Ana Carvalho e Duarte Costa partilham a liderança do Volt Portugal, um partido de cariz federalista, que defende a criação de uma União Europeia mais forte, a funcionar a uma só voz. Ana Carvalho, tem 27 anos, é engenheira electrotécnica de formação e faz investigação na área das energias renováveis. Entrou no Volt em 2018, quando estudava na Alemanha, e teve um papel-chave no lançamento do Volt Portugal, tendo, em 2022, sido eleita co-presidente do partido. Duarte Costa, tem 35 anos, é especialista em alterações climáticas. Juntou-se ao Volt em 2021 e já foi candidato à Assembleia da República pelo círculo da Europa nas eleições legislativas de 2022. Actualmente, é também candidato às Europeias de 2024. Esta é a segunda entrevista da HORA POLÍTICA, a rubrica do PÁGINA UM que deseja concretizar o objectivo de conceder voz (mais do que inquirir criticamente) aos líderes dos 24 partidos existentes em Portugal. As entrevistas são divulgadas na íntegra em áudio, através de podcast, e publicadas com edição no jornal.
OUÇA NA ÍNTEGRA A ENTREVISTA DE ANA CARVALHO E DUARTE COSTA, CO-PRESIDENTES DO VOLT, CONDUZIDA PELA JORNALISTA ELISABETE TAVARES
Como é que o Volt Portugal vê o seu potencial para crescer no país, numa altura em que existem muitos partidos, mas que também há muito destaque que é dado a alguns mais do que a outros, em termos daquilo que é a percepção do público, nomeadamente nos media?
ANA CARVALHO: Desde já deixe-me começar por agradecer ao PÁGINA UM o vosso convite. É óptimo, de facto, darem esta visibilidade aos partidos sem assento parlamentar. É um pouco o combater esta inércia democrática que há, de dar sempre a visibilidade aos mesmos. Só ouvimos falar dos mesmos partidos, não damos oportunidade aos portugueses de saberem que há alternativas àqueles que já lá estão.
Quanto ao Volt, e a como nós estamos a planear crescer, a verdade é que nós temos aqui uma vantagem, porque o Volt é um partido europeu e, portanto, já somos um partido enorme. Somos um partido com mais de 30.000 membros em toda a Europa. Estamos presentes em 31 países, já temos eleitos a todos os níveis, desde o Parlamento Europeu, desde o Parlamento nacional, por exemplo, da Holanda e da Bulgária. E a nível municipal, também temos vários por toda a Europa. Mais de 100 eleitos, na verdade. E, portanto, o Volt Portugal – nós chamamos-lhe este “capítulo” do Volt Europa – também ganha com este crescimento.
Em Portugal, há quatro anos éramos menos de 50 pessoas e já estamos na ordem de grandeza dos 500, por exemplo. Este crescimento tem sido exponencial. Agora, na altura das eleições, temos tido também imensa atenção, muito graças a podcasts e a iniciativas como a vossa, as quais agradecemos. E a verdade é que bebemos desse crescimento europeu. O movimento progressista está a crescer muito e aqui os portugueses estão a aderir a ele também. O Volt Portugal está a crescer um pouco por todo o país. Por exemplo, nestas eleições legislativas, vamos pela primeira vez participar em círculos eleitorais a que não tínhamos participado antes, como é o caso da Madeira.
Participam em quase todos.
ANA CARVALHO: Participamos em quase todos. Tivemos ali um azar e por falta de tempo não conseguimos ir ao círculo eleitoral de Bragança. É o único que nos falta; em todos os outros apresentámos lista. E, portanto, nos Açores, Madeira, fora da Europa… Em todos os distritos de Portugal continental, os portugueses vão poder votar no Volt.
Vão aparecer no boletim de votos nesses círculos. E quais são as vossas ambições para estas eleições? Preveem que possa haver, de facto, um espaço para eleger candidatos?
ANA CARVALHO: Sim, a resposta é clara. Nós queremos eleger a nossa candidata nacional, a Inês Bravo Figueiredo. Estamos a trabalhar para isso e até agora temos tido resultados muito bons.
O partido, sendo um partido jovem, em Portugal já existe desde 2017, embora em termos oficiais exista desde 2020. Mas é um partido também que, pela sua liderança e não só, tem bastante jovens. Também as profissões e as áreas de formação… Estamos a falar, no caso da Ana, de engenharia e investigação e, no caso do Duarte, é um especialista em alterações climáticas. Estamos a falar de um partido, como diriam os jovens na minha época, “muito à frente”, face aos restantes?
DUARTE COSTA: Sem dúvida. De novo, parabéns por esta iniciativa. Eu acho que o Volt é a maior inovação política desde o 25 de Abril em Portugal. Ou seja, em Portugal, e, já agora, também no resto da Europa. Nunca tivemos na Europa e em nenhuma parte do mundo europeu, pessoas de vários países a fazerem política em conjunto. A grande novidade que o Volt traz a Portugal é de termos políticas que foram pensadas por europeus de toda a Europa; e termos por aí a possibilidade de trazer boas práticas para Portugal. Acho que, estamos a um mês das eleições legislativas, esta é uma grande sede dos portugueses.
Temos problemas crónicos do século XX ainda no século XXI: a questão da desigualdade, a questão dos baixos salários, o tema da habitação que agora está ao rubro, porque não temos acesso à habitação para o poder de compra que temos, e uma série de outros problemas também de burocracia de um Estado ineficiente, a somar aos problemas do século XXI. O caso das alterações climáticas, que é um tema que me trouxe ao Volt e à política, mas também os outros temas do nível global, como a ameaça de guerra na Europa… A questão da economia global, que está a alimentar desigualdades e que temos grandes corporações que conseguem fugir aos impostos.
Para nós darmos resposta a tudo isto, achamos, no Volt, que as estruturas tradicionais dos partidos nacionais e até de um modelo muito baseado nas fronteiras territoriais nacionais de soberania nacional, para dar resposta, é insuficiente. E essa insuficiência está à vista, porque não estamos a conseguir, na Europa, dar resposta a estes problemas. As pessoas estão incomodadas e desconfiadas até dos partidos tradicionais e isso leva ao quê? Ao crescimento dos populismos, que é outra das grandes marcas desta eleição em Portugal e que tem sido uma das grandes marcas das eleições nacionais que temos visto por toda a Europa, nos últimos anos. E é justamente para isto que o Volt quer ser uma solução, mas para isso precisa do apoio das pessoas em Portugal, em toda a Europa, que querem essas soluções, que querem essa mudança.
Digamos assim, então, que o vosso adversário nestas eleições são os grandes partidos ou a abstenção? Ou ambos?
DUARTE COSTA: Nós começámos esta campanha com uma ideia, como disse há pouco, muito para a frente. E que foi: nós propusemos uma frente progressista, ou seja, nós propusemos aos partidos novos progressistas que têm uma base, que são plurais… Não são próximos necessariamente uns dos outros, mas têm uma base comum.
