EDITORIAL

Sou arguido numa queixa da Ordem dos Médicos e dos doutores Miguel Guimarães, Filipe Froes e Luís Varandas: a minha absolvição será a condenação deles

Editorial

por Pedro Almeida Vieira // Março 9, 2023


Categoria: Opinião

minuto/s restantes


O senhor Miguel Guimarães, o senhor Filipe Froes e o senhor Luís Varandas, não satisfeitos com as negociatas alimentadas pelo pânico que foram fomentando desde 2020 na gestão da pandemia – e com as quais beneficiaram publica e monetariamente – apresentaram uma queixa-crime contra mim. Sou, desde hoje, formalmente arguido do processo 1076/22.5T9LSB, com o competente termo de identidade e residência.

Não é propriamente novidade. Já em 17 de Agosto do ano passado, eu revelara que os ditos clínicos – usando (e abusando) do estatuto e dos dinheiros da Ordem dos Médicos, porque recorreram e vão continuar a recorrer aos advogados desta associação profissional de direito público – tinham interposto esta queixa-crime e enviaram-na como “elemento de defesa” e como estratégia de diversão no decurso de uma intimação que corria no Tribunal Administrativo de Lisboa para eu aceder aos documentos operacionais e contabilísticos da campanha Todos por Quem Cuida. Queriam, com este truque, influenciar a decisão da juíza de um processo administrativo. Esta sentença foi-lhes desfavorável, como se sabe, mas os ditos médicos não desistiram da queixa-crime.

Miguel Guimarães (terceiro a contar da esquerda) e Filipe Froes (quarto) na sede do Ordem dos Médicos, em Julho de 2021, aquando da apresentação do plano de acompanhamento da pandemia com o presidente do Instituto Superior Técnico, Rogério Colaço, e o investigador Henrique Oliveira, autores de relatórios auto-intitulados como “esboço embrionário, que consubstancia uma mera análise para um eventual relatório).

O fito (único) desta queixa-crime, eu sei qual é.

O Doutor Filipe Froes quer ver-se livre do jornalista que foi responsável por denunciar as suas relações promíscuas com as farmacêuticas, e que provocou um processo de averiguações pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS). O Doutor Filipe Froes quer ver-se livre de um jornalista que tem insistentemente pressionado a IGAS para conhecer o desenvolvimento de um processo disciplinar que lhe foi aberto há mais de um ano (em 19 de Fevereiro de 2022), e que assim se mantém aberto por tempo indefinido para supostamente justificar o secretismo das acusações – e assim a culpa cair no esquecimento até morrer solteira [o PÁGINA UM vai intentar novo processo no Tribunal Administrativo para aceder às conclusões do processo de averiguações e ao despacho do inspector-geral da IGAS de 19 de Fevereiro de 2022, por já ter decorrido mais de um ano].

Quanto ao Doutor Miguel Guimarães – para o qual a História, quando for feita de forma isenta, lhe reservará o cognome de Doutor Torquemada [e pode ele queixar-se disto, que eu também me defenderei, até por ser autor de um romance sobre a Inquisição ibérica] –, bem sei que não me perdoa o ultraje de eu não ser um jornalista que o bajula, e que pelo contrário o questiona. E que quis saber o que estava por detrás de uma campanha supostamente de beneficência, mas que acabou, como o PÁGINA UM revelou já, por ser uma montanha de irregularidades e ilegalidades, as quais, num país decente, lhe daria direito a sentar-se no banco dos réus.

Recebimentos de Luís Varandas das farmacêuticas em 2021 e 2022. Directamente da Pfizer foram 12.257,15 euros. Fonte: Infarmed.

Sobre o Doutor Luís Varandas, não tenho muito a acrescentar sobre; apenas mais isto: penitencio-me por não o ter criticado ainda mais, que pouco sempre seria. Um pediatra avençado da Pfizer e que defendeu a vacinação contra a covid-19 em menores de idade (com uma taxa de letalidade de 0,003%), perante os efeitos adversos ainda não totalmente conhecidos, não merece palavras menos que duras.

Da Ordem dos Médicos não se espere nada diferente nos próximos anos. Se o novo bastonário Carlos Cortes escolheu para seu mandatário uma pessoa com o perfil de Filipe Froes, que vista então esse “pobre hábito” que o fará um “rico monge”.

Não havendo muito mais a dizer, nesta fase, sobre o processo, apenas duas coisas acrescento. Primeiro, garanti, por escrito, quando esta tarde fui ouvido, que não aceito, em nenhum momento, qualquer género de acordo ou de suspensão de processo. E, por outro lado, opus-me à eventual desistência de queixa dos três médicos e da Ordem dos Médicos. Ou seja, vai haver mesmo julgamento.

Por mim – espero que também pelos leitores do PÁGINA UM – quero mesmo que este caso, que esta queixa-crime – chegue a um julgamento. Quero vê-los sentados num tribunal, mesmo se eles estejam no sítio errado. Quero que se apure a verdade, porque a minha absolvição será a condenação deles.


N.D. Todos os encargos do PÁGINA UM nos processos administrativos (e judiciais, em geral), incluindo taxas de justiça e honorários de advogado, têm sido suportados pelos leitores e apoiantes, através do FUNDO JURÍDICO.

O jornalismo independente DEPENDE dos leitores

Gostou do artigo? 

Leia mais artigos em baixo.