidente norte-americano e empresários ucranianos.

A agência governamental disse mesmo a executivos da rede social que a descoberta dos conteúdos incriminatórios só poderiam constituir uma operação russa de “hack and leak” [pirataria informática e manipulação dos media]. Repetindo a narrativa da “desinformação russa”, o FBI tentou, e conseguiu, descredibilizar o caso como sendo uma “tentativa de interferência estrangeira” nas eleições presidenciais norte-americanas.

Embora verdadeira, a notícia acabaria por ser censurada por diversas plataformas tecnológicas, incluindo o Twitter, que impediram a sua disseminação.

A campanha de desinformação junto das plataformas de redes sociais e imprensa ocorreu antes e depois da notícia publicada no New York Post.

Recorde-se que, no seguimento de uma intimação, o FBI se encontrava na posse do portátil de Hunter Biden desde Dezembro de 2019, após John Paul Mac Isaac, o dono de uma loja de computadores em Delaware, ter contactado a agência governamental. Sem ter obtido resposta do FBI durante meses, Mac Isaac decidiu, em Agosto de 2020, “dar” a história a Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova Iorque e antigo advogado de Trump, que posteriormente a transmitiu ao New York Post.

Como salienta Shellenberger, muitos dos altos quadros do FBI tinham transitado em 2020 para o Twitter, com destaque para Jim Baker e Dawn Burton – que estiveram envolvidos numa investigação a Trump.

Após o “furo” do New York Post, um dos executivos de topo do Twitter, Yoel Roth, admitiu internamente que a história “não viola claramente a nossa Hacked Materials Policy, nem está em clara violação de nenhum outro [termo]”, mas ressalvou, contudo, que “se parece bastante com uma subtil operação de fuga [de informação]”.

Os documentos agora revelados mostram que Jim Baker respondeu questionando a autenticidade dos materiais encontrados sobre Hunter Biden, insistindo que teriam sido “hackeados” ou “fabricados”. Shellenberger considera, no entanto, “inverosímil” que Baker acreditasse realmente que os conteúdos fossem “falsos”, já que o FBI detinha o polémico portátil e um recibo assinado por Hunter Biden a comprovar que o aparelho era, de facto, seu.

A procura por provas de uma eventual “interferência estrangeira” era então persistente: o FBI chegou a solicitar que o Twitter providenciasse informações que nem estava legalmente possibilitado de facultar, obrigando os executivos da rede social a colocar um “travão” aos pedidos da agência governamental. Na verdade, as agências de inteligência norte-americanas queriam mesmo que a rede social alterasse as suas políticas de forma a permitir a pretendida partilha de dados.

Curiosamente, as preocupações do FBI sobre novas tentativas de “interferência estrangeira” pareciam infundadas. De facto, quando questionados pela agência – algo que aconteceu com frequência –, sobre a existência de actividade russa suspeita na rede social, os executivos do Twitter disseram ter identificado “muito pouca”.

Este “processamento de solicitações do FBI” compensou financeiramente o Twitter, que conseguiu arrecadar mais de 3,4 milhões dólares em cerca de um ano. Num e-mail endereçado a Jim Baker em Fevereiro de 2021, um funcionário da rede social congratulou-se pelo montante auferido desde Outubro de 2019, acrescentando que seria canalizado para diversos projectos, alguns de carácter legal.

A rede social agora liderada por Elon Musk não foi, porém, a única a enfrentar as tentativas de intromissão do FBI. O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, também chegou a admitir que a agência alertou a sua equipa, argumentando que tinha havido “muita propaganda russa nas eleições de 2016” e que uma revelação similar estaria prestes a suceder.

Estas revelações, feitas ontem à noite, surgiram horas depois de Elon Musk, novo dono do Twitter, ter lançado uma sondagem questionando se deveria deixar a liderança da empresa. Cerca de 57,5% dos internautas, responderam que sim, sendo certo que Musk já anunciara em Novembro passado, pouco tempo após a aquisição do Twitter por 44,4 mil milhões de dólares, que não queria ser CEO (presidente executivo) de nenhuma das suas empresas, o que incluirá a Tesla e a Space X.

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