Em 1957, o fisiologista e cientista norte-americano Curt Richter realizou uma série de experiências com ratos. O seu objectivo era descobrir os efeitos do desespero e falta de esperança sobre a taxa de sobrevivência.
No início, Curt Richter colocou os ratos em baldes de água e começou a cronometrar a sua natação frenética, pois pressentiam que se iam afogar a qualquer momento. E tinham razão: efectivamente, encontravam a morte ao final de 15 minutos de delírio coribântico.
Na ronda seguinte, tiveram mais sorte. Quando se aproximavam dos fatais 15 minutos, eram retirados da água pelo munificente Curt Richter. Para desgraça dos ratos, após um descanso, eram atirados de novo para os seus baldes, morrendo após 60 horas, em lugar dos “breves” 15 minutos!
Como é que os ratos conseguiram prolongar a sua energia por forma a manterem-se vivos durante tanto tempo?
Esperança!
Já tinham sido salvos antes e acreditavam que certamente seriam resgatados novamente por Curt Richter no último minuto. A esperança prolongava-lhes a vida!
A História de Portugal nos últimos 27 anos assemelha-se à experiência dos ratos: de um lado, temos o Partido Socialista (PS), no papel de Curt Richter; do outro, o incerne pagador líquido de impostos português, há décadas a nadar incansavelmente, enquanto o PS lhe incute a eterna esperança: de que não porá fim ao “Estado Social”, que ele paga!, ou mesmo que o resgatará dos perigos da “extrema-direita”. A esperança serve apenas para assaltá-lo com maior violência, ao contrário de Curt Richter que assassinava pobres ratos.
Tudo começou em 1995, com o homem do diálogo e eterno candidato a Miss Universo – agora já é possível! –, actual Secretário-Geral das Nações Unidas. Naquela altura, Portugal encontrava-se na décima quinta posição entre os actuais 27 países da União Europeia. Atrás, excepto Malta, encontravam-se todos os países que tinham saído do pesadelo comunista.
Em 1999, o PS “ofereceu-nos” a sua primeira glória: a adesão de Portugal ao Euro. Finalmente, iria colocar-se um ponto final no regabofe das finanças públicas portuguesas. Em 27 anos, à excepção de 2019, as contas públicas estiveram sempre no vermelho, enquanto a dívida pública subiu de 55,4 mil milhões de Euros, em 1995, para 276,6 mil milhões de Euros em 2023. Em conclusão: cada cidadão, incluindo crianças e idosos, em nome do Estado, viu acrescer a sua dívida em 800 Euros todos os anos entre 1995 e 2023, num total de 21,6 mil Euros!
No final de 2001, o homem do diálogo e eterno candidato a Miss Universo, numa reacção de “fundo moral”, abandonou-nos, dizendo-nos que vivíamos num pântano, num insuportável clima pestilento de corrupção.
Uns meses depois, o PS oferecia-nos uma nova façanha, desta vez um escândalo relacionado com crimes de pedofilia, o que levou à prisão preventiva do Ex-Ministro do PS, Paulo Pedroso. Tivemos então dois altos dirigentes do PS, o actual primeiro-ministro – aparentemente não sairá até Março de 2024 – e Ferro Rodrigues, apanhados numa escuta que continha uma expressão grandiloquente: “…tou-me cagando para o segredo de justiça”.
No final de 2005, o PS salvou outra vez o povo português, pela mão do Engenheiro Sócrates, que sucedeu ao homem da noite de Lisboa. Era um homem de visão e de rasgo. Tinha uma coisa maravilhosa para nos oferecer: um Plano Tecnológico. Visava “responder de vez aos problemas estruturais que têm afectado o crescimento económico de Portugal”.
Como ficaram resolvidos tais problemas? O conspícuo engenheiro perdeu uma fulgurante carreira como vendedor itinerante de computadores Magalhães e deu-nos, em 2011, a terceira bancarrota da “democracia”. Três anos e uns meses depois, novamente no fatídico mês de Novembro, era detido preventivamente na manga de um avião no aeroporto de Lisboa a regressar de Paris. Ficámos depois a saber que tinha um amigo milionário, a quem dava instruções sobre a decoração do seu apartamento no melhor bairro de Paris, de que a sua mãe possuía um cofre com um milhão de contos e que gostava muito de livros e estantes – parece que o Vítor Escária, então seu assessor, também gosta. Até hoje, perpassa-nos uma eterna dúvida na cabeça: como converteu o milhão de contos em Euros?
Para gerir a “recuperação” da terceira bancarrota da “democracia”, tivemos ao leme do estado o Partido Socialista 2, liderado pelo actual D. Sebastião da “direita”. O seu então ministro das finanças, em 2012, ficou celebérrimo pela expressão um “enorme aumento de impostos”. Mais um roubo bíblico em forma de castigo colectivo, com o propósito de pagar a roubalheira da casta parasitária durante os anos anteriores à falência: auto-estradas sem carros, duas auto-estradas para o mesmo trajecto, aeroportos sem passageiros, estádios sem espectadores, parcerias público-privadas ruinosas, um enxame de funcionários públicos, enfim, um sem fim de ignomínias ao nosso bolso.
