EDITORIAL DE PEDRO ALMEIDA VIEIRA

O caso Público: a vergonhosa patifaria de um jornal colaboracionista

por Pedro Almeida Vieira // Junho 2, 2024


Categoria: Opinião

Temas: Editorial

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No dia 23 de Dezembro de 2021, dois dias após o seu nascimento, o PÁGINA UM foi alvo do mais soez e escroque ataque da imprensa mainstream. Preparado como denodo, usando um então jornalista-estagiário da CNN Portugal (há muitos jornalistas que, de pequenino, ‘nasceram’ tortos e sem ética como ‘paus-mandados’), uma minha notícia de investigação sobre a baixíssima taxa de internamento em cuidados intensivos e a letalidade nula de crianças com covid-19 – apresentando os casos convenientemente anonimizados – serviu para acusações encapotadas de o jornal (e eu) estar ao serviço de movimentos ditos “negacionistas”. No lead da minha notícia, de grande rigor, salientava que “este é o cenário de uma faixa etária que pouco tem a beneficiar de um programa de vacinação em massa. Apenas ganha incerteza no longo prazo”. Eram dados reais, oficiais, que contrariavam o pânico lançado pela imprensa para um programa de vacinação muito apetecido por certos sectores da sociedade.

A forma como a notícia da CNN Portugal foi então orquestrada – com seis opiniões de médicos críticos (não se sabe bem a razão), acompanhada de uma suposta denúncia (nunca concretizada da Ordem dos Médicos) à Comissão Nacional de Protecção de Dados –, sem me identificar e ao PÁGINA UM (mas sendo mais do que óbvia, pelo elementos fornecidos), e a difusão massiva e corrosiva por outros órgãos de comunicação social, tinham um objectivo claro: decepar literalmente um projecto  de jornalismo independente.

Não vale aqui historiar agora o falhanço da imprensa mainstream nessa demanda – e, compreendo bem, as vantagens deles em que não existisse nos últimos dois anos e meio o PÁGINA UM.

Mas, no meio deste processo, há um jornal (chamemos-lhe assim) cujo ‘tratamento’ jamais perdoarei – e que deve ser destacado agora à luz das revelações do PÁGINA UM sobre a ocultação por Miguel Guimarães (antigo bastonário da Ordem dos Médicos e actual vice-presidente da bancada do PSD) dos pareceres do Colégio de Pediatria e da consequente perseguição ao pediatra Jorge Amil Dias. Estou a falar do Público.

Como se tem mostrado agora patente, nunca houve consenso, pelo contrário, na vacinação contra a covid-19 de crianças e adolescentes – e, infelizmente, temo que se venha a revelar um dos piores erros (ou crimes), colocando os lamentáveis episódios da vacinação contra o HPV na Índia em 2009 (num projecto financiando pela Fundação Melinda e Bill Gates) ou dos ensaios escabrosos da Pfizer na Nigéria em 1996 com uma vacina contra a meningite como ‘brincadeiras de crianças’.

O parecer assinado por Jorge Amil Dias, então presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, que ontem revelámos, mostra-se, aliás, uma peça antológica daquilo que se espera de uma Medicina credível e prudente, que impele para a confiança e esperança. Ainda mais quando se trata da protecção de crianças e jovens. Este parecer, nunca é demais sublinhar, foi escrito em Julho de 2021.

Público preferiu contribuir para silenciar, censurar e difamar as opiniões contrárias à ‘narrativa’ em vez de questionar e investigar se o ‘consenso’ era natural ou uma imposição. O ‘consenso’ da vacinação de menores só era possível porque a Ordem dos Médicos se censurou um parecer do Colégio de Pediatria e perseguiu profissionais.

Ou seja, nunca houve consenso para a vacinação de adolescentes e crianças, a começar pela classe médica e, em particular, por parte da cúpula da Pediatria. E não foi apenas nos pareceres do Colégio da Pediatria, mas também num abaixo-assinado de profissionais de saúde, no início de 2022, que foi ostracizado pela generalidade da imprensa mainstream.

Aquilo que houve foi colaboracionismo da imprensa: acções concertadas com as autoridades para ostracizar e eliminar ‘vozes críticas’, mesmo se credíveis, misturando-as com radicais, apodando-as a todas de ‘negacionistas, ‘bolsonaristas’ e ‘trumpistas’. E se é difícil apresentar provas sobre a a acção e a agenda de muitos directores (e jornalistas), no caso do Público é muito fácil, porque confessaram o seu vergonhoso acto.