Fala da Iniciativa Liberal, do Livre …
DUARTE COSTA: E o PAN e o Volt. Estes quatro partidos são os partidos mais recentes em Portugal e, de facto, têm aqui uma forma de fazer política diferente. Querem mudar, querem trazer uma agenda própria, seja de baixar os impostos e simplificar o Estado, seja nas causas ambientais, seja nas causas sociais. O Volt fala muito bem com todos estes e queria, desta forma, que colaborássemos na nossa polaridade e nos apresentámos em conjunto para termos um peso eleitoral que possa, por um lado, romper com este bipartidarismo do PS e do PSD, que não está a dar resposta aos problemas dos portugueses e, por outro lado, ter um peso de travão ao crescimento do populismo, em especial da extrema-direita. E achamos que é nesta união, neste diálogo e nesta cooperação que nós podemos – progressistas e, como nós dizemos na nossa campanha, cidadãos de bom senso – ter peso nas matérias.
Mas, infelizmente, essa frente progressista não foi avante porque nenhum dos três outros partidos quis avançar com ela. Alguns nem sequer nos responderam de todo. E, portanto, estamos aqui a lutar pelo nosso lugar na Assembleia da República, para ser essa força no Parlamento que coloca os outros partidos a colaborar e a fazer frente a estas duas ameaças, que é, obviamente, a extrema-direita e o populismo que ameaça mesmo as estruturas da democracia. Mas isto é só um sintoma; a extrema-direita é só um sintoma de um modelo bipartidário PS-PSD. E nós podemos tratar os sintomas ou podemos tratar a doença. E nós, neste caso, queremos tratar a doença.
Também temos boas relações com o PS e com PSD, também temos um sentimento de gratidão porque são dois partidos responsáveis por trazerem a democracia a Portugal, porque foram os primeiros partidos do centro moderado no pós-25 de Abril. Mas não estão à altura dos desafios e mesmo as novas lideranças mudaram, e nós vemos, não somos só nós, acho que os portugueses em geral… Vemos nas ruas, nas redes sociais, que não há grande vontade de continuar com estes dois partidos. E nós estamos aqui para justamente começar a criar uma nova alternativa política a tudo isto, ao bipartidarismo, e ao populismo e radicalismo de direita. Também um pouco de esquerda, mas esse não está a ter tanto crescimento como o da direita. Portanto, o da direita é mais preocupante.
Tem havido um recuo grande no nível de democracia nos países do Ocidente, incluindo ao nível comunitário, com políticas que têm anulado direitos civis, liberdades. Também tem havido casos de negócios opacos, falta de transparência… O PÁGINA UM, por exemplo, tem acompanhado a contratação pública, em Portugal. Sentem que existe uma desconfiança face aos partidos que têm governado e que isso tem afastado as pessoas da política? Porque, apesar desses partidos que referiu terem contribuído e terem estado no início do nosso processo democrático, o que é certo é que isso também já foi há bastante tempo. Também se criaram vícios e temos os muitos casos de corrupção. Mas não só em Portugal. Mesmo ao nível da União Europeia, tem havido investigações e casos de corrupção. Como é que o vosso partido pode lidar com esta desconfiança e dizer aos portugueses “somos diferentes, não temos estes vícios e não estamos alinhados com este recuo da democracia que tem existido”?
DUARTE COSTA: Acho que o Volt é um partido diferente de outros partidos também pela sua composição. Ou seja, quem é que tem reconhecido valor no Volt? Nós vemos, como disse no início, pessoas com quadrantes profissionais diferentes, pessoas com uma faixa etária diferente.
Ou seja, não são os típicos carreiristas que vêm desde as jotas e que “nunca trabalharam”, como se costuma dizer.
DUARTE COSTA: Exactamente. Enquanto noutros partidos há uma atracção por pessoas que estão à procura de uma carreira política, no nosso caso, como ainda não oferecemos carreiras políticas – isso depende daquilo que os portugueses nos quiserem dar -, oferecemos é um projecto político europeu que quer mudar a forma como fazemos política e como a política traz soluções para as pessoas. Eu sei que isto são frases vagas, depois podemos materializar com conceitos concretos. E eu acho que isso é uma grande diferença do Volt.
O outro aspecto é que somos um partido que quer aprofundar o projecto europeu. E agora, até como candidato às europeias em Portugal, e dando-lhe uma resposta à sua pergunta, uma das propostas que temos para as próximas eleições europeias… Para quem conhece o Volt, sabe que o Volt quer avançar para um modelo mais federal da União Europeia. Isto não significa perder soberania nacional. Na verdade, o que queremos é mais soberania e essa soberania é maior se for partilhada a 27, porque vamos ser mais. Mas no modelo federal nós temos duas coisas: nós temos mais democracia; portanto, temos os portugueses e os outros europeus a decidir os rumos comuns da Europa, e não apenas alemães ou franceses ou países mais influentes. E, por outro lado, temos uma estrutura política e jurídica para isso.
Por exemplo, gostávamos de ter uma Constituição Europeia. Já temos o Tratado de Lisboa, que já tem um peso, mas gostávamos de ter um Tribunal Constitucional Europeu, que permite justamente garantir esses direitos e essas garantias e liberdades próprias de uma democracia liberal que promove os direitos humanos, e a sustentabilidade do Estado de Direito. Neste momento, nos Estados-membros e não só – muitas vezes até ao nível regional e local -, temos abusos desses direitos e não temos instrumentos jurídicos do nível europeu para garantir essa uniformidade. E é aí que um projecto europeísta verdadeiramente democrata e federalista faz toda a diferença.
Claro que não é do dia para a noite que se muda a Europa para uma Federação, mas achamos que é esse o caminho. É esse o próximo passo orgânico para a União Europeia conseguir ser aquilo que nós queremos que ela seja, que é um espaço da democracia e da sustentabilidade do Estado de Direito e da influência destes valores no mundo inteiro.
E em Portugal, têm várias propostas concretas, não só para desafios que são mais mediáticos, como a crise na habitação, a crise no Serviço Nacional de Saúde, mas também alguns aspectos que já falou; a necessidade de melhorar os rendimentos das famílias, a necessidade de também olhar para a questão fiscal. Quer detalhar algumas dessas vossas propostas? Nomeadamente, a questão de melhorar os rendimentos dos portugueses e aproximá-los daquilo que são os rendimentos a nível europeu, que seria muito bom. Não há nenhum português que não concordasse com essa medida.
DUARTE COSTA: Sim, é uma das favoritas.
ANA CARVALHO: No que toca às nossas propostas, e voltando aqui a esta componente europeia que temos, a verdade é que nós, para fazer as nossas políticas a nível nacional, vamos também buscar as boas práticas europeias e trazê-las para aqui. Por exemplo, mencionou o tema da habitação. Nós temos experts e contactos; outros “capítulos” do Volt, por exemplo, em Viena, na Áustria, em que a habitação pública está muito bem desenvolvida. E se forem ver o nosso programa eleitoral para as legislativas, vão lá encontrar esta boa prática de Viena, que é termos pelo menos 60% de habitação pública, muito baseada na prática das cooperativas. E, portanto, usar estes pequenos exemplos de como é que as coisas funcionam lá fora para aplicar aqui, a verdade é que funciona.
Que, aliás, é algo que já existiu em Portugal e que continua a existir, mas que depois se foi perdendo.
ANA CARVALHO: Exactamente. Por vezes, não é preciso inventar a roda novamente. É preciso simplesmente que haja continuidade das medidas. Isto é um problema em Portugal, porque o facto de as legislaturas serem quatro em quatro anos e estarmos constantemente em rotação bipartidária destrutiva – porque os partidos que vêm a seguir aos outros não constroem sobre si próprios – não permite que haja crescimento global. E, às vezes, não é preciso reinventar a roda. É simplesmente voltarmos a ver o que é que funcionou, vermos o que é que está a funcionar lá fora e aplicar aqui.
