Antifascista
Antipatriarcado
Antigenocida (mas dos genocídios maus)
Anti-imperalista
Anti-islamofobia
Antigordofobia
Feminista e LGBTQIA+ (mas só para o Ocidente, porque é multiculturalista)
Adora a Netflix, a Big Tech e a Big Pharma, mas odeia de morte o capitalismo
É contra a especulação financeira (excepto a do filantropo Soros)
Valoriza muito o sentido de humor nas pessoas (mas somente o humor inclusivo)
Assim como há quem se benza com Pai, Filho e Espírito Santo, Fábio Fausto, sendo laico, benze-se com «Igualdade», «de» e «Género», mantra que repete cinquenta vezes por dia
Gosta de pronomes inclusivos e só vai a Manhattan quando se chamar Womanhattan
Prefere ler Herstory a ler History
Usa peoplekind em lugar de mankind, porque é mais inclusivo
Está numa relação aberta (ainda não informou a parceira, mas apenas porque não tem nenhuma)
Pacifista
Progressista
Globalista
Decolonial
Pró-Ucrânia, mas anti-OTAN
Pró-Palestina, vai a manifestações com a bandeira do arco-íris e a bandeira da Palestina
Gosta de mulheres, mas afirma-se queer
Sente as trepidações dos ventos do tempo e está sempre do lado do vento que sopra, não por oportunismo, mas apenas por querer estar sempre do lado do progresso
Já viajou muito pelo mundo, pelas principais cidades cosmopolitas, vive na Lapa, gosta de viajar em executiva, de ir aos lugares mais finos do Príncipe Real e a hotéis de cinco estrelas, mas o seu coração está na Cova da Moura e no Bairro da Serafina, que são os seus destinos de sonho para uma viagem que ainda não realizou
Não foi a muitas manifestações pelo Bem (com excepção das mais mediáticas), mas põe gosto em todas
Sonha em linguagem inclusiva
Adora gatos e livros, especialmente livros escritos por pessoas racializadas, mulheres e trans
Apesar de não dispensar um bom bitoque na Portugália, sonha ser vegano
Obcecado com questões de género e ecologia (ainda que troque de iPhone todos os anos e viaje muito de avião)
Nunca faz generalizações nem tem preconceitos, excepto sobre a escumalha dos fogareiros (vulgo taxistas) e da bófia
Nunca discriminou ninguém com base na classe, na etnia, no género ou na orientação sexual, porque não paga estágios remunerados a todes por igual
Adora pessoas trans e a cultura africana, sobretudo nas redes sociais
Nunca fez uma rasteira a um cego
Gosta de ser fotografado com pessoas com perturbação do espectro do autismo e com trissomia 21, desde que haja legendas
Quando era pequeno, foi o primeiro a reciclar lixo no seu bairro
Nunca, ao contrário dos colegas, apalpou uma menina quando era pequeno e está muito arrependido de ter contado uma anedota sexista aos doze anos
Não é apologista da violência, mas já deu uns sopapos a uns fachos
Hiperconsciente do seu privilégio de homem branco hétero e cis
Principal qualidade: empatia (mas detesta e lincha pessoas tóxicas, tem de ser… não podemos ser tolerante com os intolerantes, já explicou Popper)
Defeitos: só tem dois — detesta a hipocrisia e é muito teimoso na defesa dos seus ideais!
Manuel Matos Monteiro é escritor e director da Escola da Língua
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.