Estátua da Liberdade

2023: trilhando as veredas de um desastre económico e financeiro

Statue of Liberty in New York City under blue and white skies

por Luís Gomes // Janeiro 1, 2023


Categoria: Opinião

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O Banco Central Europeu (BCE), liderado pela inefável e cadastrada Christine Lagarde, voltou a subir a taxa directora; desta vez, em 50 pontos base. De imediato, as taxas de juro Euribor, os principais indexantes dos empréstimos à habitação na Zona Euro, subiram para máximos de 14 anos.

Vamos já ao que interessa: a Euribor a 12 meses encontra-se em máximo de 14 anos, cotando acima dos 3%. Esta subida teve lugar a partir do início de 2022, quando se tornou evidente que o agravamento da taxa de inflação não era transitória e vinha para ficar.

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Qual será o impacto desta recente subida para a maioria das famílias portuguesas, em particular aquelas com um crédito à habitação indexado a uma taxa variável, como é o caso da Euribor a 12 meses?

A situação afigura-se dramática. Analisemos o impacto da recente subida (+3,1%) e comparemos com os valores no final de 2021 (-0,5%), usando o exemplo de um crédito à habitação de 150 mil euros, indexado à Euribor a 12 meses e com um spread de 1,5%, usando dois cenários: (i) financiamento a 30 anos; e (ii) a 40 anos.

No caso do cenário de financiamento a 30 anos, o acréscimo da prestação é de 283 euros, resultando numa subida de 60%, passando de uma renda mensal de 482 euros para 765 euros. O cenário de financiamento a 40 anos apresenta um pior agravamento, dado que a renda mensal sobe 80%, passando de 379 euros para 680 euros!

Evolução da taxa de juro Euribor a 12 meses (%) entre Janeiro de 2020 e Dezembro de 2022. Fonte: Euribor. Análise do autor.

A pergunta que se coloca é a seguinte: será que tudo isto foi deliberado? Será que tudo assenta num plano para destruir a população, tornando-a insolvente, dependente do Estado e em risco de perder a sua propriedade mais preciosa: a sua casa?

Para se controlar uma população, importa eliminar as pessoas com um rendimento independente. Quem é mais independente: o dono de um café que depende apenas dos seus clientes ou um funcionário público que depende do Estado? É óbvio que o segundo, dado que este depende de uma entidade terceira, em lugar de procurar a satisfação das necessidades dos seus clientes.

Por essa razão, os regimes comunistas são particularmente difíceis de derrubar, precisamente por não existirem pessoas com rendimento independente: todos se encontram na folha salarial do Estado, atendendo que este detém todos os meios de produção. É sempre difícil revoltar-me contra aquele que me põe a comida no prato!

Fonte: Euribor. Análise do autor.

Aparentemente, parece ser esse o propósito do escol das sociedades ocidentais: tornar a população dependente, obnóxia e subserviente ao Estado.

Para esse fim, é necessário destruir todos os pequenos negócios; precisamente o que foi feito durante a suposta pandemia durante os dois últimos anos e meio: encerrá-los, endividá-los e desesperá-los, por forma a que se alistem nas filas de esmolas estatais.

Já repararam que o actual Governo não reduz impostos, permitindo que as pessoas fiquem com mais dinheiro no seu bolso; em seu lugar, temos a caridade, proveniente da cobrança coerciva de impostos. Primeiro pagas; se te portares bem, talvez recebas uma esmola!

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Mas isto não era suficiente, era necessário mais. Muitas franjas das sociedades ocidentais ainda possuem um grande apreço ao livre mercado, ao empreendedorismo e à liberdade. Era necessário criar uma inflação massiva, visando confiscar vasta quantidade de recursos dos cidadãos a favor do Estado. Desta forma, este poderia passar a distribuir sinecuras e benefícios à sua clientela partidária e, medida suprema e emblemática, criar o rendimento mínimo universal.

Em 2020, à boleia da fraude pandémica, anunciando-se a salvação da população de uma recessão iminente, colocaram-se as rotativas do BCE a funcionar a toda a velocidade; até existiram uns apaniguados do regime a pedir tal acção aos quatro-ventos: “Hora de ligar as rotativas do BCE sem limites”.

Eles pediram, a Sra. Lagarde deu-lhes: imprimindo 3,8 biliões de euros (12 zeros), cerca de 19 vezes o Produto Interno Bruto português, entre o início de 2020 e o final de 2022, tal como podemos observar na próxima imagem.

Evolução do balanço do Banco Central Europeu (BCE) entre Janeiro de 2008 e Novembro de 2011 (Unidade: biliões €). Fonte: St. Louis Fed. Análise do autor.

Esta loucura monetária teve obviamente consequências nefastas, com a maioria das matérias-primas a registar expressivas subidas de preços a partir do início destes “estímulos monetários”, com destaque para as energéticas, como o Petróleo e o Gás Natural que subiram 283% e 272% respectivamente, entre Março de 2020 e Dezembro de 2022.

Para melhor ilustrar, no final de Março de 2020, um barril de petróleo custava 19 euros; agora, custa mais de 71 euros, uma subida de 283%!

Não bastava criar mais massa monetária à “procura da mesma quantidade de bens e serviços”, era necessário também destruir a oferta; como? Aplicando sanções económicas ao maior exportador de matérias-primas do mundo: a Rússia.

Como justificá-las? A Rússia tinha invadido um país soberano, obviamente condenável; no entanto, estranha-se que não tenha ocorrido o mesmo aos perpetradores de invasões e bombardeamentos ao Camboja, ao Vietname, a Granada, ao Iraque, ao Afeganistão, à Sérvia, à Líbia, à Síria – a lista é infindável.

