Hillary Clinton teve um papel na pressão exercida sobre a rede social

#TwitterFiles: Ameaças do Partido Democrata levaram Twitter a aceitar trabalhar com serviços de informação (e vêm aí os #FauciFiles)

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por Maria Afonso Peixoto // Janeiro 4, 2023


Categoria: Imprensa

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Perante ameaças de membros do Partido Democrata norte-americano, o Twitter acabou por ser levado a aceitar trabalhar com agências de informação e segurança, como o FBI e a CIA, para censurar conteúdos na rede social. Democratas exigiram ao Twitter que encontrasse “provas” de que havia uma alegada tentativa de interferência russa no processo eleitoral nos Estados Unidos. Quando o Twitter apenas detectou algumas contas suspeitas, surgiram ameaças por parte dos Democratas. Com a ajuda de notícias colocadas em alguns media mainstream, o Partido Democrata levou o Twitter a ter de aceitar o envolvimento de serviços de informação norte-americanos na moderação de conteúdos na rede social. Como se sabe hoje, o Twitter acabou por interferir nas eleições presidenciais nos Estados Unidos de 2020, censurando o então presidente norte-americano, Donald Trump, e outros conservadores, e protegendo Joe Biden e o Partido Democrata. Entretanto, ainda esta semana deverão ser revelados os muito aguardados “Fauci Files”, sobre a censura de informação verdadeira relacionada com a pandemia de covid-19.


As últimas revelações dos chamados “Twitter Files”, divulgadas ontem à noite pelo jornalista independente Matt Taibbi, mostram como a plataforma tecnológica foi levada a ter de permitir que serviços de informação e segurança participassem na moderação de conteúdos na rede social, sob um manto de ameaças e pressão por parte do Partido Democrata, com a ajuda de alguns media mainstream.

Tudo começou com o facto de Democratas exigirem, a todo o custo, que o Twitter apresentasse “provas” de haver uma alegada tentativa de influência russa no processo eleitoral nos Estados Unidos.

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Em 2017, quando o Congresso investigava o Facebook, os funcionários do Twitter estavam seguros de que a actividade russa potencialmente ‘maligna’ na plataforma era negligenciável, já que, após as suas pesquisas, apenas cerca de 25 contas tinham merecido suspensão. 

“O Twitter não é o foco do inquérito sobre a interferência russa nas eleições, neste momento – o foco está no Facebook”, escreveu Colin Crowell, vice-presidente do departamento de Políticas Públicas do Twitter, em Setembro de 2017.

Na altura, o Facebook, a rede social liderada por Mark Zuckerberg, estava na ‘berlinda’ por se acreditar ter sido alegadamente utilizada para disseminar eventual propaganda russa, tendo em Agosto desse ano suspendido 300 contas por suspeitas de “origem russa”.

Naquele mês, o Twitter viria a informar o senado norte-americano que suspendera 22 “possíveis contas russas” e 179 outras potencialmente conectadas, num segmento de cerca de 2700 contas suspeitas que foram “manualmente examinadas”.

Mas um senador do Partido Democrata e membro do Comité de Inteligência do Senado, Mark Warner, não ficou satisfeito com o que a gigante tecnológica relatara e qualificou, numa conferência de imprensa, as informações como “francamente inadequadas a todos os níveis”.

Após ter reunido com líderes do Congresso, Crowell declarou, em comunicações internas, que Mark Warner tinha “incentivo político para manter este assunto no topo das notícias, continuar a pressionar-nos e à indústria para produzirmos material para eles, e gerar interesse para a audiência planeada para dia 1 de Novembro”.

Hillary Clinton foi derrotada nas eleições presidenciais que deram a vitória ao Republicano Donald Trump, em 2016.

Taibbi salientou ainda que os Democratas estavam a “receber ordens” de Hillary Clinton, que tinha alegado que a rede social estava a ser usada como “ferramenta para uma ciber-guerra”.

Para atender às exigências governamentais por provas da alegada interferência russa, explicou Taibbi, o Twitter criou uma “Russia Task Force”, que inicialmente servia-se de “dados partilhados pelos colegas do Facebook, centrados em contas supostamente ligadas à Internet Research Agency (IRA) da Rússia”.