Entre 1995 e 2015, o regime “democrático” dos dois partidos socialistas lograra a perda de três lugares na ordenação de riqueza per capita dos 27 países que constituem a actual União Europeia.
Eis que, em 2015, os ratos voltaram a ser salvos pelo PS; tivemos então o regresso dos discípulos do homem do diálogo e eterno candidato a Miss Universo; desta vez com a filha, o filho, amigos e segundas linhas do seu governo de 1995. Estava tudo preparado para um novo sucesso, mas, desta vez, atrelado a dois partidos que defendem ideologias totalitárias e regimes sanguinários. Tinha tudo para correr bem, pelo menos os órgãos de propaganda, a seu mando e pago por nós, assim nos asseguravam.
Para não ficar atrás do nosso engenheiro, em 2017, o actual primeiro-ministro ofereceu também um plano ao país: a Economia Circular. O documento continha eloquentes linhas de orientação: “A economia circular…é uma componente da mudança necessária do actual paradigma económico (linear), cujo uso pouco eficiente e produtivo dos recursos extraídos conduz a prejuízos económicos e ambientais significativos”. Aparentemente, o objectivo era passar de linear a circular, assumindo que linear é mau e circular é bom! Até debates foram organizados a respeito, com os ratos a serem sempre assaltados para pagar a propaganda.
Não foram apenas planos, também tivemos milhares de milhões de Euros desviados do “nosso dinheiro” para o seu bolso. Quem não se lembra dos 5 mil milhões de Euros para o banco do ex-DDT, os 3,2 mil milhões de Euros para a bancarroteira nacional, os 3 mil milhões para a CP, os 511 milhões para as inoculações experimentais que “encurralavam” o “vírus”, os 400 milhões de Euros para a Efacec, ou mesmo os milhões de subvenções para farmácias e laboratórios de análises clínicas, com o propósito de prover a população com fraldas faciais e testes inúteis durante a putativa pandemia?
Reparem: tudo dinheiro roubado aos ratos e que nunca regressa ao seu bolso. Estas “aventuras empresariais” e “emergências pandémicas” apenas são um pretexto para desviar “o nosso dinheiro” – é assim que chamam ao roubo – directamente para os bolsos destes bandidos, nada mais.
Além disso, os ratos também são assaltados pela impressora do Banco Central Europeu, em forma de inflação, pois a grande maioria da dívida pública é adquirida com notas de monopólio. Foi assim que o governo do PS fez o recente brilharete nas contas públicas. Em 2022, assaltou cada português em 10 mil Euros (numa família de 4 pessoas: 40 mil Euros); em 2023 serão 11 mil euros e no orçamento que o Meijengro da República deseja aprovado serão 12 mil Euros!
Qual foi o resultado do governo liderado pelo homem que tem recebido inúmeros panegíricos pelos órgãos de propaganda, com muitos a porem as mãos na fogueira pela sua honestidade? Estamos agora na vigésima posição no conjunto dos 27 países da União Europeia, voltando a perder duas posições entre 2015 e 2022. Atenção, para a posição do carro vassoura já não falta muito. A Roménia e a Hungria estão à porta.
Como disse em artigo anterior, a democracia atrai sempre os piores: os mais mentirosos, os mais demagogos, os mais vigaristas, os mais manipuladores, pois apenas os indivíduos sem escrúpulos e sem currículo profissional desejam ardentemente aceder ao pote da instituição parasitária mais perversa criada pelo homem, o Estado. Assim, até podemos concluir pelo enorme sucesso português neste aspecto: elegemos há 27 anos os melhores profissionais para gerir o Estado.
Reparem: no roubo são absolutamente imbatíveis, dado que estamos na décima segunda posição no grupo dos 27 países da União Europeia no que respeita a “receitas” do Estado (43,8% do PIB; fonte: Eurostat), enquanto em riqueza per capita estamos na vigésima posição!
Na manipulação e na mentira são igualmente mestres. Até nos fizeram crer que o crescimento acumulado desde o final de 2015 a 2022 (100 = 2015) era fantástico, quando na verdade é medíocre; atrás de nós, praticamente apenas países muito mais ricos. Para além dos órgãos de propaganda comprados com o dinheiro do assalto aos ratos, também dispõem de avençados a lançar encómios a toda a hora.
Parece que agora o cientista será substituído, desta vez teremos um neto de um sapateiro que anda de Porsche e Maserati, que em tempos o Engenheiro do cofre do milhão de contos elogiava desta maneira: “Quero felicitar o Pedro, um grande político, ex-líder da JS…um dos melhores quadros políticos que o PS tem”.
Vejam: está tudo garantido para que os ratos voltem a nadar de forma frenética, desta vez o Pedro irá salvar-nos da “extrema-direita”. É continuar a esbracejar e a dar às pernas!
Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário
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