Estátua da Liberdade

Isto tornou-se penoso, por dar pena e ser malcheiroso

Statue of Liberty in New York City under blue and white skies

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Na última quinta-feira, no âmbito da Comissão de Inquérito à TAP, tivemos mais um episódio do circo em que se transformou o actual regime. Desta vez, foi a inquirição do amigo íntimo do engenheiro da bancarrota, com o computador e as famosas notas na boca de cena, não sabemos quem diz a verdade ou quem diz a mentira, ou quem mente mais.

Enquanto este grelhava até altas horas o seu líder, igualmente um grande admirador do engenheiro, assistia a um concerto e cantava: “Coimbra tem mais encanto na hora da despedida”.   

De acordo com as várias declarações de cada um dos personagens, o rocambolesco episódio teve a seguinte sequência: certo dia, o ex-adjunto, após ter sido exonerado por telefone durante a manhã – nestas coisas, os socialistas são implacáveis! –, dirigiu-se ao Ministério das Infraestruturas para levantar o computador (o das notas).

Ao dirigir-se ao quarto piso para o recolher, opôs-se-lhe a equipa, incluindo a chefe do gabinete do amigo íntimo do engenheiro, resultando numa cena de pancadaria e agressões mútuas. No final, os músculos não foram suficientes para o “assaltante”. Em fuga, abandona o quarto piso, desce e tenta sair do Ministério das Infraestruturas com o computador, sendo, no entanto, impedido de o fazer pelo segurança da entrada.

Para dali sair, chamou a polícia, que apareceu com quatro elementos; no entanto, apenas dois subiram com o ex-adjunto ao quarto piso – onde alegadamente ocorrera a pancadaria – para levantar a ocorrência. Debalde, todos se tinham refugiado na casa-de-banho! Não sabemos se tinham medo de novas agressões, apesar da presença da polícia, ou não a queriam enfrentar. Mistérios…

O ex-adjunto logra sair do edifício de bicicleta, com o computador e o beneplácito da polícia. Entretanto, o amigo íntimo do engenheiro da bancarrota é avisado do sucedido, iniciando-se, logo de seguida, chamadas em todas as direcções: ministro da Administração Interna, Polícia Judiciária, PSP e, pasme-se!, Serviços de Informações de Segurança (SIS).

O episódio tinha-se tornado um autêntico albergue espanhol de polícias. De todas, a maior surpresa foi a chamada do SIS; para quê o seu envolvimento, se não para intimidar um ex-adjunto que acabara de tornar-se um perigoso inimigo político.

Após 49 anos de regime, e com este episódio, o regime parece querer regressar aos tempos da PIDE/DGS. Alegadamente, após o episódio da pancadaria, com intuito de recuperar o famoso computador, um membro do SIS ligou ao ex-adjunto, dirigindo-lhe as palavras: “é melhor entregares o computador a bem”. Atenção, tudo isto ocorreu numa suposta “democracia”!

Apesar de tudo, temos uma certeza: estamos na presença de analfabetos informáticos. Não são capazes de utilizar a nuvem para guardar documentos nem tão pouco conhecem as capacidades informáticas de um moderno telemóvel – apenas a recuperação do famoso computador era uma preocupação. Parece também ter-se desvanecido por estas bandas o cavalheirismo, até tivemos um homem a desferir socos a mulheres!

Pudemos igualmente constatar que há uma pletora de ajudantes, assessores, adjuntos, motoristas e secretárias, obviamente paga com o assalto ao nosso bolso, a parasitar-nos e que alimenta a propaganda do actual regime. Alguns, por lá pululam há mais de 25 anos, não exercendo qualquer profissão desde que saem dos bancos das faculdades. São autênticos aspirantes a Cardeal Richelieu.

No dia seguinte à inquirição, o prócere da República anunciou uma conferência de imprensa para as 14 horas, onde parecia que era desta que mandava o Governo para o olho da rua. Sem surpresa, desmarcou-a logo de seguida, justificando-se com a “falta de tempo”!

Entretanto, à hora da conferência de imprensa desmarcada, como tanto gosta, desata a caminhar pela rua acompanhado por um batalhão de jornalistas, onde soltou esta pérola: “mantenho o que disse há 15 dias”. Até então, tivéramos apenas trivialidades, selfies e passeio à nossa conta; mas agora é que ia ser, para além destas, uma rigorosa viligância aos assuntos da governação: da habitação à alimentação.

