DA VARANDA DA LUZ

Estoril 3.1 (com eleições à mistura)

por Pedro Almeida Vieira // Março 10, 2024


Categoria: Opinião

minuto/s restantes


Aviso já. Cheguei uma hora antes do jogo. Uma vez para nunca mais, presumo. Na carruagem do metro, quase vazia, poucos cachecóis encarnados vislumbrei, embora o casal sentado à minha frente os tivesse; o cão, que traziam à coleira, não – imperdoável. Nos ‘torniquetes’ de saída da estação, nenhuma fila. O acesso ao estádio livre estava, se bem que nos comes-e-bebes a afluência fosse bem maior de trincadores de bifanas e afins, sem o aspecto do ‘cemitérios de despojos’ de guardanapos e copos de plástico que se espraiam minutos antes dos jogos. Isso vejo eu nos outros encontros, onde chego em cima da hora, por norma.

Quanto ao estádio, nunca o vi assim. Quer dizer: já o vi várias vezes assim – muitas mesmo desde que escrevo esta Varanda da Luz –, mas depois da debandada geral, no fim dos jogos. Antes dos ditos, como por regra chego à pele, ou mesmo atrasado, entro sempre com a mole humana já bem atiçada. Ora, hoje, cheguei com meia dúzia de gatos pingados nas bancadas, o relvado ainda vazio (estão agora os jogadores a aquecer), e fui descansadamente buscar o farnel constituído, desta vez, por batatas fritas, garrafinha de água de pH básico e baguete de frango assado com espinafres. E uma banana. Melhor foi o almoço regado a Reserva 2018 de marca que agora esqueci, mas que me foi oferecido no meu aniversário pelo Luís Gomes. Sobrou uma, para próxima oportunidade.

Vista está a razão desta minha chegada antecipada. O jogo começa 30 minutos depois do fecho das urnas nos Açores. E eu quis que esta crónica fosse histórica, no sentido de que, desconfio, nenhuma outra antes, em lado algum misturou, àquilo que for calhando numa crónica futebolística (como as referências ao farnel ofertado pelo Benfica ou outras relevantes minudências), os avanços de uma noite eleitoral. Mas, enfim, quando em 2010 escrevi o meu romance ‘Corja Maldita’ e meti um papa a interromper um diálogo para ir mijar, pensava que nunca ninguém fizera tal coisa, até poucos meses depois ter lido a setecentista ‘A Viagem Sentimental’, do inglês Laurence Sterne, que coloca uma senhora a mandar parar o coche para fazer as devidas necessidades fisiológicas. Tudo, na verdade, está inventado.

Para colocar um pouco de ordem no desnorte que será esta crónica, vou então definir que os comentários sobre a bola ficarão entre parêntesis curvos…

(aliás, entraram agora os jogadores do Benfica, onde estará no 11 o João Mário… e acrescento que, há pouco, o nome de Roger Scmidt ecoado nos altifalantes foi brindado por um pequeno coro de assobios, apesar de estar apenas ocupado um décimo das bancadas)

… e os comentários da noite eleitoral ficarão entre parêntesis rectos com as palavras a negrito.

[falta pouco para as primeiras projecções… nem sei o que vem aí, mas o meu palpite é ficarem três partidos na casa dos 20%]

Se a noite aqui no estádio se prolongasse não sei que parêntesis teria para comentar a noite dos Oscars, embora a minha desgraçada vida tenha causado um rombo vergonhoso na minha cultura cinéfila ao ponto de não ter visto sequer um único filme dos ‘oscarizáveis’.

[pronto, saiu uma projecção da SIC-Expresso, com um empate técnico entre AD e PS…]

(espero bem que não haja empate ali em baixo)

[embora com o limite inferior do intervalo a ser superior para a coligação liderada pelo Luís Montenegro, enquanto o Chega pode ‘chegar’ aos 20%, dando-lhe entre 44 e 54 deputados. Nos restantes partidos, uma grande incerteza, porque como tudo depende das respectivas votações nos maiores distritos, sobretudo em Lisboa; mas, aparentemente os pequenos partidos da esquerda tramaram-se com a campanha suave que fizeram contra os socialistas]

Entretanto, reparo que ainda estamos a 20 minutos do início do jogo, ainda vai dar tempo para ver o voo da águia Vitória, o espectáculo de luzes para galvanizar o pessoal, embora o estádio esteja a meio – não sei se pelos extraordinários desempenho dos pupilos do Roger Schmidt nas últimas duas semanas (ou de todas) –, e depois a música das ‘papoilas saltitantes’ seguindo-se o ‘la la la la la’ com cachecóis a rodar.

