Com as eleições legislativas anunciadas para Março do próximo ano, as propostas não devem sair apenas dos partidos, mas também dos cidadãos. Aqui seguem as minhas cinco propostas que insisto em apresentar:
1 – Mudança da Lei Eleitoral
A sensação de partilha obriga a construir soluções sem desperdício. Cada voto dos portugueses deve servir nas contas eleitorais. É inadmissível que certos votos sejam atirados para o caixote do lixo ou para estratégias de custo da oportunidade. “Não voto em quem gosto para escolher um que desacredito menos.” Esta realidade acontece nos círculos que elegem poucos deputados no sistema eleitoral vigente, como em Portalegre, Beja, Évora, Guarda, Bragança ou Vila Real. Foi assim que cem mil portugueses escolheram o CDS e ele não elegeu ninguém. Foi desse modo que o PS se afirmou absoluto. A criação de um círculo nacional para onde transitam os votos que não conseguem eleger ninguém nos pequenos círculos é essencial.
2- Um automóvel português
Temos uma indústria monumental de serviços e de peças na grande complexidade da construção automóvel. Somos dependentes das decisões estrangeiras e dos encerramentos prováveis na chantagem da subsidiação. O projecto de construir um carro moderno, eléctrico, com versatilidade, com multiplicidade de formas, com adaptação a militar é uma oportunidade perdida para fixar este conhecimento e experiência. Um carro que em cidade se encosta a outros carros iguais e se move para este, oeste, norte e sul a partir de parado. O “Luso Múltipla” tem de sair de uma ideia e ajudar Portugal.
3 – Remodelar a política de saúde.
São inúmeras coisas a fazer. Corrigir o paradigma contra os consultórios, incentivando o método da escolha do doente ir à frente do pagamento. O doente vai a quem quer, perto de casa, e esse escolhido referencia, estuda, pede exames ou trata. Deixa de ser necessário haver tantas urgências abertas. O pequeno é a solução para os próximos três anos enquanto se redefinem estratégias. Reduzir o número de Centros de Responsabilidade Integrados (CRI). Pagar melhor os gestos que integram no sistema, como as consultas, e reduzir a avalanche de horas extraordinárias. Aplicar Inteligência Artificial na imagiologia. Reverter os dois percursos ideológicos: concentração (os centros hospitalares e as unidades de saúde e cuidados continuados) e desperdício (não carecemos de três serviços de transplante, não carecemos de protocolos ineficientes e que só servem para defesa do sistema, etc). Apostar na saúde oral. Apostar na prevenção das doenças.
4 – Reorganizar o futebol e outras modalidades
Incentivar o desporto escolar e o desporto em geral. Acabar com as claques dos clubes que afastam os cidadãos dos estádios. Negociar com Espanha que o primeiro classificado dos nossos campeonatos de modalidades, competia no ano seguinte, no campeonato do país vizinho. Dava-se dimensão competitiva aos clubes de forma rotativa. Incentivar um jornal equilibrado de notícias sobre o desporto, e não apenas futebol.
5 – Construir a rede nacional de edifícios devolutos há mais de 15 anos
Para acabar com o flagelo da falta de casas e do seu preço excessivo, o Estado garantirá que os donos das propriedades em abandono cheguem a acordo, ou então expropria com fins beneméritos. Uma entidade pública garante a construção, reconstrução, remodelação de antigos mosteiros, castelos, quarteis, prédios e coloca pessoas a utilizar sob contrato de responsabilidade e colaboração na manutenção. A recolocação de pessoas no interior seria privilegiada em parceria com os industriais dessas regiões. Mover pessoas obriga a dar-lhes funções ou trabalho.
Diogo Cabrita é médico
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