Nas últimas décadas, temos assistido a um crescente poder da indústria farmacêutica. Há cinquenta anos, éramos provavelmente inoculados à nascença com três ou quatro vacinas (poliomielite, difteria, tétano…), enquanto hoje seguramente as nossas crianças são vacinadas com mais de dez (Tosse Convulsa, Haemophilus Influenzae b, D. Pneumocócica, Sarampo, Rubéola, Parotidite Epidémica, Rotavírus, Varíola, Difteria, hepatite b, Tétano, Poliomielite…), com tendência a serem cada vez mais.
Até à putativa pandemia, ninguém contestara o processo de aprovação de muitas das vacinas, em particular o facto de a maioria dos ensaios clínicos realizados para a sua aprovação utilizar um grupo vacinado com uma substância activa, em lugar de um placebo; a este respeito, pode ser consultado o livro “Turtles All The Way Down: Vaccine Science and Myth”, onde constam milhares de ligações aos documentos de aprovação pelos reguladores.
O agora candidato à presidência dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., e sobrinho do antigo presidente John Kennedy, também tem alertado o público a este respeito, exigindo que os ensaios clínicos que suportam as aprovações das vacinas sejam realizados com a utilização de um grupo placebo.
Mas o verdadeiro poder desta indústria foi-nos dado a conhecer a partir de 2020. Veja-se o que aconteceu com a aprovação da vacina da Pfizer para a covid-19, suportada em ensaios clínicos com a participação de 44.047 pessoas, em que 22.026 foram inoculadas com a substância activa e 22.021 com um placebo (ver página 43 do documento).
No grupo dos vacinados ocorreu uma morte por covid-19, enquanto no grupo placebo ocorreram dois óbitos covid-19 (ver página 219 do documento). Conclusão: são necessárias 22 mil inoculações com a substância activa para salvar uma pessoa de falecer de covid-19.
Na mesma página 219, também podemos constatar que faleceram 15 pessoas no grupo vacinado e 14 no grupo placebo, bem revelador de uma eficácia e segurança medíocres; no entanto, passados alguns meses, os resultados foram ainda piores, pois o regulador norte-americano, a FDA, informou-nos do seguinte: “Desde a Dose 1 até a data de corte, 13 de março de 2021, houve um total de 38 mortes, sendo 21 no grupo vacinado e 17 no grupo placebo”. A diferença passou de uma morte para quatro mortes desfavorável à vacina da Pfizer. É assim incompreensível que tal vacina tenha sido aprovada.
Este crime contra a humanidade ainda se tornou mais gritante com as últimas notícias. Recentemente, o regulador europeu, a EMA, ‘congénere’ europeia do Infarmed, numa carta-resposta a perguntas dirigidas por membros do Parlamento Europeu, informava-nos do seguinte:
- “…as vacinas contra a covid-19 não foram autorizadas para prevenir a transmissão de uma pessoa para outra.”;
- “Uma vez que uma grande percentagem da população em geral tomou as vacinas, é de esperar que haja muitas notificações [efeitos adversos] ocorridas durante ou logo após a vacinação.”
- “Chama-se a nossa atenção para os riscos de miocardite e pericardite, que a EMA avaliou e descreveu na informação do produto. Todas as informações de segurança devem ser consideradas cuidadosamente antes de administrar ou recomendar a vacinação.
Em primeiro lugar, ficámos a saber que a classe política europeia, apesar de ter sido informada pelo regulador de que as vacinas contra a covid-19 não tinham sido autorizadas para prevenir a transmissão, decidiu criar duas classes de cidadãos: vacinados e não vacinados. Para tal, decidiu emitir um ‘passaporte nazi’, mais conhecido pelo Certificado Digital Covid. Milhões de pessoas foram discriminadas e impedidas de entrar em locais de lazer (cafés, restaurantes, ginásios), de viajar, de se deslocar, violando-se os seus mais básicos direitos; tudo perpetrado com a perfeita consciência de que eram medidas suportadas na mais despudorada mentira, por forma a coagir milhões de pessoas à toma de uma substância experimental, com a promessa de uma vida normal.
Em segundo lugar, venderam-nos a ideia que uma pessoa apenas estava vacinada 14 dias após a inoculação, não seguindo a recomendação do regulador, isto é, de que os efeitos adversos devem ser monitorizados no momento da inoculação e imediatamente a seguir. Desta forma, tivemos muitos óbitos de falsos “não vacinados” e estatísticas distorcidas, num acto consciente de manipulação da opinião pública.
Em terceiro lugar, o atropelo de um direito fundamental: o consentimento informado. Qualquer cidadão deve ter poder de decisão sobre o seu corpo. Deve ser previamente informado das consequências para o seu corpo de um eventual diagnóstico, tratamento, cirurgia ou inoculação, podendo-se recusar e não ser prejudicado por isso.
Não foi o que aconteceu: as autoridades não nos alertaram, por exemplo, para as miocardites e pericardites causadas pelas vacinas covid, tal como indicado pelo regulador. Mais criminoso se tratou quando nos sujeitaram à propaganda mais abjecta, com um único propósito: forçar a vacinação de crianças para uma doença que não representava qualquer risco para este grupo etário.
Todo este ambiente de terror, pavor, medo e discriminação a que assistimos nos últimos anos teve um único objectivo: proporcionar um negócio gigantesco de milhares de milhões de euros. Apenas no caso da Pfizer, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, negociou um contrato de 35 mil milhões de euros por 1.800 milhões de doses (cerca de quatro doses por cidadão europeu a 19,4€ por dose)!