E em relação aos rendimentos, isso acontece também. Para já, o salário mínimo em Portugal é baixíssimo comparado com o resto da Europa. E procurar trazer o salário mínimo de forma a equilibrar com o resto da Europa, pelo menos com o nosso vizinho Espanha, seria uma boa ideia. Mas no nosso programa focamo-nos mais naquilo que chamamos o salário médio, que no fundo é elevar os salários em geral das pessoas. Temos várias medidas, como por exemplo, incentivos às empresas que tenham salários mais elevados, de forma também a diminuir o fosso salarial entre gestores de topo e os empregados dessas pessoas. E isto, mais uma vez, são práticas europeias que nos outros países vemos salários muito mais elevados do que aqui. No fundo, é procurar aplicar que funciona lá fora a Portugal. A nossa proposta é em 10 anos levar os portugueses a ter salários europeus.
E também batalhando muito contra a questão de burocracia e do excesso de custos que tudo isso traz, e que também depois acaba por envolver uma outra proposta que têm, que é a questão de ajudar à criação de empresas; um empreendedorismo, e do contributo que isso terá também para o crescimento económico, não é?
DUARTE COSTA: Sim, na verdade, para termos salários europeus, precisamos de ter uma economia que gera valor acrescentado no nível que outras economias europeias geram. E isto é muito importante para Portugal e para cada português, que tem um salário muito abaixo da média nacional. Não é uma questão de retirar impostos, porque se nós não pagássemos nenhuns impostos, iríamos ganhar ainda assim 12.000 euros abaixo da média europeia. Portanto, precisamos de gerar mais riqueza.
Mas isto também é muito importante para a União Europeia. Porque a União Europeia, para ser um bloco económico influente e que ter tracção na economia global, não pode ser uma economia onde temos 12 países que que geram alta riqueza, que são muito prósperos, e depois temos 15 países que estão para trás, como Portugal. Portugal, e aqui falo sobretudo para os portugueses que estão em regiões que também estão a vê-los abaixo da média nacional – são essas as regiões que nós queremos pôr a União Europeia a desenvolver a um passo acelerado. Porque é aí que a União Europeia também, como um bloco, pode cada vez mais ser aquilo a que ela se propõe e cada vez mais influente. E esse ponto que mencionou do empreendedorismo, empreender significa realmente propor-se a criar algo novo, a inovação, propor-se a criar mais valor acrescentado. Temos várias ideias concretas. E agora, passando também para as europeias, mas para nós elegermos europeias, vamos precisar de eleger nas legislativas. Portanto, faz sentido falar de europeias.
Mas as europeias estão aí já à porta também.
DUARTE COSTA: São em Junho, não nos esqueçamos delas. Mas para as europeias queremos justamente dar um passo muito importante neste mercado comum que temos na Europa. Ou seja, todos sabemos que podemos viajar, podemos abrir empresas, podemos trabalhar muito facilmente na Europa, mas não temos um sistema interoperacional entre os países. Isto é um bloqueio.
Por exemplo, se uma start-up portuguesa, por causa dos bloqueios administrativos e burocráticos, por causa das legislações nacionais, não tem acesso a um mercado de 450.000.000 de europeus, que é o espaço único da União Europeia, e da área económica exclusiva. Neste caso, as empresas têm um problema de competitividade em relação, por exemplo, a uma empresa americana ou chinesa que está a operar no mesmo mercado global, mas não tem o mesmo mercado doméstico. Provavelmente, tem um mercado doméstico de 10 milhões.
Queremos uniformizar e criar uma one stop shop, ou seja, uma forma em que qualquer empresa, em qualquer ponto da Europa, consiga resolver os seus trâmites administrativos de forma coordenada. E isso é uma vantagem, termos uma União cada vez mais federal. Depois, queremos colocar também a União Europeia a triplicar o seu investimento em Ciência e em Investigação.
Infelizmente, saiu há pouco uma notícia que o orçamento para o Horizon Europe, que é o principal programa de investimento em investigação em Ciência, vai reduzir porque não há dinheiro para investir em tudo o que é necessário neste momento, entre ajudar a Ucrânia e o Horizon Europe. E somos completamente a favor de ajudar a Ucrânia, mas precisamos do apoio dos portugueses e dos Europeus para realmente dar força à União Europeia e isto significa trazer mais financiamento para a União Europeia.
Até porque a União Europeia tem perdido muito. Eu lembro-me de a União Europeia ser líder dos países europeus, mesmo na Escandinávia, líder em tecnologia, nomeadamente o sector das telecomunicações, tínhamos de facto aí uma pegada. E agora estamos muito aquém. E é bom que os europeus, e os portugueses, tenham consciência do que é que isso significa.
DUARTE COSTA: Sem dúvida. Eu acho que a União Europeia, para seu próprio benefício, como eu estava a dizer, para ser relevante, precisa de alavancar a economia em países como Portugal. E precisa de fazê-lo, independentemente de se os nossos políticos nacionais sabem ou não sabem fazê-lo.
Porque o que se passa com Portugal é que, apesar de nós termos milhares de milhões de investimento da União Europeia, como esses investimentos são decididos pelo nível nacional e muitas vezes com interesses eleitorais, esse dinheiro não está a fazer a diferença nas nossas vidas. Queremos que a União Europeia, independentemente da qualidade dos nossos políticos nacionais, consiga fazer isso por ela própria. Porque desenvolver Portugal e dar salários europeus aos portugueses é fundamental para que a Europa seja relevante no mundo inteiro. E isso passa, lá está, por esta questão da aposta na inovação, por esta questão de conseguir que quem cria uma empresa em Portugal consiga de facto ter acesso ao mercado de 450 milhões de habitantes.
Depois, há todo o aspecto também da sustentabilidade e da neutralidade carbónica. E, de novo, esta é a área que me apraz. Costumo dizer quando comento estes temas na televisão ou na imprensa ou nas minhas redes sociais, que as alterações climáticas preocupam-nos muito, até porque nós vemos os impactos que elas têm, mas elas também são na verdade, a oportunidade e o apelo a criarmos aquele mundo que sempre sonhámos ter. Ou seja, uma economia verdadeiramente sustentável que não derruba a natureza e os limites do planeta.
E aqui, achamos que esta transição climática, para a Europa, é uma oportunidade de ser líder no mundo. Já somos líderes no mundo, apesar de não estarmos à altura daquilo que é necessário. E isso significa todo um novo mar de oportunidades, de novas tecnologias, de novos negócios, de novas formas de nos relacionarmos com a natureza e que também tem um valor económico que também vai dar resposta aos desafios do emprego, do emprego com qualidade na relação qualidade/vida pessoal, também na questão dos rendimentos. E a Europa tem conseguido fazer essa evolução e nós queremos estabelecer metas ambiciosas.
Queremos descarbonizar até 2040, queremos neutralidade até 2040, o que é antecipar em 10 anos o objectivo actual. Isso significa antecipar… Às vezes algumas pessoas quando falam comigo ficam um pouco preocupadas, porque isso vai ser mau ou uma pressão demasiado grande, ou vai ser muito caro, oneroso. Na verdade, não. Antecipar significa realmente colocarmo-nos já a ter esses benefícios que só podemos ter lá para a frente. Significa acelerar esta transição, o que significa termos mais rendimentos, mais empresas verdes, mais empregos, mais bem pagos. E termos esse mundo de sonho que eu estava a dizer, antecipadamente.
