VISÃO DA GRAÇA

De que falamos quando elogiamos Graça Freitas?

person holding brown and white chocolate bar

por Elisabete Tavares // Dezembro 31, 2022


Categoria: Opinião

minuto/s restantes


Graça Freitas vai reformar-se. É com as mãos na cabeça que assisto aos elogios e agradecimentos ao trabalho que Graça Freitas fez na liderança da Direcção-Geral de Saúde. É com assombro que vejo os retratos angelicais e endeusados que muitos dos media mainstream – transformados hoje em autênticas máquinas de marketing político e corporativo – fazem de Graça Freitas.

O legado daquela que tem sido a directora-geral da Saúde não é só terrível: é trágico, e vai afectar a saúde e os bolsos dos portugueses durante largos e largos anos.

Mas, ficando eu estupefacta com tanta gente que faz vénias a Graça Freitas, também concluo que fica explicado como é possível haver em Portugal casos como o da TAP. E casos como o de Alexandra Reis.

Se, depois de quase três anos de decisões catastróficas para o país, há portugueses gratos a Graça Freitas, o caso da “indemnização de 500 mil euros” está explicado.

Das duas uma: ou o povo que está grato a Graça Freitas vive totalmente alheado da realidade; ou é mesmo sadomasoquista. Sendo uma hipótese ou outra, entende-se que seja fácil haver, neste país, casos de Alexandras Reis em cada gaveta de empresas públicas ou companhias como a TAP – ligada a máquinas e alimentada com o dinheiro de todos nós há anos e anos.

Graça Freitas geriu a pandemia como se tem gerido o país: com muito marketing; manipulação de informação com ajuda dos media; e dinheiro a rodos para muita gente. O rasto de despesa e sofrimento, ficou para o Estado (nós) e para os mais vulneráveis, como sempre.

person lying on bed and another person standing

Passo a explicar. Vejamos os “feitos” daquela que tem sido a directora-geral da Saúde:

  1. Portugal é um dos piores casos de excesso de mortalidade da Europa! Não há explicação, sobretudo porque aumenta também a mortalidade nos mais jovens. Mas há portugueses gratos a Graça Freitas.
  2. Portugal é dos países europeus com mais mortes acumuladas com covid-19 por milhão de habitantes também dos que registam mais casos positivos. Isto, apesar do marketing em torno da elevada taxa de vacinação. Mas há portugueses que agradecem a Graça Freitas.
  3. Os portugueses, incluindo os jornalistas, estão impedidos de aceder a documentos públicos e bases de dados de relevo sobre saúde em Portugal. Reina a opacidade e o esconde-esconde no Ministério da Saúde e na DGS de Graça Freitas (lá saberá porque esconde o que esconde). Mas há portugueses que elogiam Graça Freitas.
  4. A manipulação de dados sobre a covid-19 por parte da DGS foi algo que ocorreu desde o início da pandemia. Contando com a ajuda da imprensa mainstream – a tal máquina de marketing oficial –, apenas foi dada ao público informação tosca e ao gosto do que interessava à DGS, não aos portugueses. Mas há portugueses gratos a Graça Freitas.
  5. A DGS cometeu ilegalidades, e Graça Freitas assinou documentos ilegais, com medidas sem fundamentação nem na Lei nem na Ciência (quarentenas, fecho de supermercados concentrando todos no mesmo local e à mesma hora, etc., etc., etc.). Mas portugueses agradecem a Graça Freitas.
  6. A DGS liderou campanhas de desinformação e arranjou até influencers para lhe fazer o trabalho de marketing local. Mas portugueses elogiam Graça Freitas.
  7. Graça Freitas e a DGS promoveram e compraram com o nosso dinheiro um medicamento que vale zero para a covid-19: o Remdesivir. Mas portugueses admiram Graça Freitas.
  8. Graça Freitas alberga na DGS peritos como Filipe Froes, um contratado por farmacêuticas com milhares de euros mensais de vencimento “extra”. Mas portugueses louvam Graça Freitas.
  9. Graça Freitas promoveu a vacinação para crianças e jovens, quando pediatras e outros especialistas alertavam para os elevados riscos e as dúvidas sobre se as novas vacinas seriam seguras e eficazes para os mais novos. Graça Freitas fê-lo, sabendo o que estava a fazer, e sabendo que as crianças e jovens estão fora do grupo de risco da covid-19. Agora, começa a ver-se um rasto de miocardites e outros efeitos adversos nos mais jovens. A procissão vai no adro. Mas portugueses adoram Graça Freitas.
  10. Graça Freitas ajudou a desacreditar médicos e peritos, ao fechar os olhos em processos da Ordem dos Médicos e a muitas outras situações inaceitáveis, quando questionaram as medidas sem precedentes e erradas que foram implementadas em Portugal. Mas portugueses fazem vénias a Graça Freitas.
girl covering her face with both hands