[tempo agora para ver as projecções de outros órgãos de comunicação social. A sondagem da RTP dá AD e PS com possibilidade de se ‘tocarem’ mas com vantagem para a coligação liderada por Luís Montenegro, com um intervalo de 29% a 33%, enquanto o PS de Pedro Nuno Santos tem uma projecção entre 25% e 29%. O Chega nesta fica-se entre os 14% e os 17%. E os restantes partidos com variações que não permitem saber se sairão derrotados ou muito derrotados]

Entretanto, início de jogo antecedido por um minuto de silêncio em homenagem a Minervino Pietra, que me ‘viu’ tornar benfiquista, pois desde que tenho memória de gostar de futebol – e acompanhar então os relatos na rádio –, desde talvez os meus seis ou sete anos, lá estava ele: foi lateral direito de pedra e cal, e águia ao peito, com aquela sua cabeleira inconfundível, entre 1976 e 1987.

(e começa o jogo, e vou continuar a ver as outras projecções eleitorais, depois de um livre marcado pelo Di Maria quase rasar o poste)

[antes das projecções, vejo no site da RTP que já estão eleitos quatro deputados; ainda me lembro daqueles épicas noites eleitorais que se prolongavam madrugada adentro como os Oscars… Vejo que já estão apurados 62,2% dos votos, e a AD vai à frente com 31,85%, seguindo-se o PS com 28,94% e o Chega em terceiro com 19,28%… A surpresa vem com o ADN, acidental beneficiário da ‘confusão’ com a AD, que surge com 2,02%, à frente até do Livre… entretanto, já foram eleitos seis deputados, três para a AD e outros tantos para o PS… isto promete]

Entretanto, com isto, ali em baixo segue o jogo já com 13 minutos, e eu ainda nem sequer vi bem quem está a jogar, e mesmo que estivesse atento, como ainda não fui mudar de lentes se calhar vou ter dificuldades… Mas garantido é estar o João Mário a jogar porque já vi passes para trás.

[e o Chega elegeu entretanto o primeiro deputado… fui entretanto bisbilhotar a projecção da TVI/CNN, e também dá vitória da AD, com um intervalo entre os 28% e os 33%, mas em empate técnico com o PS…]

(goloooooooooooooooo…. já está, derrotado o empate técnico entre Benfica e Estoril: marca o turco Kökçü, que agora reparo, ao sacar o seu nome com as tremas, a partir da Wikipedia, nasceu na Holanda e até jogou nas selecções jovens por aquele país… estou mesmo ‘out’ nestas coisas do futebol, uma desgraça)

[… continuando pela noite eleitoral: as projecções da TVI/CNN dão o terceiro lugar ao Chega, que pode ir dos 16,6% até aos 21,6%… Mas na contagem a sério…]

(raios m’partam: golo do Estoril. Remate de um estorilista, Trubin a socar para a frente e leva um balázio; portanto, por aqui estamos de novo com empate técnico na contagem a sério)

Vou agora ver uns cinco minutos do jogo para descontrair e perceber as razões para se estar a assobiar tanto nas bancadas, que estão com imensas abertas. Já volto aqui, ou com um golo ou com os resultados eleitorais em curso, se entretanto chegar o intervalo. Ou com outra qualquer coisa que surgir… Também não posso estar sempre a escrever…

Olha, vou comer a banana enquanto tremo com os contra-ataques do Estoril.

Quer dizer, ainda deu para um breve telefonema com o nosso colunista Luís Gomes, entusiasmado com a noite eleitoral…

Para estragar a festa, lançamento de very lights por parte de uma claque benfiquista… portanto, um multa a caminho.

[e enquanto se aguarda que se disperse a fumaça, adianto que, neste preciso momento em que vos escrevo, com 78% dos votos apurados, estão eleitos 12 deputados da AD, nove do PS e quatro do Chega, mas, por conta do método de Hondt, só mais para o final se saberá a distribuição. Em todo o caso, parece garantida a vitória de Luís Montenegro; quanto a Pedro Nuno Santos saiu-se melhor do que eu esperaria, e a ‘coisa’ não está fácil para o PAN e para o Livre, sobretudo para o partido de Rui Tavares que aparentava querer ultrapassar um Bloco de Esquerda que tem em Mariana Mortágua um flop]

Ali em baixo entretanto, está a precisar-se de um intervalo. Nos pouco momentos que olho para o jogo, constato que o Benfica continua a não me dar arrependimento por estar desatento. A continuarem assim, prevejo, sem necessidade de projecções, que as bancadas vão começar a esvaziar-se até ao final da época.