Há muitos anos que se ouve falar em ecologia e na necessidade de proteger o ambiente, e na questão do impacto da acção do Homem. Mas o que vemos, hoje, no discurso político, é: impostos e condicionar a vida das pessoas, enquanto as grandes indústrias, os grandes poluidores, os grandes interesses podem, de certa maneira, até lucrar. Estamos a ver isso no caso dos automóveis. Não se fala tanto num investimento forte em transportes públicos, na prática, nomeadamente fora dos grandes centros urbanos. Mas o que se fala é em trocar um veículo por outro. Para pessoas da minha idade, já olhamos um bocadinho com desconfiança para algumas destas políticas. Como é que pode um partido como o vosso, também trabalhar nesta vertente, de que haja uma garantia de que na política não há uma corrupção ou promiscuidade, ou uma tentativa de ir taxar as famílias, taxar o consumidor? Como é que se pode ter políticas sérias no combate às alterações climáticas e proteçcão do ambiente?
DUARTE COSTA: Isso é outra inovação – e agora falo mesmo aqui a título pessoal – que eu encontrei dentro do Volt. Ou seja, como especialista em alterações climáticas e pessoa que está muito interessada nessa transição, aquilo que eu via e às vezes até pessoalmente me poderia agradar, eram estas políticas muito verdes e quase até proibitivas. E o que eu encontrei no Volt que gostei mais ainda, foi, cá está, é um partido que tem uma agenda muito ambiciosa, mas que não quer de todo ter uma agenda proibitiva. Ou seja, que tem uma lógica muito de incentivar o que está certo. A partir do momento em que temos os incentivos certos, podemos eventualmente penalizar o que está errado por forma a gerar receitas para financiar o que está certo.
Mas é as grandes indústrias ou penalizar a família, o indivíduo?
DUARTE COSTA: Não. Achamos, por exemplo, na questão dos transportes públicos, que não dá para penalizar o uso do carro se não houver uma alternativa de transportes públicos. Na questão da alimentação, não dá para penalizar a alimentação de base animal, por exemplo, que sabemos que tem um impacto mais negativo nos ecossistemas e no sistema climático, se não houver alternativas.
Por exemplo, nestas eleições eu não vi ainda na comunicação dos outros partidos, sobretudo o Livre e o PAN que são partidos que têm uma agenda ambiental também como a nossa, bastante ambiciosa… Mas eu vejo que somos o único partido, até agora, que já está a comunicar o tema da alimentação como uma das nossas oito principais bandeiras; está nas nossas redes sociais, vão lá ver: nós queremos um Programa Nacional de Alimentação Vegetal. O que é que isto significa? Queremos que haja formação de chefs para que em todos os restaurantes um chef saiba preparar uma boa refeição vegana para que, independentemente de se a pessoa é ou não vegana todos os dias, possa fazer essa opção. E só fazendo essa opção, já está a ajudar muito, de certa forma.
Queremos incentivos fiscais para os restaurantes e os estabelecimentos que já estão a trabalhar para que haja uma alimentação do futuro, uma alimentação climática, uma alimentação alinhada com a sustentabilidade. Queremos programas que ajudem a sensibilizar crianças nas escolas e novas ementas nos espaços públicos; sobretudo que são abastecidos pelo Estado, para que tenham essa alimentação de acordo com aquelas que são as metas do próprio Estado. Está na Lei de Bases do Clima, está nos discursos dos políticos, mas não está na ementa da escola primária pública, onde se calhar, o meu filho ou a minha filha estudam.
Que, aliás, comem muitas vezes é massa com massa, e não há verde nenhum, nem fruta.
DUARTE COSTA: Exactamente, e acabam por não ter uma alimentação sequer equilibrada.
Sim. E o que queremos é: se nós sabemos que do ponto de vista da Ciência, o que está não está bem, e Portugal de facto, neste campo da alimentação, as coisas não estão nada bem… Somos o país da União Europeia, com Espanha, que come mais carne por ano e por pessoa. Temos um impacto gigante na saúde das pessoas, nos nossos ecossistemas em Portugal, nos ecossistemas dos outros países ao estarmos a importar ração dos outros países, por exemplo, da Amazónia e do Brasil, que causam deflorestação, para alimentar os nossos animais em Portugal. Sobretudo quando temos uma situação de seca, ou seja, temos menos pastos, temos de gastar mais dinheiro em ração, estamos a aumentar as nossas importações e a perder dinheiro da nossa economia, para alimentar um hábito que nem sequer nos faz bem.
Claro, isto está muito enraizado e se calhar, algumas pessoas estão a ouvir e estão a pensar “pronto, lá vem o discurso vegano, vão proibir de comer carne”. Não, não queremos proibir, o que queremos é que toda a gente tenha acesso. E quando eu digo acesso, significa que as alternativas vegetais têm de ter o mesmo preço ou ser mais baratas que as animais e têm que ter um sabor, uma experiência de alimentar gastronómica, digamos assim, tão bom ou melhor. Isto é possível e há imensas empresas e imensos negócios em Portugal e no mundo inteiro que estão a trabalhar nesta linha. E isto é um óptimo sector do futuro para nós apostarmos, e é isso que nós queremos que Portugal inicie.
Ou seja, o Volt não está contra podermos ter o cozido à portuguesa, o que defende é, se calhar, mais couve no cozido à portuguesa.
DUARTE COSTA: E, por exemplo, ter um cozido à portuguesa com enchidos veganos, com seitan, com outras experiências. Qualquer vegetariano e vegano em Portugal já há muitos anos que sabe como comer uma boa receita portuguesa “veganizada”. Sou vegano há quatro anos, e há três anos ou quatro anos, aliás, que o meu Natal é vegano. E partilho nas redes sociais o desafio vegetariano – que já agora, recomendo toda a gente a ir ver – e é possível ter um tofu com broa ou migas de tofu ou um tofu com todos saboroso e bom. A minha família, que não é vegana, come e gosta. E isto é só de Natal, mas há várias receitas que são possíveis. E eu acho que é por aí o caminho. Pelo planeta, pela nossa saúde, pela nossa economia. É já agora, também pelos animais.
Então deduzo também – agora aqui uma provocação – que o Volt não estará muito contente com algumas das mais recentes políticas da União Europeia, nomeadamente a aprovação, por mais uma década do uso, do Roundup, o glifosato. E também a questão de um recuo grande naquilo que é o uso dos pesticidas, também um forte lobby, porque infelizmente também existem cada vez mais lobbies fortes ao nível da grande indústria a vários níveis, nomeadamente indústria farmacêutica e também na área agroalimentar. No tema de poder haver uma redução das restrições a nível comunitário dos organismos geneticamente modificados, que são três temas aqui, que se calhar não estão muito satisfeitos com o rumo que está a ter na Europa.