Variação (%) das principais Matérias-Primas entre 31 de Março de 2020 e 19 de Dezembro de 2022. Fonte: Yahoo Finance. Análise do autor.

Além disso, os mesmos que agora lançam sanções económicas apoiaram um golpe de estado em 2014 na Ucrânia, depondo um líder democraticamente eleito e colocando em seu lugar um regime que bombardeou desde então a população de cultura russa e que ameaçou aderir à Nato, visando aceitar bases de mísseis apontados a Moscovo. Alguém imaginava tal situação no Canadá, México ou Cuba; alguém se recorda da crise dos mísseis em 1962? Os Estados Unidos alguma vez aceitaram tal ameaça ao seu território?

Mas não foi só um choque de procura e oferta a provocar a subida inexorável do preço da energia com base em combustíveis fósseis, foi também o omnipresente culto das “alterações climáticas”, da diabolização do gás da vida: o dióxido de carbono (CO2). Apesar de ser invisível e inodoro, associam-no ao fumo dos escapes e chaminés das fábricas!

Neste ambiente esquizofrénico, todos os novos projectos de extracção de gás e petróleo e gás são cancelados e gasodutos são destruídos, tudo em nome do “combate às alterações climáticas”.

Segundo os sacerdotes do culto das “alterações climáticas”, necessitamos de substituir os carros de combustão por eléctricos, apesar de estes serem um enorme desastre ambiental – extracção de metais pesados para a sua construção altamente poluentes, armazenamento de baterias em fim de vida poluentes, montanhas despojadas de árvores para a extracção do lítio – e humano – trabalho infantil em África para extrair cobalto.

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Também necessitamos de aumentar a produção de energias renováveis a todo o custo, em particular a eólica e a solar, onde a China é precisamente o maior produtor de equipamentos, apesar de também ser o maior poluente. A incongruência de tudo isto não tem fim!

Para além do cataclismo económico das populações ocidentais, começa-se agora a implementar mecanismos de controlo da população inimagináveis há décadas. Para isso, importa seguir o tudo de ensaio de tudo isto, a China, reforçando-a economicamente e tratando-a como o modelo a seguir – ver as declarações de Klaus Schwab, líder do Fórum Económico Mundial a este respeito.

Estes mecanismos de controlo passam por conhecer todos os aspectos da vida em sociedade de cada ser humano: quem são, onde estão, o que pensam, onde gastam, quanto gastam, por onde se deslocam, que quantidade de impostos é possível extrair; estas e outras perguntas ocorrem permanentemente na mente destes tiranos.

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Tentativas de controlo não são novidade: os censores romanos, sempre que uma nova província era conquistada pelo Império, serviam para realizar um levantamento dos dados da população ocupada, por forma a conhecer a sua localização, identidade e capacidade fiscal; apenas não dispunham das actuais ferramentas tecnológicas, mas o propósito era o mesmo.

Os passaportes de vacinas, os códigos QR, a inteligência artificial, visando identificar em tempo real cada cidadão nas suas deambulações por uma cidade, as moedas digitais dos bancos centrais, os sistemas de créditos sociais, onde cada cidadão recebe pontos de acordo com o “seu comportamento”, os carros eléctricos dependentes de um computador e condução autónoma, podendo-se remotamente impedir a pessoa de se deslocar, são tudo ferramentas há muito testadas na China e que já foram aplicadas parcialmente durante a putativa pandemia.

Para além destas ferramentas, também se recorre à propaganda – a imprensa mainstream não é mais que propaganda e manipulação -, à censura – os “Twitter Files” tornaram evidente que os lápis azuis estão em toda a parte – e, em particular, ao cancelamento dos dissidentes, usando essa infame expressão: negacionista!

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Temos agora os negacionistas climáticos, os negacionistas de eleições – alguém acredita que o Biden foi eleito com o maior número de votos na história das eleições norte-americanas?! -, negacionistas da covid-19, negacionistas do 11 de Setembro, negacionistas da “Ciência e das vacinas”, negacionistas da “bondade da guerra na Ucrânia”, um sem fim de negacionistas, que, enfim, limitam-se a questionar a narrativa oficial e a colocar questões, recebendo em troca toda a espécie de insultos: conspiracionista, chalupa e negacionista!

Os direitos constitucionais das populações também estão a ser obliterados ou não respeitados; se a constituição de um dado país não permite a implementação da ditadura, mude-se a mesma, nem que seja de forma ilegal.

Por outro lado, assistimos à destruição do Estado-Nação e à transferência de soberania para instituições transnacionais como a União Europeia – que publica legislação ao quilograma e destrói os pequenos negócios -, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização das Nações Unidas e a Organização Mundial da Saúde – aquela organização que irá emitir os passaportes vacinais para podermos circular pelo mundo.

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A despersonalização da população é outro objectivo, tal como se faziam aos escravos nas praias de Angola antes do embarque para as Américas: separar as famílias, eliminando todos os laços familiares e raízes do indivíduo, por forma a torná-lo descrente, resignado e submisso. É precisamente o desiderato dos inúmeros géneros recém-criados – diria inventados – , retirar ao indivíduo todas as suas raízes e integrá-lo num novo grupo.

Por fim, o doutrinamento das crianças através da escola pública, tornando-as propriedade do Estado e fazendo-as crer que o Estado é uma entidade magnânima, de bem, a quem se deve obedecer e pagar impostos sem questionar.

Está na hora de nos levantarmos, caso contrário, estamos a caminho de uma tirania nazi, desta vez ditada por um grupo de globalistas sem rosto. 

Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


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