Em resumo, Graça Freitas abriu uma Caixa de Pandora em várias frentes.

Pôs em causa a saúde de crianças e jovens.

Contribuiu para destruir a Ciência – que é distinta da religião dogmática que Graça Freitas promoveu.

Deixa um rasto de mortalidade covid e não-covid em Portugal – sem explicação ainda.

E abriu as portas para a implementação definitiva de um estado policial em Portugal e uma tirania sanitária e segregacionista, sem base científica e sem qualquer eficácia em termos de Saúde Pública, sobretudo se avançarem as alterações à Constituição a que se juntará o ameaçador e terrível Tratado Internacional sobre Pandemias.

E alguns portugueses dizem: “mas ela não tinha alternativa”; “foi o melhor que soube fazer”, etc., etc.

Errado! Preferiu a via da cobardia (ou da preguiça) e, em vez de fazer o que fez a autoridade de saúde na Suécia – que, efectivamente, seguiu a Ciência e não o marketing político –, adoptou medidas que destruíram a economia portuguesa (devido aos confinamentos e fecho de actividades) e que afectaram a saúde dos portugueses numa dimensão gravíssima, e ainda não totalmente conhecida.

Anders Tegnell, reputado epidemiologista sueco, liderou a resposta da Suécia à pandemia de covid-19 com um grande sucesso. O país, ao contrário de outros, como Portugal, regista um excesso de mortalidade residual. A Suécia recusou aplicar, em geral, confinamentos e o uso generalizado de máscara facial.

Mas o que é que isto tem a ver com a TAP e Alexandra Reis?

Tem tudo a ver.

Um povo que fica grato a uma directora-geral da Saúde que deixa um rasto de destruição e catástrofe, como fez Graça Freitas, é um povo que não consegue compreender como tem sido gerida grande parte do país, nomeadamente na esfera pública. Ou não percebe e ignora a realidade, ou gosta de sofrer e de ter carrascos.

Seja como for, espero apenas que sejam muitos os portugueses que compreendam bem que o que Graça Freitas fez nos últimos quase três anos não é para elogiar, e muito menos para se estar grato. Só se for por estar de saída.

red and white no smoking sign

O que Graça Freitas fez foi algo de tão terrível e tirânico que desejo que nunca mais se repita. Há quem possa considerar que foi mesmo um crime, sobretudo na recomendação de vacinas com riscos a crianças e jovens saudáveis que não precisavam delas, perante os alertas de pediatras e estudos.

Penso que, mesmo com toda a informação que a DGS, o Governo e o Infarmed estão a esconder sobre o que se passa com a saúde dos portugueses (e a mortalidade em excesso), Graça Freitas não poderá dormir descansada. Não haverá marketing e media mainstream suficientes para agora parar a informação real e verdadeira que, mais tarde ou mais cedo, irá surgir.

Mas o pior será para os que sofrem e para os que sofreram devido a Graça Freitas. E pior para os que ainda irão sofrer. Mas enquanto a máquina de marketing funcionar, haverá gratidão. Haverá TAPs e Alexandras Reis. E todos dormirão descansados. Porque o povo – eles sabem – o povo é grato. Sempre muito grato.

O jornalismo independente DEPENDE dos leitores

Gostou do artigo? 

Leia mais artigos em baixo.