DUARTE COSTA: Acho que essa pergunta é mesmo importante, porque é preciso que as pessoas saibam o que é que se passa no Parlamento Europeu, porque lhes diz respeito diariamente. Diz respeito ao que está no prato delas. Portugal é União Europeia. E a minha co-candidata Rhia Lopes trabalha no Parlamento Europeu, é assistente parlamentar nos Verdes Europeus. E aliás, essa é a motivação dela para ser candidata, porque há muita coisa que é aprovada no Parlamento Europeu sujeita a lobbies que, se a maioria das pessoas soubessem, jamais votariam esses partidos. E aqui falo, e é preciso mencioná-los, no caso de Portugal, tem sido o PSD, e se elegermos o Chega nas próximas eleições, vai ser igual. Aliás, em matéria agrícola, o PSD alinha-se com o Chega, ou seja, alinha-se com a extrema-direita. Qual é a sua lógica? Não é uma agricultura que beneficia as pessoas. A lógica é uma agricultura que beneficie certos agricultores. Estamos a falar dos grandes agricultores. E, se temos um pesticida que ajuda a ter mais lucro porque elimina doenças, elimina perdas de produtividade, mas com um custo enorme demonstrado pela ciência nos cidadãos, o Parlamento Europeu, por esses partidos que têm essa visão, aprova decisões que beneficiam esses agricultores, mas prejudicam a saúde de milhões de pessoas. Isto está documentado na Ciência, está documentado nos estudos, teve forte e reação e contraposição da parte dos Verdes Europeus – da família onde o Volt que já tem um parlamentar, se situa e de outras famílias – mas, infelizmente, ainda é essa família do centro-direita e da extrema-direita, aliás, neste momento do centro-direita do PPE, que tem mais peso.
Portanto, de novo, se queremos melhor comida nos nossos pratos, temos de nos envolver na política europeia. Temos de votar nas eleições europeias, e não é só votar. Temos de mobilizar as pessoas à nossa volta – os nossos pais, os nossos avós, os nossos amigos – a perceber que têm de votar e têm de votar em projectos políticos – o Volt é um deles, mas há outros – em projectos políticos que os ajudem a ter uma vida melhor. Inclusive, o que é que está no prato, como é que conseguimos ter salários do nível que queremos, como é que conseguimos viajar na Europa de comboio em vez de avião. Uma série de questões, como é que conseguimos garantir a paz no nosso Continente…
E ter saúde. Devo dizer, aqui é uma observação, mas para mim, com 49 anos, cresci muito com o tema da ecologia na escola. Quando andei na escola primária, falava-se na palavra ecologia e na defesa do ambiente. E estou chocada como é que, em 2024, como é possível estarmos, na Europa… Quando era pequena, pensávamos que, em 2024, já íamos ter os carros voadores. E não só não temos carros voadores ou algo do género, como ainda temos uma discussão de retrocesso ao nível de ainda estarmos a falar deste tipo de pesticidas, e de diminuir restrições ao nível dos organismos geneticamente modificados… Para a minha geração, é um choque.
ANA CARVALHO: Por acaso, é interessante esta questão da geração, porque temos notado até, nos últimos tempos, uma crescente de membros que se juntam ao partido, não só em Portugal, mas também no resto da Europa, de pessoas mais velhas. No início, começámos a dizer que somos um partido jovem e a verdade é que os nossos representantes, eu e o Duarte, os nossos candidatos, somos pessoas mais jovens. Mas a nossa base partidária está muito baseada também em pessoas de gerações mais velhas que vêm ter connosco com esta conversa do clima e de proteger o planeta, que já tem ouvido falar durante tantos anos e que não têm tido, não têm visto uma acção na prática. Vêm ter connosco a dizer “eu estou um pouco farto que isto aconteça, quero de facto construir um mundo melhor para os meus netos ou para os meus filhos”. E há muita gente mais velha que tem vindo ter connosco, porque vê esta acção europeia climática que temos e que veem no Volt uma mudança, no fundo, para a acção climática concreta.
E eu, falando aqui das pessoas mais “velhas”, o que posso dizer é que é um contrassenso a Europa ter um discurso – e em Portugal, alguns partidos terem um discurso – tão forte ao nível da questão do combate às alterações climáticas, sempre dito num tom muito grave e muito sério – que é “a maior ameaça de todos os tempos” –, mas, depois, estão a discutir a ou ponderar questões tão graves como estas dos pesticidas, ou estão a prolongar por mais uma década um pesticida que é perigosíssimo. Há aqui um contrassenso, e a nível europeu temos um problema, ou não?
DUARTE COSTA: Sim, eu acho que esta incoerência que eu estou a ouvir nas suas palavras é uma incoerência também a nível nacional. Temos um partido como o PS, que traz os temas climáticos, esteve associado a instrumentos legais como a Lei de Bases do Clima, e que, nas palavras, está no caminho certo e se calhar, quem conhece o PS sabe que não é só na área climática, em várias áreas. Ou seja, na comunicação, até faz sentido, mas, depois, assim que há um problema… Por exemplo, assim que tivemos o problema da invasão da Ucrânia, que levou ao aumento do preço dos combustíveis, uma das primeiras coisas que desapareceu de imediato foi a taxa do carbono e a taxa do carbono é o que está a financiar o Fundo Ambiental, que está a permitir que as pessoas possam ter bicicletas e bicicletas eléctricas a preços descontados, que está a permitir às pessoas poderem investir em eficiência energética nas suas casas, painéis solares…
Portanto, quando de imediato favorecemos o preço dos combustíveis perante a transição climática há uma questão de incoerência. Aquilo que precisamos enquanto cidadãos – se calhar, nem todos vão concordar com esta visão, é normal, em democracia há uma pluralidade – , mas aqueles que concordam, que não dá para continuar com o mesmo modelo económico, não dá para continuar a achar que, baixando o preço dos combustíveis a nossa sociedade vai funcionar melhor… Precisamos, sim, de libertar as pessoas da dependência do carro, de ter que ter uma factura de combustível todos os meses.
Eu fico chocado em campanha, quando me desloco, sobretudo fora de Lisboa, e vejo pessoas que ganham o salário mínimo, mas que precisam de ter um carro e de gastar, se calhar, 300 euros do seu salário mínimo para ir trabalhar. E não vivem numa aldeia perdida no interior. Não. Trabalham, por exemplo, num centro comercial no Algarve. Podiam, perfeitamente, ter um transporte público e não têm, porque não existe, do ponto de vista nacional, sequer políticas para conseguirmos ter as deslocações intermunicipais asseguradas com transportes regulares. Acho que aí há uma crítica a apontar ao atual Governo e ao PS.
Há uma falta de coerência que está a fazer aumentar este descontentamento com a classe política e até com os dois partidos de governo e está a alimentar os votos de protesto. O que o Volt quer é mostrar que o voto de protesto não vai ajudar nada, antes pelo contrário, é pior ainda, porque são pessoas muito menos preparadas. O que precisamos é de partidos que queiram trabalhar, que queiram, que tenham soluções. E temos várias e estamos a tentar comunicá-las às pessoas para que elas deem a sua confiança e depois nós possamos fazer esse trabalho para elas.
E, ao nível dos transportes têm propostas concretas para essas áreas. Até porque em algumas zonas – não estamos a falar só de Lisboa e temos no PÁGINA UM, leitores e ouvintes de todo o país – onde a pessoa, mesmo tendo acesso a transportes públicos, pode ter uma fatura superior a 100 ou 150 euros por mês para utilizar os diferentes transportes necessários para chegar ao trabalho.
