Pensei preparar uma crónica sobre o modo de combater a mudança climática depois de ler um estudo sobre a utilização da Inteligência Artificial.
Um trabalho que analisava os desenvolvimentos relacionados com a IA e a robótica, que estão entre as ferramentas identificadas num projeto recente liderado pela Organização Meteorológica Mundial, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, e pela União Internacional de Telecomunicações.
Sabendo que a evolução constante da tecnologia se deve, sobretudo, a jovens licenciados, a maior parte deles com preocupações ambientais, analisei com interesse os textos compilados pela “ONU News” sobre o modo “como a IA ajuda o mundo, desde as comunidades às empresas e aos legisladores, a enfrentar as alterações climáticas”.
Os autores do estudo, depois de constatarem que, “ao redor do mundo, a Inteligência Artificial já está presente na saúde, na educação e na indústria”, quiseram saber como esta tecnologia de ponta poderia “ajudar a combater e mitigar os efeitos das mudanças climáticas”.
Rapidamente concluíram que se podia utilizar esta ferramenta em praticamente todas as áreas com extraordinários benefícios para todo o mundo.
A ONU lançou, recentemente, o “Órgão Consultivo de IA” que impulsionou “a tendência global de aproveitar a aprendizagem por máquinas para encontrar soluções para desafios comuns, desde logo começando por melhorar o processamento de dados em conjunto com um número crescente de governos, empresas e parceiros da sociedade civil que trabalham em conjunto para colher os seus muitos benefícios”.
Centenas de jovens espalhados pelo mundo, desenvolvem tarefas de extraordinária importância para o nosso planeta.
Os exemplos apontados neste trabalho são inúmeros e variados:
“Várias agências da ONU apoiam comunidades vulneráveis no Burundi, no Chade e no Sudão através de um projeto orientado pela IA para investigar alterações ambientais passadas em torno de pontos críticos de deslocamento.
Em campo, os dados aperfeiçoados podem ser a solução para problemas até agora incontornáveis. Por exemplo, a aplicação MyAnga ajuda os pastores quenianos a prepararem-se para a seca. Com dados de estações meteorológicas globais e satélites enviados para os seus telefones, os pastores podem planear com antecedência, gerir melhor o seu gado e poupar horas de busca por pastagens verdes.”
O estudo abrange áreas que muitos consideram não serem problemáticas no que respeita às mudanças climáticas.
Desde logo, por exemplo, a “moda”.
Na realidade trata-se de uma “indústria com um histórico de emissões elevadas” mas que pode vir a “beneficiar de pesquisa e desenvolvimento orientados pela IA para acelerar a inovação”, otimizando economias e melhorando a eficiência nas etapas com utilização intensiva de energia.
Outra área fundamental é a agricultura, responsável por 22% dos gases de efeito de estufa lançados na atmosfera, de acordo com um relatório de avaliação climática da ONU.
As acções planeadas pela IA podem mudar esse quadro.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, FAO, apresentou exemplos de tecnologias que visam transformar práticas tradicionais em sistemas baseados em dados que protegem as pessoas e o planeta. Entre elas, “a IA e as ferramentas digitais consideradas fundamentais na construção de sistemas agroalimentares resilientes ao clima que sejam mais eficientes, sustentáveis e adaptáveis aos desafios das alterações climáticas”.
Este magnífico trabalho despertou-me o interesse, repito, e fez com que a minha, já enorme, admiração pela juventude atual aumentasse.
São inúmeros os exemplos, no nosso país, de empreses de sucesso na área tecnológica e os nossos engenheiros informáticos são competentíssimos e uma referência mundial.
Quando juntam a essa capacidade técnica o interesse pela melhoria do nosso mundo tornam-se merecedores de todos os encómios.
É deles que me lembro, de imediato, quando alguns alarves resolvem “lutar em defesa do clima” com “acções” que buscam somente os seus cinco minutinhos de fama nem que seja com atitudes a roçar a total imbecilidade.
Desde atirarem com produtos de todo o género a obras de arte, património mundial, cortarem estradas, desfilarem mais ou menos despido(a)s pelas ruas e, agora, com a nova moda de atirarem com tinta a políticos.
Tudo gentinha com um número reduzido de neurónios, que nunca leram um livro, que nada sabem dos estudos que acima falo, que nunca deixariam a comodidade das suas casas (quase sempre as casas dos pais) onde vegetam, usando todo o tipo de roupa e usando todos os aparelhos e veículos que prejudicam o clima que dizem defender, mas que querem aparecer como paladinos de uma luta de que ouviram falar na televisão.
Uns imbecis que deviam usar a tinta que atiram aos outros para pintar a própria cara.
Vítor Ilharco é assessor
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