(golooooooooooo… chiça! Nos descontos, parecia que ninguém queria cruzar para a área; lá se cruzou, não vi quem, e ao segundo poste Tiago Gouveia assiste Marcos Leonardo, que factura em cima da linha)

Sem se saber ler nem escrever, lá chegou o intervalo com o Benfica a desfazer o empate, dando-me tempo agora para olhar melhor para os resultados eleitorais e fazer um ou outro telefonema.

[portanto, neste momento, com 87% dos votos apurados – isto vai ser rápido! –, a AD conta 17 deputados, a que acresce mais um do PSD-CDS na Madeira; o PS vai em 15 e o Chega segue com nove. Ainda falta muito deputado a ganhar lugar, mas pelas percentagens, as ‘coisas’ não estão famosas para os pequenos partidos, pois todos estão abaixo dos 4%, por agora. A maior surpresa será o resultado do ADN, que com 1,81% provavelmente elegerá pelo menos um deputado em Lisboa, e encontra-se à frente do PAN e muito próximo do Livre, que andou a ‘cantar de galo’ na campanha e se calhar pouco mais terá do que o Rui Tavares no hemiciclo… Em todo o caso, vejo que no distrito de Lisboa, por agora, só estão apurados 37% dos votos, significando que há muita coisa ainda a decidir quanto aos pequenos partidos, sendo que, se se mantiver esta tendência, o Livre conseguirá eventualmente dois deputados, e o PAN e o ADN um cada, aumentando-se assim a representatividade partidária na Assembleia da República. Curiosamente, por agora, no distrito de Lisboa está o PS à frente, embora PS, AD e Chega estejam todos na casa dos 20%]

Lá em baixo já se encontram no meio-campo os árbitros, chegam entretanto os jogadores e vai este joguinho morno recomeçar.

(e recomeçou mesmo, morninho, tanto assim que nas bancadas quase não se ouve nada, e daqui onde estou até consigo ouvir um jornalista, que está na bancada acima daquela onde me encontro, a relatar o jogo para uma rádio)

[Entretanto, estou a divertir-me com os resultados do ADN que consegue mais de 3% no distrito de Viseu, e ‘arrisca’ eleger no Porto… neste momento os ‘gajos’ da AD devem estar a chamar-se estúpidos com a lembrança de ‘ressuscitarem’ a Aliança Democrática de Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Ribeiro Teles… pobre alma do Ribeiro Teles, substituído pelo ‘desaparecido’ Gonçalo da Câmara Pereira]

(golooooooooooo… 3-1. Belo remate cruzado de Tiago Gouveia. Aqui, pelo menos as coisas estão a clarificar-se)

No meio disto, diz-me o Ruy Otero, um dos co-autores (e, para ser justo, o principal autor) da (imperdível) série ‘Indecisos’, que o PÁGINA UM publicou no seu novo canal do Youtube, que já está a pensar na nova remessa para daqui a uns seis meses, com as novas eleições. Vamos lá  ver como estão os resultados, que isto muda agora muito de repente…

[Pois bem, com 93% dos votos apurados, AD conta com 32 mandatos, se incluirmos o deputado da Madeira eleito pelo PSD-CDS, enquanto o PS vai com 29. Um quase empate, por agora. O Chega vai com 14 e 18,88% dos votos, e os restantes partidos estão ainda a aguardar que o ‘amigo’ Hondt se decida com as contas finais. Neste momento, a IL está com 4,23%, Bloco de Esquerda com 3,95%, CDU com 2,96%, Livre com 2,30%, ADN com 1,77% e PAN com 1,61%… Enfim, acho que vamos mesmo daqui a pouco para eleições novamente, excepto se o Montenegro quiser ‘engolir’ um sapo chamado Ventura]

E ali em baixo estamos no minuto 60, tudo calmo, vai haver um canto a favor do Benfica, e anda-se ali a passar o tempo. Houve um remate mas nada se especial. Nem as habituais substituições do Schmidt ao minuto 60 foram feitas. Já que estamos em noite de eleições, e houve sondagens e projecções, e agora resultados quase finais, vou alvitrar um palpite: sem jogar a ponta de um corno, o Benfica ainda vai ganhar 5-1.