DUARTE COSTA: Sim, e na maior parte do país, fora de Lisboa e é mais vantajoso andar de carro, ter um carro do que andar de comboio. O Volt é muito ambicioso na questão do comboio em toda a Europa. Ser ‘volter’ quase significa ser um amante do comboio, porque nós temos mesmo políticas muito detalhadas. A nível europeu, queremos uma Agência Europeia para as ligações entre países de comboio e que seja a União Europeia a assegurar essa alta velocidade entre todos os países para que nós não precisemos de usar o avião em toda a Europa. Essa é uma meta que temos.
E, a nível nacional, no nosso programa para as legislativas, desafio todas as pessoas, sobretudo aquelas que adoram comboios e que sonham com Portugal em alta velocidade e não só com ligações de comboio, a ver o nosso programa, porque, é revolucionário.
Queremos ligar a linha do Oeste diretamente à Gare do Oriente e, com isso, ter um tempo de viagem de comboio – quem está em Torres Vedras, quem está em Mafra, quem está na região Oeste – para Lisboa, e não precisar do carro e ser muito mais rápido, sem trânsito e muito mais barato.
Na região Centro, queremos ligar Viseu, ter finalmente uma linha, uma estação de comboio e ligá-la à rede ferroviária nacional. Queremos fazer ligações paralelas. Por exemplo, quem está em Tomar e quiser ir a Leiria, não consegue fazer uma ligação direta, tem que vir até ao Entroncamento, trocar. Leva muito mais tempo. Faz todo o sentido ligar Tomar, Ourém, Leiria, Batalha, ligar a linha do Oeste.
Temos várias propostas. No Algarve, temos uma linha fantástica, linha que liga Lagos a Vila Real de Santo António. É fantástica, mas tem um perfil muito lento. Vai ser eletrificada, mas com isso ganha apenas cinco minutos de viagem. O que precisamos é de duplicar estas linhas. Precisamos de ter comboios mais “expresso”, para que as pessoas possam ir de comboio e levar muito menos tempo do que ir de carro, com menos custos e, obviamente, sem emissões. E depois, obviamente, a alta velocidade é uma prioridade.
Queremos uma terceira travessia também em Lisboa, para o Barreiro. Seria uma travessia ciclo-ferroviária, para bicicletas e para comboios. Essa travessia, só por termos um traçado muito mais lógico, para chegar a Espanha, ao Algarve e ao Alentejo, ia reduzir em 30 minutos o tempo de viagem. Porque a travessia actual é muito mais longa, mas também essa nova linha ia permitir que a margem Sul – quem está no Seixal Montijo, Barreiro – tivesse muito mais acesso pelo comboio a toda a malha metropolitana de transportes públicos de Lisboa. E podia continuar a falar aqui do resto da país…
ANA CARVALHO: O nosso programa é quase que um sinónimo de ferrovia para todos. Políticas que vão à região, à cidade. Repito aqui o desafio do Duarte: quem gosta de ferrovia, leiam nosso programa. Estamos à espera de feedback, também coisas que possamos melhorar.
Falaram há pouco da questão de desburocratizar, mas também têm propostas naquilo que é a adoção das melhores tecnologias e da Ciência, daquilo que se sabe, de evolução… Ainda não teremos os tais carros voadores que foi “prometido” um bocadinho à minha geração, mas já poderemos ter, pelo menos, algumas coisas diferentes no funcionamento em Portugal.
ANA CARVALHO: Sim, é isso em todos os sectores. Por exemplo, há pouco falávamos do setor empresarial. No nosso programa apostamos muito também na digitalização, na desburocratização, e isto iria ajudar ao crescimento da economia, no sentido em que, num tecido empresarial em que temos 99% de pequenas e médias empresas, a verdade é que facilitar a vida às empresas é facilitar a vida aos portugueses, aos indivíduos.
No nosso programa temos medidas como este Administrador Público de Empresa, que, no fundo, seria uma figura central que ajudaria a desburocratizar todo o processo de criação de empresas. No fundo, a ligação entre empresas e Estado.
Também aplicamos a digitalização no setor da Saúde. Queremos muito maior digitalização no que toca à administração do Serviço Nacional de Saúde. E digitalizando um pouco em todos os setores, a verdade é que temos, não só, vantagens a nível climático, mas também vantagens para as pessoas, optimização de processos.
Na questão da saúde, todos os anos há uma crise em Portugal. Chega o Inverno, somos sempre apanhados de surpresa com o mês de Janeiro. Somos sempre apanhados de surpresa com o pico de doenças do foro respiratório e é sempre o caos e é sempre uma surpresa. Têm propostas também para resolver… Passa em parte pela digitalização também?
ANA CARVALHO: Passa muito pela digitalização, passa muito por tirar trabalho administrativo aos médicos e contratar mais pessoas administrativas que permitam que os médicos estejam a exercer o seu papel de medicina. Mas sim, digitalização do sistema do Serviço Nacional de Saúde.
DUARTE COSTA: E depois passa também por apostar muito no nível local de atendimento, nas unidades de saúde familiar, que são fundamentais a para desobstruir as urgências. Como é que queremos fazer isto? Não é preciso reinventar a roda. Há muito trabalho que os médicos têm de fazer – profissionais de saúde, em geral, médicos e enfermeiros e outros, técnicos e auxiliares. Quem devia estar a cuidar dos utentes está muitas vezes a trabalhar com burocracia.
Aliás, há alguns estudos que mostram que é no privado, a mesma pessoa, o mesmo médico, mesmo enfermeiro, consegue ter um atendimento que, às vezes, é mais do dobro ou do triplo de pessoas no público. Porquê? Porque no privado existe uma eficiência de administração maior do que no público. Também somos favoráveis a parcerias público-privadas na saúde, que funcionam. Há várias. Funcionam bem. Há outras que funcionam mal. É preciso avaliar o que está a funcionar bem, o que está a funcionar mal, criar regras muito rigorosas nesses contratos entre o Estado e os prestadores de serviços e garantir que, no final, as pessoas têm acesso a um cuidado a um atendimento célere.
E eu acho que este aspecto da saúde digital é muito importante. Até pela nossa experiência noutros países. Na Europa é normal conseguir marcar uma consulta online. Em Portugal, no SNS ainda não é possível, em muitos casos. Nuns é, noutros não é, são regras que variam. Marcar uma consulta online, o médico ter acesso aos nossos resultados, sem nós termos que ir lá, mostrar os resultados de umas análises. Se conseguirmos aproveitar as novas tecnologias… Mesmo as teleconsultas, de telemedicina… Se o médico não precisar de nos ver fisicamente, nós poderíamos usar o tempo dos profissionais de saúde de uma forma mais inteligente e mais eficiente. E, na verdade, quando falo com médicos e enfermeiros e profissionais de saúde, normalmente a resposta que eu tenho é, por exemplo, nas urgências: temos médicos suficientes para atender aquilo que são urgências. O problema é que as urgências estão a fazer o trabalho dos centros de saúde e dos médicos de família.
(Foto: captura de imagem a partir de vídeo do Volt no Instagram)
Pegando nesse tema da saúde, alguns países estão a ficar de pé atrás relativamente ao processo de introdução de alterações ao Regulamento Sanitário Internacional que está a ser feito em paralelo com a criação de um Tratado Pandémico. A pandemia trouxe a necessidade de reforçar a colaboração entre os países e de optimizar algumas formas de funcionar. Contudo, a pandemia foi gerida de forma desastrosa em alguns países, o que é visível nos números do excesso de mortalidade, em que Portugal, infelizmente, é campeão, e é algo muito mau para nós. As alterações propostas reforçam os poderes da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma organização supranacional. E tudo pode ser uma crise sanitária: desde um fenómeno meteorológico, uma guerra… Como é que um partido como o vosso, que defende uma Europa mais forte, vê uma discussão em que a OMS, que tem a influência política de diversos países e é altamente financiada por privados, fica com mais poder? A Europa não fica fragilizada?
