Tinta de Bisturi

O que importa neste momento?

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por Diogo Cabrita // Maio 7, 2023


Categoria: Opinião

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Importa saber que os combustíveis estão a um preço mais baixo do que em 2008. As taxas de juro Euribor estão 4,6 pontos percentuais mais altas que em 2022. A electricidade está muito mais cara que em 2020. A água é controlada por privados e está mais cara que em 2022.

Os devedores de crédito à banca estão com mais 400 euros por mês em empréstimos de 150 mil euros. Os salários de 900 euros não conseguem pagar os novos encargos com a banca, pelo que, em dois meses, o crédito malparado triplica.

As famílias em 2010 encostaram aos idosos, que poupavam, para apoiar a crise resultante do subprime e da subida do petróleo e dos juros da dívida pública.

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As três coisas anteriores mataram o deslumbramento de Sócrates, não os seus investimentos.

Foi então que surgiu um idólatra do estoicismo, e vivemos “para lá da Troika”. Hoje temos António Costa, o optimista, que normalmente resolve tudo debitando promessas financeiras, arrojadas carteiras e aumentos.

Na verdade, a governação anterior caracterizava-se por cativar a promessa, e depois iniciou as dádivas, aumentos, que se contraíram com impostos. Toma lá, dá cá.

Estamos, pois, chegados à maior de todas as mentiras: a guerra conduziu à inflação. A grande realidade mostra que a guerra é uma enorme desculpa para a inflação, e esta uma construção financeira para o Banco Central Europeu se encher de milhões.

Vejam os dados reais. Não há aumento de combustível desde há alguns meses. Houve até uma descida de 60 cêntimos nos postos mais baratos. O barril de crude está longe do que pagava o Governo de Sócrates. Então, que se passa na esfera do poder que nos controla?

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Isso é teoria conspirativa, é alucinação, é chalupismo.

Pois seria, se não tivéssemos dados brutais como o número de habitações em Lisboa na mão de fundos capitalistas.

Pois seria, se não tivéssemos lucros brutais a surgir na banca, na electricidade, na água, no digital.

Este é, aliás, um ponto importante.  Caminhamos para um mundo em que, presos aos telemóveis, vamos pagar cada uma das suas aplicações e funcionalidades. Taxas que já se executam para garantir uma televisão com aquilo que desejamos ver. O resto é quase tudo lixo, ou informação controlada pelo dono, normalmente os fundos, outra vez.

Os filmes e os cartoons vão sugerindo esta realidade que permite saber onde estamos, com quem, comprando o quê, gostando de quem, permitindo sugestões das aplicações que temos nos telefones. 

Há uma vontade enorme de normalizar a linguagem e até as opiniões. Há uma vontade anti-religiosa que se resguarda no anticlerical e que atingiu a força máxima na China, onde a religiosidade quase desapareceu. Abdicar da dúvida, da reflexão, da componente mágica da vida pode ser um caminho para certificar o próprio discurso. Os certificadores são de novo os fundos.

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Reparemos, com despudor, no que consiste a cassete dos grupos mais fanáticos, ou engajados: controlar o discurso converte os fiéis em peregrinos e votantes.

Agora é o tempo de “controlar as falsidades”, os tipos que dizem coisas como as que acabei de dizer. Calam-me em breve, com o voto favorável dos do ” fascismo nunca mais”. Eles mandam já na Catarina Martins e nos sindicatos.

Diogo Cabrita é médico


N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

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