Título
Treason (2022)
Género
Drama: Thriller de espionagem
País de origem
Reino Unido
Plataforma
Netflix
Criador
Matt Charman
Actores principais
Olga Kurylenko; Oona Chaplin; Ciarán Hinds; Charlie Cox; Tracy Ifeachor; Danila Kozlovsky; Samuel Leakey; Beau Gadsdon; Simon Lenagan; Alex Kingston; Avital Lvova; e Adam James
Nota
4/10
Recensão
Estreou no final de Dezembro, a minissérie Treason, na plataforma Netflix. Criada pela mão de Matt Charman, escritor de êxitos como Bridge of Spies (2016) ou de series menos conhecidas do grande público como o policial Black Work (2015), Treason é uma trama de acção e espionagem contada em cinco episódios.
É uma aposta interna da Netflix, por ser realizada por Louise Hooper e Sarah O'Gorman, que já tinham dirigido as séries The Witcher (2021), The Last Kingdom (2020) e, mais recentemente, The Sandman (2022), produzidas por esta plataforma.
Nos principais papéis conta com um elenco de actores famosos como Charlie Cox – mais conhecido por ser o protagonista de Daredevil, uma outra série da Netflix – e o veterano irlandês Ciarán Hinds, actor com mais de quatro décadas de carreira, em que se destacam as participações no filme The Sum of All Fears (2002) e nas series Game of Thrones (2013-2015). Ainda podemos ver nesta série Oona Chaplin, neta do grande Charlie Chaplin, e a actriz ucraniana Olga Kurylenko.
Treason é uma história de espionagem em torno de Adam Lawrence (Charlie Cox), subchefe do MI6 (serviços secretos britânicos), o chefe máximo Sir Martin Angelis (Ciarán Hinds) – a quem é dada o nome de código C – e a interferência de Kara (Olga Kurylenko), ex-espiã do SVR, serviços secretos russos.
O jogo entre estas personagens faz com que que tomem atitudes e decisões que inexoravelmente as levarão a colidir até ao último momento. Para isso aparecem, ao longo dos episódios, personagens mais secundárias, mas ainda assim indispensáveis, que, por um lado, facilitam, e por outro obrigam a constantes adaptações dos jogadores principais.
As linhas entre os heróis e vilões cruzam-se entrecruzam-se: Adam é perseguido pelo MI6 e CIA, à mistura, Kara ora é antagonista ora é assistente oficiosa de Adam, e Sir Martin parece saber e “C”ontrolar tudo o que se passa.
Como habitualmente em séries deste género, e também como o seu nome indica, o enredo de Treason encontra-se cheio de traições e desconfianças, onde ninguém é o que parece ser. E até aqui tudo bem – até porque o carisma e profissionalismo dos actores consegue, numa primeira fase, disfarçar os lugares-comuns.
No entanto, e devido ao formato que este serviço de streaming resolveu apostar – em que o complô é compactado –, o storytelling e arco das personagens é demasiado rápido. E assim os clichês sobrepõem-se ao elenco, os diálogos são pouco ou mesmo nada originais, e as reviravoltas nada têm de surpreendente. É tudo feito à pressa e, por isso, pouco mais há a acrescentar.
Como exemplo máximo de cliché, e sem querer entrar em spoilers, destaca-se o papel da candidata a primeira-ministra Audrey Gratz (Alex Kingston) que, por ser uma mulher com possibilidade de poder, é lésbica. Um pormenor sem interesse para a história, mas ainda assim um enquadramento evitável.
Em suma, Treason é de degustação tão rápida que, para quem é adepto deste tipo de dramas, poderá levar à regurgitação pela traição de uma série que tinha tudo para ser boa – com um autor de sucesso, realizadoras com créditos firmados e actores famosos com trabalhos anteriores bastante bons.
Aquilo que se salva é mesmo o papel de Ciarán Hinds que, apesar deste tipo de pipoca fácil, consegue a espaços trazer alguma substância e profundidade à mimética entre o guardião da segurança nacional e o mal de todos os males.