DUARTE COSTA: Para que a Europa possa assegurar a defesa dos seus interesses, precisamos de funcionar mais como um bloco. Obviamente que não somos um bloco heterogéneo, ou seja, somos um bloco com muita diversidade. O que o Volt defende é que haja cada vez mais um espaço democrático e de debate interno para que consigamos, depois, ter uma posição global, uma posição de peso em órgãos internacionais, como a OMS, e que representa esse interesse coletivo. Isto, obviamente, não é fácil, mas é justamente tendo processos como partidos como o Volt que estão em vários países e que constroem as suas políticas em conjunto, que isso pode ter cada vez mais peso.
Se tivermos mais partidos nos outros espaços políticos, para além do nosso que é liberal, social, verde, que são pan-europeus, a Europa pode ser mais democrática. Neste caso, em concreto, é aqui um equilíbrio difícil. Porque a OMS, por um lado, tem essas influências de grupos de interesse. Por outro lado, é também uma organização que tem uma base científica muito importante, naquilo que é a avaliação de crises sanitárias e de problemas de saúde de nível global.
Para nós, no Volt, é muito importante, na tomada das decisões, avaliar o que é que a Ciência diz sobre estes elementos. Como vimos na pandemia, nem sempre é possível ter o conhecimento científico porque há muitas coisas que vão além daquilo que é o nosso conhecimento. Neste caso concreto, o que acho que a União Europeia precisa de garantir é de ser essa influência a nível global, que garanta que as decisões da OMS são pautadas por Ciência e não por interesses económicos, seja de grupos farmacêuticos ou de outros. E isso é um papel muito importante e que muitas vezes a gente não se apercebe.
(Fotos: captura de imagens a partir de vídeo do Volt no Instagram)
Tem que haver escrutínio. Ou seja, uma das preocupações é que a OMS não tenha escrutínio. Não existe no Tribunal que possa depois escrutinar. A ação da OMS tem de haver da parte da Europa estar atenta e escrutinar é isso.
DUARTE COSTA: A OMS tem a sua Assembleia composta pelos ministros da Saúde dos seus membros, que são os países do mundo inteiro. Tem um mandato com uma legitimidade democrática. Quer dizer, ninguém elege um ministro da Saúde. É apontado por um governo que, na maior parte dos países como o nosso, também não é eleito. O Parlamento é que é eleito. Se queremos aumentar o escrutínio ou se queremos aumentar a legitimidade democrática da OMS, talvez deveríamos ter as decisões que são feitas ao nível da OMS depois ratificadas pelos parlamentos. No meu entendimento, tudo o que sejam decisões que venham do nível internacional para depois ser implementadas a nível nacional, passam pelos parlamentos, passam pela Assembleia da República. Acho que isso tem esse nível de legitimidade democrática.
O que é importante na sua pergunta que me despertou a atenção é esta questão de as decisões que vamos tomar numa matéria tão importante, como saúde Internacional, têm por base o conhecimento científico ou estão sujeitas a lobbies e interesses de grandes grupos e muito influentes. E, isso, o que eu acho, é que a União Europeia tem que ser um garante internacional, quando muitos outros países, na esfera internacional, não são garante da democracia e da Ciência e do Estado de Direito, a União Europeia tem que sê-lo. E há muitos outros países fora da União Europeia e, sobretudo, países com os quais temos relações de proximidade muito grandes, porque temos laços históricos, sobretudo na América Latina, em África – estes países também esperam que a Europa tenha essa liderança de garantir esse primado da Ciência, da democracia, do Estado de Direito. Porque, para outros países, isso não existe, outros países que são autocracias, que são ditaduras. É o caso da China, o caso da Rússia. É até dos países que são democracias, como os Estados Unidos. Muitas vezes estamos a ver uma situação onde podemos ter um Presidente dos Estados Unidos nada alinhado com estes valores da democracia e dos direitos humanos e do Estado de Direito.
Em todo o caso, tenho encontrado muitos testemunhos de desconfiança em relação ao processo democrático, às decisões políticas, devido ao rotundo falhanço da União Europeia na gestão da pandemia. Há países na Europa com um nível de excesso de mortalidade aterrador enquanto países que recusaram seguir o protocolo alterado da OMS, como a Suécia, têm um excesso de mortalidade residual. Depois, há os negócios opacos, as mensagens escondidas da presidente da Comissão Europeia sobre a compra de vacinas. Houve uma sensação, da parte de alguns europeus, do falhanço da Europa enquanto farol de respeito pelos direitos civis, pelo Estado de direito, pela democracia. Tivemos um certificado digital, apesar de não ter base científica absolutamente nenhuma. Estamos a falar de uma desconfiança que pode ser prejudicial também para o futuro.
DUARTE COSTA: Não estou tão seguro que haja essa desconfiança em relação à União Europeia no que diz respeito à pandemia. Acho que a União Europeia deu um passo enorme para aquilo que é o seu modo de operação. A União Europeia, até 2019-2020, era uma União Europeia muito de base nacional. Como costumo chamar, era uma associação de primeiros-ministros. Portanto, temos ali 27 primeiros-ministros, líderes de governo, que se reuniam no Conselho da União Europeia e que tomavam decisões entre si, unânimes e a União Europeia vai seguir essas decisões. E, pela primeira vez, no meu entendimento –, e não foi só na pandemia, depois repetiu-se com Ucrânia… Também o Green Deal é um exemplo desse esforço da União Europeia de começar a ter uma voz de bloco. Na gestão da pandemia, comprámos vacinas em conjunto. Investimos em Ciência antes de termos as vacinas, fomos um dos maiores investidores em investigação para chegarmos à vacina com outros parceiros globais, o Canadá, os Estados Unidos, o Japão, outros parceiros da Europa.
Portanto, a Europa actuou a uma só voz e é visto pelo Volt como positivo.
DUARTE COSTA: Eu acho que precisamos de ser pragmáticos em como avaliamos a União Europeia. A União Europeia não é perfeita, tem muitas imperfeições, sobretudo derivado desse modelo atual que nós queremos mudar no Volt que é: se for uma União Europeia que fale em nome de todos, mas esses todos são os 27 primeiros-ministros, portanto, não têm uma estrutura de mandatar a liderança Europeia a partir da decisão dos Europeus. Portanto, uma democracia europeia essencialmente, ou seja, com um Parlamento eleito pelos europeus, mas também por um Conselho da União Europeia que queremos que seja um Senado eleito pelos europeus, com um Presidente eleito ou uma Presidente eleita pelos europeus. E, portanto, que haja um compromisso de quem lidera a União Europeia com os europeus e não com necessariamente os primeiros-ministros. Os primeiros-ministros têm importância, são líderes nacionais e têm o seu trabalho a fazer e tem a sua influência nos processos europeus. Nós achamos que a União Europeia deve ter uma relação directa com os cidadãos e é isso que vai reforçar e melhorar a qualidade das decisões que são tomadas.