Será que estes episódios circenses também se inserem na referida vigilância? Não sabemos, mas uma certeza temos, as duas principais personagens do actual regime irão continuar a zombar de todos nós; agora, até vão a encontros secretos para receber prebendas pelo excelente trabalho que têm vindo a realizar desde 2015.

Quais foram os resultados dos dois personagens? Portugal regista o segundo pior desempenho económico da União Europeia desde 2015. Com excepção da falida Grécia, todos os países com desempenhos inferiores são mais ricos. Ou seja, a convergência económica tem sido uma miragem, um completo desastre. Até países como a Dinamarca, a Suécia e a Holanda, muito mais ricos, logram taxas de crescimento acumuladas superiores!

Crescimento real acumulado do PIB entre 2015 e 2022 para os países da União Europeia (2015=100; Índice base 100). Fonte: Eurostat. Análise do autor.

A vilipendiada Irlanda, apelidada muitas vezes de “offshore”, em virtude de não roubar a população com a mesma intensidade, quase que duplicou o seu PIB desde 2015. Recordemo-nos que há 40 anos tinha um desenvolvimento económico semelhante a Portugal.

Como é evidente, na esmagadora maioria dos casos, os números demonstram que a um menor assalto do Estado corresponde a mais dinheiro e prosperidade no bolso dos cidadãos, como é o caso da Irlanda, da Hungria, da Eslováquia, de Malta e da Roménia, que diminuíram o peso das receitas do Estado em percentagem do PIB entre 2015 e 2022 e obtiveram taxas de crescimento económico acima da média europeia.

Celebremos então estes últimos 7 anos de glórias socialistas, com a primeira a passar pela recuperação das caravelas do século XXI, para anos mais tarde se perpetrar um assalto de 3,2 mil milhões de Euros ao nosso bolso, gerido por personagens que há anos anunciavam calotes e juravam colocar os banqueiros alemães a tremer das pernas.

Tivemos depois as injecções de milhares de milhões do nosso dinheiro em bancos falidos, onde o negociante do assalto transitou para a melhor sinecura do país, como se nada fosse com ele.

Crescimento em pontos percentuais da receita total do Estado em percentagem do PIB entre 2015 e 2022 . Fonte: Eurostat. Análise do autor.

Tivemos os incêndios de Pedrógão, onde a negligência do Estado vitimou 64 pessoas. Após a tragédia, o prócere da República apareceu a pedir para se “apurar se havia ou não responsabilidades, nomeadamente criminais”; claro está, podemos esperar sentados, pois, até hoje, nada aconteceu.

Tivemos ministros que atropelaram inocentes na auto-estrada, após terem instruído o respectivo motorista a conduzir a 200 Km/h. Até hoje, nenhuma responsabilidade criminal foi apurada. Talvez, um dia, o motorista termine nos calabouços.

Tivemos estados de emergência ilegais, confinamentos ilegais, máscaras faciais obrigatórias e sem suporte científico para tal, restrições à livre circulação, escolas fechadas, negócios arruinados, impressão massiva de dinheiro, com a consequente inflação, inoculações experimentais coercivas, através de certificados nazis, excesso de mortalidade sem precedentes e quase mil milhões de euros de vacinas experimentais atirados janela fora durante a falsa pandemia.

Tivemos propostas de lei sanitárias, onde se propõe que funcionários administrativos possam ordenar a nossa prisão pelo tempo que entenderem, em nome de uma qualquer gripe. Claro está, depois de um golpe à Constituição da República Portuguesa pelos dois partidos socialistas do regime e com o aplauso efusivo do prócere da República, suposto guardião da mesma.

No futuro, iremos ter planos de resiliência pagos com a impressora do Banco Central Europeu, onde os apaniguados e a clientela do regime banquetear-se-ão mais uma vez com milhões. Neste sentido, já tivemos o anúncio do financiamento de fábricas de gafanhotos.

No decorrer desta tragédia, o prócere da República fazia-se passear pelo mundo, usava aviões pagos por nós para assistir à bola e dava pulos de alegria ao lado do maior admirador do nosso engenheiro.

Depois disto e perante o espectáculo circense da última semana, alguém pode estar surpreendido?! Até agora temos enfrentado tudo isto com um riso, mas parece agora estar a tornar-se penoso.

Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


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