Tinta de Bisturi

Migrações

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O problema imigrante é um problema que se mete no bolso alheio. Eu coloco-te um pico nas calças que te pica a nádega e te dói o rabo quando te sentas. É o “pico pico serenico” que te enfio na ganga. O problema imigrante é uma estratégia da política gargarejo. O político mete uns sumos bons e faz “gru gru” de pescoço erguido, mas não bebe, não assume, não emborracha.

Assim se perpétua o problema imigrante. Vejamos os discursos dos demagogos: “As migrações devem-se todas aos países ricos. São os lugares onde vivem os culpados, pois são eles que obrigam as pessoas ao fluxo, porque sobretudo ganham dinheiro com os botes afundados e os corpos afogados”. Ora tende juízo!

Mais discursos demagógicos: “A culpa nunca é dos políticos miseráveis que se abarbatam com o dinheiro dos povos, não é dos boçais demagogos que conduzem países inteiros à miséria. Nunca se escreve em grande o nome dos donos dos regimes de partida. Fala-se de Itália que recebe, mas omite-se a Somália, o Sudão, a Nigéria, a Etiópia”. Haja tino!

Os picos sul-americanos, africanos e asiáticos que se enfiam no bolso alheio, brotam de faunas violentas, de regimes cancerosos, de poderes malignos onde alguns arlequins e pierrots se perpetuam há décadas infligindo morte, perseguição e miséria. São os regimes sustentados no narcotráfico, solidamente apoiados em negócios petrolíferos, associáveis a radicais religiosos, regimes de muitos matizes que murmulham miséria, que semeiam atrocidades.  Os fanáticos querem politizar o que é apenas do domínio do humano insano: os pecados mais óbvios. Regimes de gananciosos, ou psicopatas, ou vaidosos. Não me importa a cor política destes vermes! As guerras infindas que criam fugas massivas de população são outra origem das imigrações.

As migrações causam problemas? – Causam!

Que a procrastinação no destino aumenta as mortes? – Aumenta!

Que a chegada de milhões de homens à Europa e à América é um risco?  – É!

A mistura de culturas radicais acarreta tensões. Se as sociedades facilitam as entradas em volumes impossíveis de registar, volumes sem definição estratégica, constroem margens inseguras, lugares de alta voltagem.

O Governo anterior deixou quatrocentos mil picos nos bolsos do Governo actual. Havia um enorme problema que se escondia sob o manto ideológico dos demagogos. Vivemos oito anos de ausência de soluções e agora temos um problema para resolver. Como este Governo vem com a genica toda, passámos dos oito aos oitenta, e agora é tudo a trouxe-mouxe. Intenções não faltam, estonteante poder executivo num lamaçal perigoso. Gosto de soluções muito mais que de problemas e admiro quem quer fazer caminho, mas não esqueço a importância de reflectir, delinear, construir objectivo e por fim criar a logística.

A Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), que sucedeu ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) estava de pantanas e apostou-se numa reforma que era suportada nesta estrutura. Sucumbiu à primeira vaga. Era um super-tubo a cair sobre funcionários que só sabiam chapinhar.

Mas agora o tal do Chega tinha razão: havia um problema! Os fluxos de pessoas são inevitáveis e ninguém desmente os seus lados bons. O que não queremos é uma realidade adulterada por uma onda insurfável. 

Diogo Cabrita é médico


N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

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