Na pandemia, acho que houve coisas que ficaram aquém, mas acho que, no global, foi um momento em que a Europa se uniu. Porque percebemos que, para combater a pandemia, podemos combatê-la aqui em Portugal, mas se noutro país ao lado ou até distante, mas que está nas nossas relações, não combater efetivamente o vírus, vai afetar-nos na mesma. Portanto, demos as mãos, mostrámos união. Essa compra conjunta garantiu que países ricos não estavam mais à frente do que países mais pobres para ter acesso a uma vacina para proteger as pessoas. As decisões foram tomadas sempre com base no melhor conhecimento científico possível. Claro que há sempre coisas a aprender para trás, há casos de corrupção ou suspeitas de corrupção que são perigosos.
E censura de jornalistas e de cientistas. E assim se conseguiu criar um falso consenso, não só nessa questão da pandemia. Também na área de proteção ambiental e das alterações climáticas há alguns “consensos” em torno de alguns temas porque há estudos e há cientistas que são censurados. E isso na pandemia foi evidente. O epidemiologista mais citado do mundo, John Ioannidis, o mais conceituado, logo desde o início deu uma opinião diferente daquela que estava a ser imposta, nomeadamente em Portugal. Foi censurado, foi perseguido, foi ameaçado. Estou a dar este exemplo, mas poderia falar de outros cientistas sérios e independentes, ou seja, que não são pagos pela indústria farmacêutica. E há jornalistas premiados que alertaram precisamente para os fortes lobbies. Como é que a Europa se pode proteger, sobretudo em situações de crise, dos oportunistas? Como é que partidos como o Volt podem ajudar a combater esse vírus que é a promiscuidade, a corrupção, os lobbies que existem para que as políticas sejam feitas, muitas vezes com fins que não são para o bem público?
ANA CARVALHO: É preciso votar em partidos diferentes. E voltamos ao início: se continuarmos a votar nos mesmos de sempre, não vamos ter ideias diferentes. Aliás, isto até é uma das leis da termodinâmica. Estamos aqui como um partido que traz ideias novas, traz pessoas novas. Somos pessoas com os nossos vários backgrounds, várias experiências, que não têm os vícios partidários e os dogmas ideológicos que outros partidos já com assento parlamentar…
E os lobbies…
ANA CARVALHO: Exatamente. E que não sofremos impacto de lobbies. Votar no Volt é, de facto, trazer uma força política diferente à política portuguesa. E que tem práticas e políticas concretas baseadas na evidência, baseadas em boas práticas europeias. E e com isso, vamos melhorar a vida dos portugueses, de certeza.
DUARTE COSTA: Sim, é só para complementar, em relação a esta parte dos lobbies, da corrupção e, já agora, falou aí do silenciar de jornalistas – e isso é uma coisa que me faz abrir os olhos e preocupar bastante, porque o jornalismo livre é um pilar, tem uma democracia liberal e isso para nós é muito importante no Volt. A nível europeu, para combater a corrupção e, sobretudo para combater esse lobby negativo, digamos assim, esse lobby com intenções privadas e não do interesse público, precisamos de transparência. Defendemos que todas as reuniões que são feitas com lobistas sejam registadas e que se conhece as influências que se está a tentar obter através dessas reuniões e nos processos legislativos em curso. Isto é muito importante, porque há lobbies que se estão a lutar por uma causa particular. Sobretudo, o enriquecimento ilícito, e por aí fora, e a lavagem de dinheiro – isso não é, de todo, aceitável e é um lobby ilegal.
Mas há outras formas de lobby, por exemplo, quando nós temos ONGs [organizações não governamentais] a puxar para que a União Europeia seja mais ambiciosa na transição climática, esses lobbies são muito bem-vindos. É importante também para as pessoas que nos estão a ouvir perceber que fazer lobby não é necessariamente mau. O que é mau, é as intenções com que se aproxima de um decisor político para influenciar a sua decisão. Temos isso bastante claro, queremos transparência. Não queremos estas portas giratórias, como se costuma dizer – a pessoa que exerce um cargo, no seguimento de um cargo político, não pode exercer um cargo de direção, um cargo altamente remunerado, numa empresa ou numa área de decisão que vai beneficiar do facto de ter sido um decisor em nome de todos. Isso também é outra área muito clara.
Finalmente, para salvaguardar o jornalismo livre, isto é muito importante. E também achamos que a União Europeia deve ter aqui garantias, porque vemos, em vários países, em vários Estados membros da União Europeia, abusos sérios e até diria que, nalguns casos, mais graves do que tem acontecido em Portugal, que também tem havido problemas contra jornalistas. Temos até o caso mais grave em Malta, de uma jornalista que foi assassinada e isto não pode acontecer num Estado de Direito. O que queremos é ter uma União Europeia que tem regras. Queremos ter órgãos de comunicação social europeus, trans-europeus, para que os europeus, em toda a Europa, possam saber o que é que se passa na sua União e não ter esta monotonia, digamos assim, esta exclusividade – se sou português, eu sei o que é que se passa em Portugal e, se calhar, se for ler online, vou saber um bocadinho [sobre o que se passa a nível] internacional. Não. Eu posso ter acesso, através de órgãos europeus, a saber o que é que se passa nos outros países e, com isso, ter aqui um contraditório, ou uma versão paralela daquilo que é que está a ser comunicado a nível nacional.
O meu apelo, que faço aqui mesmo, importante – e para quem se revê nestas ideias –, não basta, hoje, em dia, votarmos no partido que queremos. Precisamos de fazer campanha por ele, precisamos de sair às ruas, nas nossas redes sociais, com os nossos amigos, com a nossa família, mobilizar toda a gente a votar – não é num partido qualquer – é num partido que se alinha com as nossas ideias. E a democracia precisa disso, porque quem está a lutar contra a democracia está a fazer esse trabalho. Está a fazer um trabalho muito bem feito. É preciso que se diga, infelizmente, fazem um bom trabalho para um projeto terrível e nós, do nosso lado, temos que fazer o mesmo para assegurar a nossa liberdade e o nosso futuro.
Pode consultar AQUI o programa do Volt Portugal para as Legislativas de 2024.
N.D. Por um mal-entendido, do qual o PÁGINA UM será o único responsável (e mais ainda o seu director, o qual se penitencia), foi realizada uma primeira entrevista aos representantes oficiais do Volt Portugal para as eleições legislativas de 2024, Inês Bravo Figueiredo e Luís Almeida Fernandes. Contudo, a ideia fundadora do projecto HORA POLÍTICA era entrevistar apenas os líderes dos partidos políticos, independentemente de serem candidatos nas próximas legislativas, da sua posição nas listas ou de integrarem coligações. Daí, por exemplo, se ter entrevistado os actuais (reconhecidos) líderes do PURP (Rui Lima) e do MAS (Gil Garcia) – que não concorrerão às legislativas de Março – e ter-se convidado os líderes de todos os partidos que integram a Aliança Democrática (AD), a Coligação Democrática Unitária (CDU) e a Alternativa 21. Embora assumindo o melindre da situação, propôs-se a realização de uma nova entrevista, desta vez aos co-presidentes do Volt, Ana Carvalho e Duarte Costa, aos quais agradecemos a aceitação nas circunstâncias de sermos ‘obrigados’ a descartar, por agora, a divulgação da entrevista feita a Inês Bravo Figueiredo e Luís Almeida Fernandes. Pedimos desculpa a todos os envolvidos por esta situação.