Tinta de Bisturi

Não sei que diga

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Não sei que vos diga.

Devíamos estar de queixo caído. Boquiabertos. Os portugueses acabam de ver o Estado Democrático rebentar com um primeiro-ministro eleito por maioria. Outra versão é que um primeiro-ministro destruiu a credibilidade de uma maioria.

Eleito por força de uma estúpida votação, que tem por base uma estúpida Lei Eleitoral, que destrói centenas de milhares de votos, assim se chegou à maioria vigente. A ausência de círculos nacionais para repescar os que votam nos círculos menores, onde os partidos pequenos se tornam irrelevantes, é uma exigência democrática.

Pudemos ver como o entorno de um homem lhe pode ser prejudicial. A insistência na provocação (exemplo do uso de Galamba como confronto à Presidência), a pesporrência de não conversar com as oposições, não criar uma larga maioria para as reformas do país – tudo veio adensar o confronto.

Por graça, recordo o que esta gente falou de Isaltino e seus almoços. A falta de vergonha própria demonstra que Isaltino, ao lado deles, é um amador. Afinal, vinho “galambada” é mais caro que Pêra Manca. Se espelho matasse….

É o tempo de pensar no engenheiro Simões, que passeava envelopes de 100 mil euros aqui por Coimbra. Ele, afinal, é amigo do secretário dos 75 mil. Estes são os que criticaram Berardo, os que berravam contra o esquecimento e a falta de dados de Espírito Santo.

Não sei que diga.

O formigueiro carrega e trabalha enquanto estas cigarras desbaratam. Não sei se as pessoas percebem que são sempre os que têm discursos impolutos que nos enterram as mãos nos bolsos. São os mesmos das certezas sobre a estratégia covid. Espantam-me os ideólogos das estratégias sustentáveis. São sempre os dos grandes discursos e alterações “modernas, importantes e amigas do ambiente” que nos agarram a carteira.

Condeno de modo veemente o Ministério Público de amadores, de processos dúbios e morosos e pouco fundamentados. Condeno os homolarapiens que nos arrombam a credibilidade democrática. Mas condeno, sobretudo, a construção de uma classe política que não se forja no trabalho, no desenvolvimento fora dos corredores palacianos. A exposição à vida comum tem de ser necessária para a ascensão política.

Percebo que o mundo vai neste caminho de formigagem  – o povo que vota condicionado pelos gestores da informação. Os filtros que nos roubam janelas da realidade. Amanhã podemos ter ainda o PS a governar o carreiro que cumpre as directivas sem questionar. A dúvida não mora por estes lados.

timelapse photo of people passing the street

O que se nos oferece pode ser mentira, e temos de duvidar do hidrogénio. Temos de ter cautela com a mobilidade eléctrica. Temos de perceber se nos estão a enganar, e para isso há um tempo de reflexão que pode ser agora. As certezas da sustentabilidade foram conduzindo os portugueses para o 1% de ricos.

Uma distribuição da riqueza inaceitável: com destruição consistente e persistente da loja, do pequeno comércio, da cabeleireira, do consultório, do escritório, arrasando a classe média empresarial. A concentração é uma política que emana dos regulamentos, das regras, das exigências impossíveis para os mais pequenos. Em Março votamos de novo.

Diogo Cabrita é médico


N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

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