Aquando do processo de um direito de resposta do PÁGINA UM, que envolveu a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), o jornal Público tentou, em meados de 2022, evitar a sua publicação apresentando uma providência cautelar no Tribunal Administrativo, que obviamente perdeu, Mas é nessa peça jurídica, apresentada pelo advogado do Público Francisco Teixeira da Mota (e choca-me vê-lo nesses ‘preparos’) que se revela o papel de colaboracionista daquele jornal durante a pandemia, pela mão do lastimável então director, o suposto jornalista Manuel Carvalho.

Com efeito, nessa peça jurídica assumida pelo Público, é escrito o seguinte sobre o artigo do PÁGINA UM que era de um rigor a toda a prova: “A omissão do nome da página do Facebook ou do jornal que a alimenta foi uma decisão deliberada da Direcção Editorial do jornal PÚBLICO  e da editora da secção da Sociedade, que, com sentido de responsabilidade, não quiseram dar publicidade à publicação que, manifestamente, tinha tomado posições claramente atentatórias contra a necessidade de se criar consenso social em favor da vacinação, algo que o jornal PÚBLICO assumiu e defendeu desde a primeira hora.”

Trecho do texto da providência cautelar do Público onde ‘justifica’ a sua posição e me ataca directamente acusando-me de ter “tomado posições claramente atentatórias contra a necessidade de se criar um consenso social em favor da vacinação”.

E mais adiante, acrescenta o advogado do Público: “No âmbito desse exercício de liberdade, [o Público] entendeu não divulgar páginas de redes de sociais ou sites informativos que, na sua perspectiva, questionam ou ofendem o interesse público que deve orientar a vacinação e a gestão de informação respeitante à pandemia de covid-19”.

Se já choca ver um jornal defender que a função da imprensa, num regime democrático, passa por, “com sentido de responsabilidade” difamar um outro jornal (e um jornalista com créditos firmados) por não contribuir para “a necessidade de criar consenso social em favor da vacinação”, sem qualquer questionamento, a gravidade desta postura piora à luz das revelações da censura do parecer do Colégio de Pediatria do Ordem dos Médicos por Miguel Guimarães e à consequente perseguição do pediatria Jorge Amil Dias por causa dos seus prudentes e certeiros pareceres.

Segundo tercho do advogado do Público onde me acusa de questionar ou ofender “o interesse público”. Fazer jornalismo de investigação até apurar, com recurso aos tribunais, que houve pareceres do Colégio de Pediatria censurados pelo então bastonário da Ordem dos Médicos deve ser, seguindo esta interpretação do Público, uma ofensa ao interesse público. De facto, quando se é colaboracionista, a busca da verdade é uma ofensa ao “interesse púbico” no conceito do poder que se serve.

Nunca houve consenso para a vacinação contra a covid-19 de menores nem motivos de Saúde Púbica para avançar com esse programa de desnecessárias consequências imprevisíveis; houve sim a imposição de uma ‘narrativa’, e o Público e os seus jornalistas não apenas pactuaram – colaboraram activamente em impor esse alegado “consenso social”, recorrendo à censura e à mais vil difamação. E assumiram. Sem vergonha nem remorsos. O Público negou o jornalismo e abraçou o colaboracionismo, participando em abjectas estratégias típicas de regimes ditatoriais. Agiu a então Direcção Editorial do Público (alguns membros ainda se mantêm na actual) esfaqueando nobres princípios da Democracia, o regime que lhe concedeu a liberdade de informação, mas também a responsabilidade de bem informar sem cometer filhadaputices.

Emfim, o Público portou-se, durante a pandemia, como um pasquim subserviente dirigido não por jornalistas mas por colaboracionistas – por uns merdas. Na língua de Camões, não há um eufemismo passível de ser usado para caracterizar esta gente que tem nome.

Nota final: uma vez que não confundo jornalistas colaboracionistas com jornalistas dignos que ainda exitem, e muitos no Público, convém relembrar quem integrava a Direcção Editorial deste jornal que “com sentido de responsabilidade, admitiu querer difamar com dolo quem “tinha tomado posições claramente atentatórias contra a necessidade de se criar consenso social em favor da vacinação“, apesar da existência de um parecer ‘censurado’ da autoria da cúpula da Pediatria portuguesa e da notícia do PÁGINA UM ser factual e rigorosa. Vejamos quem eram pela ficha técnica do Público de 23 de Dezembro de 2021: Manuel Carvalho (director), Amílcar Correia, Andreia Sanches, David Pontes e Tiago Luz Pedro (directores-adjuntos). A editoria da Sociedade era ocupada por Rita Ferreira e Pedro Sales Dias. Todos, do ponto de vista de moral e ética profissional, uns trastes.


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