Correio Trivial

O ridículo mata

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Um professor de História, nos meus tempos de Liceu, garantiu à sua turma de alunos que Winston Churchill teria afirmado que “Governo que não cai com um Golpe de Estado pode cair pelo ridículo”.

Não consegui encontrar essa citação em mais lado nenhum, mas acredito que a frase tem lógica.

Quando um governante, ou um chefe, toma uma atitude ridícula, seja para se promover seja para se justificar, consegue unicamente que se ponha em causa a sua sanidade mental.

Por alguma razão os políticos actuais contratam assessores com a intenção de que estes os alertem para os riscos que alguns discursos, ou atitudes, possam causar.

Ainda assim, somos confrontados, diariamente, com situações que nos fazem questionar o bom senso de alguns deles.

Lembro as inúmeras intervenções dos líderes de todos os partidos da oposição ao Governo sobre o que consideravam ser, na altura, o único problema do País: o caso Galamba!

Com a ânsia de abrir brechas no Governo, de o enfraquecer, de o derrubar, esmiuçaram uma parvoíce passada no gabinete daquele Ministro.

Conscientes do baixo nível cultural e político de muitos portugueses apelaram ao populismo e ao ódio para os tentarem arregimentar.

Semanas seguidas a discutirem todas as nuances de um caso de polícia, como se este fosse o grande problema da Nação.

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Não devem ter parado um minuto para pensar que, por muito que as suas críticas tivessem algum fundamento, o tom dos seus discursos e a repetição, até à náusea, dos mesmos, fariam com que um cidadão, que vai às cinco da manhã para uma fila num qualquer Posto Médico, na ânsia de conseguir uma consulta, fique com vontade de atirar com o rádio portátil que levou para o ajudar a passar aquelas horas, às trombas do primeiro político que com ele se cruzasse, mesmo que fosse o secretário da sua Junta de Freguesia.

Meses depois de António Costa decidir não aceitar a demissão que o Ministro lhe pediu (até este, farto de todo aquele Carnaval), confrontando o próprio Presidente da República, mostrando quem era ele, o líder do Governo, quem fala em Galamba que continua no seu posto?

Este caso serviu de exemplo?

Nada!

Os políticos continuam, diariamente, a debitar conselhos, promessas, ameaças, a um Governo que não lhes dá qualquer atenção porque sabe que o Povo já não pode ouvir Montenegro, Mortágua e aqueles novos líderes, do Partido Comunista e da Iniciativa Liberal, cujo nome ninguém conhece.

Gente que vai cair pelo ridículo.

O Presidente está seguro no seu lugar. Unicamente porque essa é a regra.

Mas são tantas as situações caricatas em que tem sido protagonista que o seu capital político acabou por se desvanecer e, hoje, os portugueses olham-no com um misto de desconforto e tristeza.

Ver o seu modo de cumprimentar as diversas personalidades com quem tem de se cruzar, com um aperto de mão seguido de um movimento de tal modo brusco que lhes provoca desequilíbrio, ouvi-lo a dar opiniões sobre tudo e sobre todos, em qualquer lugar e em todas as circunstâncias, é deprimente.

Recordar a sua presença, constante e forçada, ao lado do Papa Francisco, não percebendo o desconforto que isso provocava, é angustiante.

Não há dia em que não fale demais ou não tenha uma atitude deselegante.

E ainda faltam uns largos meses para a sua rendição, pelo que o nível de ridículo pode vir a atingir proporções alarmantes.

Na linha do seu antecessor que, agora, conseguiu bater todos os recordes do caricato com a ideia de publicar um livro sobre “A Arte de Governar”!

Decisão terrível e que pode abrir a porta a outros portugueses com ambições idênticas.

Imagino a Maria Leal a escrever um livro sobre “A Arte de Cantar” ou o Jorge Jesus um outro, sobre “A Arte da Eloquência”!

Os exemplos da falta de noção dos perigos de cair no burlesco são inúmeros e continuam a surgir em catadupa.

O actual Primeiro-Ministro promete ajudar os estudantes a optarem por Portugal, em vez de emigrarem à procura de melhor vida, acenando-lhes com o prémio de quatro viagens na CP (ainda se a promessa fosse só para os que reprovam, e como castigo…)!

O líder da Oposição jura que, se for eleito, baixará drasticamente os impostos. Terrível ameaça para quem se lembra de Passos Coelho.

O comentador Marques Mendes promete que se irá candidatar ao lugar de “Mais Alto Magistrado da Nação” sem que um único amigo lhe chame a atenção para a risota que vai pelo país.

Que Deus me ajude.

Se tiver que morrer pobre, que seja.

Mas que não deixe que eu perca o juízo ao ponto de fazer destas figuras. 

Vítor Ilharco é assessor


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