[E como estou com curiosidade, vejamos a evolução dos resultados eleitorais, a esta hora, isto é ao minuto 64 do Benfica-Estoril. Apurados 95% dos votos, há finalmente dois deputados eleitos fora dos ‘três grandes’: IL e Bloco de Esquerda contam o primeiro.  Quanto à AD vai…]

(entretanto, jogada a ser revista pelo VAR por possível penalty… segue jogo)

[…a AD ia com 35, se contássemos com a Madeira, mas entretanto, por causa da espera do VAR, vai agora já com 38, porque acrescem agora dois na Madeira para o PSD-CDS. O PS segue perto, com 37; o Chega tem já uns impressionantes 22]

Esta crónica está, como seria previsível, bastante esquisita. Ainda por cima, como director de um jornal que até foi inovador na cobertura da campanha eleitoral – por ter sido o único que se predispôs a ouvir todos os líderes partidários, havendo apenas cinco faltosos em 24 ‘convocados’ – deveria estar a fazer uma ‘noite eleitoral’ à moda antiga, talvez em directo, que não nos faltam excelentes comentadores políticos, como sejam o Tiago Franco e o Luís Gomes; mas enfim, foi uma semana complicada, e não dá para tudo. E sobretudo não dá porque não nos podemos dar ao luxo da Impresa, o luxo de acumular mais oito milhões de euros de dívidas para contabilizar depois dois milhões de euros de prejuízos à conta do pagamento de juros.

(anunciam-se 48.964 espectadores no estádio… bem me parecia que hoje ficávamos abaixo dos 50 mil, e não sei se foi por causa da noite eleitoral)

[noto, entretanto, que apesar de estarem apurados 96% dos votos a nível nacional, ainda há um grande atraso nos distritos que decidem. Em Lisboa estão apurados apenas 59%, e em Setúbal 76%. Noto também que, em Beja, o Chega ganha um deputado e fica mesma à frente da AD. Em Évora ficará um deputado para cada um dos ‘três grandes’ e em Portalegre o Chega ‘rouba’ surpreendentemente o deputado à AD. E nisto, o Alentejo já foi chão que deu votos aos comunistas… Ficam a zero pela primeira vez. Saramago dá voltas na tumba]

E nisto do jogo, estamos no minuto 88, e o meu palpite do 5-1 falhou, tal como têm falhado todos os meus desejos de…

(bola ao poste… era o 4-1… e no contra-ataque foi uma sorte não ser o 3-2… vai haver cinco minutos de compensação)

… ver um jogo empolgante. Quer dizer: ver, não vejo, não apenas por nunca mais aviar as dioptrias de que necessito; não apenas por, escrevendo crónicas em directo, ser complicado acompanhar o jogo; mas porque, enfim, esta equipa anda longe de empolgar os seus adeptos. Mas gostava de, pelo menos, sentir a vibração nas bancadas, e acabar a escrever uma crónica em branco porque lá em baixo me ‘agarraram’…

[E enquanto o árbitro não finaliza isto, vamos lá ver as novidades eleitorais nesta noite em que poucos vão gritar vitória. Pois bem…]

(não deu para ver ainda, porque o árbitro acabou isto… vamos lá agora para as eleições)

[Neste preciso momento, às 22h28, faltam apenas apurar os resultados totais de 28 concelhos e de 2% dos votos, mas isto resulta numa indecisão sobre os partidos de 86 futuros deputados. Mas vejamos como a coisa está, por agora, distribuída: 54-54 no despique entre a AD (com PSD-CDS na Madeira) e o PS, depois segue-se o Chega com 34 deputados (e será o único a cantar vitória), e muito mais atrás a IL contabiliza três deputados, e o Bloco de Esquerda e o Livre já conseguiram um… Mas, como digo, ainda falta distribuir muita coisa… Vou aqui paginar esta estranhíssima crónica, e já regresso para os resultados finais. Se os houver]

Tudo paginado à trouxe-mouxe, reparando que não tirei assim muitas fotos durante o jogo, e atendendo que são daqui a nada 23:00 horas, e vendo ainda que hoje já nem houve sequer umas corridas dos suplentes não utilizados, vamos lá acabar com isto, olhando uma derradeira vez para os resultados.

[com parênteseis rectos?]

Tanto faz. Vai assim: terminada a escrita desta crónica às 23h06 do dia 10 de Março do ano da graça de 2024, tendo 99% dos votos apurados e 297 concelhos definidos, mas faltando assim distribuir, à conta do Hondt e dos círculos distritais, ainda 45 dos 230 mandatos (farei depois uma adenda), a AD lidera com 68 deputados (contando com os três ganhos pelo PSD-CDS na Madeira), o PS conta 65, o Chega vai com 41, e depois, bem cá para trás, a IL tem cinco e Bloco de Esquerda, CDU e Livre estão com dois, cada um. O PAN tem uma votação de 1,88% a nível nacional, mas elegerá Inês Sousa Real em Lisboa, onde tem 2,49%. O ADN vai com 1,65% e dificilmente elegerá alguém porque em Lisboa (onde há 48 mandatos) está com apenas 1,49%.

E pronto, temos uma situação política assaz interessante! Decididamente, mais interessante do que os jogos do Benfica.


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