Mas as evidências de interferência russa continuavam a ser poucas. Numa mensagem que data de 23 de Outubro, um funcionário escrevia que, em 2500 contas “analisadas manualmente”, apenas 32 pareciam suspeitas e só 17 tinham conexões com a Rússia. No entanto, apenas duas tinham tido “gastos significativos” [com conteúdos pagos], e uma delas era o canal de televisão estatal Russia Today (RT).

Como consequência, seguiram-se, nos meios de comunicação norte-americanos, artigos em que se insinuava uma conivência do Twitter com a alegada campanha de desinformação russa. No conhecido jornal Politico, por exemplo, um título afirmava que o “Twitter apagou dados potencialmente cruciais para a investigação à Rússia”.

Paralelamente, o Congresso preparava-se para criar uma nova lei que ‘apertasse o cerco’ às redes sociais no que respeitava a anúncios publicitários de cariz político, exigindo às plataformas tecnológicas uma “maior divulgação” sobre estas matérias.

Mark Taibbi apontou que o Twitter se mostrou disposto a colaborar com o Senado e “comprometeu-se a trabalhar com eles (membros do Senado) no seu desejo de legislar”. A legislação, intitulada Honest Ads Act, que teria como objectivo “proteger a integridade” das eleições norte-americanas, seria apresentada pelos senadores Democratas Amy Klobuchar, Mark Warner e John McCain.

Membros do Partido Democrata, com a ajuda de alguns media mainstream, pressionaram o Twitter para “encontrar” contas “ligadas” à Rússia, no âmbito da sua estratégia política de alegar que russos estavam a querer interferir no processo eleitoral.

Ainda assim, a pressão sobre a plataforma tecnológica então liderada por Jack Dorsey não abrandou. Mesmo quando a rede social se preparava para alterar as suas regras relativas a publicidade, e depois de ter, inclusivamente, concordado em remover as contas da RT e da agência de notícias russa Sputnik, o Congresso divulgou a lista de 2700 contas que o Twitter tinha inicialmente identificado e reportado como sendo “suspeitas” – causando um frenesim mediático e colocando, novamente, o Twitter “debaixo de fogo”.

O Twitter acabou por permitir que agências de informação e segurança norte-americanas viessem a interferir na moderação de conteúdos na rede social, incluindo bloqueando contas e disseminando informação falsa, tendo mesmo contratado para os seus quadros antigos funcionários daquelas agências.

Em consequência, o Twitter começou a censurar contas e conteúdos mais conservadores e a proteger o Partido Democrata, tendo ficado provado que interferiu nas eleições presidenciais que deram a vitória a Joe Biden, ao impedir a divulgação do caso do escândalo envolvendo o portátil de Hunter Biden, filho do actual presidente dos Estados Unidos.

Desde 2020, o Twitter também perseguiu cientistas, peritos e médicos que criticaram a gestão da pandemia de covid-19 e avançaram com soluções baseadas na evidência.

Anthony Fauci, conselheiro-chefe de Joe Biden para a saúde. Elon Musk anunciou que esta semana deverão ser divulgados os “Fauci Files” sobre a censura de informação verdadeira relativa à pandemia de covid-19.

Estas revelações sobre as antigas práticas de censura do Twitter começaram a surgir por iniciativa de Elon Musk, que concluiu a compra da rede social em Outubro de 2022. Musk anunciou que, no final desta semana, deverão ser divulgados documentos internos envolvendo o principal rosto da gestão da pandemia nos Estados Unidos, Anthony Fauci, que copiou medidas sem precedentes implementadas pela China, como confinamentos e uso de máscara facial, sem qualquer base científica.

Fauci também defendeu a censura de informação sobre a covid-19 e a imposição da vacinação geral contra a covid-19, incluindo em crianças e jovens, mesmo perante os alertas sobre os riscos das vacinas serem maiores do que os benefícios nos grupos etários com menos risco de enfrentarem doença grave ou morte devido à covid-19.

[Pode ler aqui toda a cobertura dos “Twitter Files” feita pelo PÁGINA UM.]

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