A indústria farmacêutica até tem o nosso melhor traficante de influências, agora mais conhecido por lobista, à frente da GAVI (Aliança Global de Vacinas e Imunização), a dizer-nos que: “a preparação para uma pandemia não pode esperar”! O último negócio foi tão suculento que temos de partir para outra rapidamente.
Neste contexto, aos nossos olhos, parece que toda a classe política, autoridades e reguladores parecem estar “comprados” pela indústria farmacêutica. Pior: atropelos à nossa lei fundamental, pessoas impedidas de ir trabalhar, pequenos negócios arruinados, crianças impedidas de ir à escola – os recentes resultados PISA espelham bem este descalabro –, idosos abandonados e sem visitas dos seus familiares, efeitos adversos das vacinas, mentiras escabrosas com o intuito de manipular, excesso de mortalidade, parecem não preocupar ninguém, não há vontade de qualquer discussão pública.
Esta crise teve a sua origem, uma vez mais, na organização mais perversa criada pelo homem: o Estado. A criação artificial de direitos de propriedade foi a responsável por este embuste que vivemos nos últimos anos.
Antes de mais, importa definir o que é um bem: (i) tem de existir uma necessidade humana; (ii) as propriedades do bem permitem a satisfação da necessidade; (iii) os humanos devem ser conhecedores dessa relação causal; (iv) tem de existir capacidade de comandar esse bem para a satisfação dessa necessidade.
Por outro lado, existem duas categorias de bens: (i) económicos e (ii) não económicos. No caso dos primeiros, a procura é sistematicamente superior à oferta; no caso dos segundos, ocorre precisamente o contrário. A título de exemplo, o petróleo é um bem económico, enquanto o ar é um bem não económico, pois existe em abundância, a razão de não ter preço, ou seja, não temos necessidade de o economizar na satisfação das nossas necessidades.
No caso do petróleo, há séculos não era um bem económico; por exemplo, muitas áreas ricas em petróleo na Venezuela não tinham qualquer valor agrícola; por outro lado, não havia a associação entre a sua queima e a produção de energia, nem tão pouco tecnologia para o extrair (comandar). O aparecimento do motor a combustão veio alterar por completo esta realidade.
Vamos agora ao caso das ideias e tecnologia. A ideia de como produzir uma roda pode ser utilizada infinitas vezes, ou seja, não é escassa. O mesmo acontece com a fórmula para produzir uma vacina, trata-se de um conjunto de instruções de como realizar um processo de fabricação. Não se trata, como anteriormente explicado, de um bem económico.
Tornar uma ideia ou tecnologia escassa pode acontecer de duas formas. O seu detentor pode-a “esconder”, criando, desta forma, um mercado para esse bem; isso é o que por exemplo acontece com os documentos de research da banca de investimento: apenas logro descarregar esse documento mediante uma subscrição mensal. A segunda forma, é utilizar o poder coercivo do Estado, os tribunais e os registos de propriedade industrial. É o caso das patentes, dos direitos de autor e dos monopólios durante um período após a aprovação de uma vacina.
Reparem: trata-se de uma agressão do Estado à propriedade privada. Vejamos o exemplo dos direitos de autor: significa que alguém está a condicionar como uma editora, que não comprou os direitos de autor, pode utilizar de determinada forma a sua “tinta” e o seu “papel”. No caso de uma farmacêutica que não tenha a sua fórmula aprovada pelo Estado para produzir uma vacina covid-19, não pode utilizar as suas fábricas e os seus técnicos para a produção de acordo com essa patente.
Os promotores desta nova agressão à propriedade privada dizem-nos que a criação artificial de direitos de propriedade sobre uma ideia ou tecnologia, que não são bens económicos, incentiva a inovação, pois os detentores da aprovação sabem que podem estar anos sem nenhum concorrente a incomodá-los, extraindo todo o lucro possível da sua invenção durante um dado período.
Todavia, estudos realizados demonstram isto ser uma completa falácia (The Case Against Patents): “O argumento contra as patentes pode ser resumido brevemente: não há provas empíricas de que sirvam para aumentar a inovação e a produtividade, a menos que a produtividade seja identificada com o número de patentes concedidas – o que, como mostram as evidências, não tem correlação com a produtividade medida.” Na mesma obra, explica-se que em 1983, existiam mais de 59 mil patentes nos EUA, enquanto em 2010 existiam mais de 244 mil patentes, ou seja, quadruplicaram, enquanto a produtividade cresceu pouco mais de 20% para o mesmo período.
Além disso, a humanidade viveu séculos sem leis de propriedade sobre ideias e tecnologia, sempre criando invenções, obras de arte, literatura sem paralelo. Muitos saltos tecnológicos foram dados a partir de aperfeiçoamentos de novas invenções, agora impedidos por este tipo de leis. Os promotores deste intervencionismo estatal esquecem-se dos aspectos negativos desta legislação: a completa corrupção da indústria abrangida.
A indústria farmacêutica, ao saber que pode eliminar qualquer concorrência com as autorizações estatais, apenas tem uma única preocupação: contratar advogados e lobistas, influenciar ordens profissionais, políticos, reguladores, comprar “boa imprensa”, etc. O consumidor passou a ser relegado para segundo plano.
Tomem nota: em quatro décadas lograram criar uma máquina de extorsão de recursos públicos, através da inclusão de mais e mais inoculações nos planos vacinais. Basta um selo estatal para garantir a venda; por essa razão, não existe qualquer preocupação com o consumidor. A qualidade e a segurança do produto ficam para depois. O importante é comprar os órgãos de propaganda, os políticos e os médicos. Vimos o que se passou durante o embuste dos últimos três anos.
Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.