Há uma semana, de forma discreta, o PÁGINA UM fez dois anos e meio. Trinta meses. No decurso desta sua curta vida, julgo que temos marcado, em Portugal, o paradigma do jornalismo absolutamente independente num contexto de descredibilização e de profunda crise de valores (e crise financeira) da imprensa mainstream.
O projecto jornalístico do PÁGINA UM nasceu de uma ideia quase utópica num mercado nacional de pequena dimensão: fazer um jornalismo independente, irreverente e incómodo, com acesso completamente livre e vivendo apenas de donativos dos leitores.
Mesmo com esta fasquia radical, fizemos em 30 meses um trabalho de que, sem falsas modéstias, nos podemos orgulhar, incluindo a nossa luta pela transparência da Administração Pública, sobretudo por ter sido feito por uma equipa de três jornalistas profissionais, até ao início deste ano, e agora apenas com dois.
Nestes 30 meses ‘aprendemos’ ( e eu em particular, porque tenho garantido a manutenção de notícias e outros conteúdos, incluindo trabalho em fins-de-semana e curtas férias) há limites humanos e financeiros na nossa acção se o PÁGINA UM mantiver uma postura irredutível no exclusivo apoio financeiro por parte dos seus leitores.
Ao fim de dois anos e meio, o PÁGINA UM, através da sua empresa gestora (criada em Abril de 2022), conseguiu angariar dos seus leitores cerca de 100 mil euros (um pouco menos de 43 mil em 2022; e 56 mil no ano passado). Foi com este dinheiro que sustentámos não apenas o trabalho jornalístico como os gastos operacionais decorrentes de um jornal digital com periodicidade diária, tendo contado, também, com muito trabalho pro bono de diversos colaboradores. Não houve um único dia sem novas notícias e novos conteúdos. Mas muito ficou por publicar não por falta de coragem, mas apenas por falta de tempo face às restrições humanas e financeiras.
Ao fim destes dois anos e meio, o PÁGINA UM conseguiu, fruto de uma gestão muito rigorosa, (pequenos) saldos positivos nas suas contas dos anos de 2022 e de 2023. Não pedimos empréstimos (nem um euro) e o nosso passivo é virtualmente zero (aquele que consta nos balanços são contribuições que acabaram pagas no mês seguinte ao encerramento das contas). Mas isso vale de pouco. O PÁGINA UM está num impasse financeiro: queremos fazer muito mais, mas é humanamente impossível por falta de recursos. Não entraremos em falência (muito longe disso), mas também as perspectivas de crescimento no actual modelo de negócio são escassas, quando se tem um orçamento mensal que, em muitos meses, não atinge sequer os 5.000 euros. Este valor mensal é ridículo – na esmagadora maioria dos principais órgãos de comunicação social é inferior ao que ganha apenas o director.
Por isso, assumindo o risco de imagem, e conscientes de que os leitores que actualmente nos financiam são os melhores leitores que um jornal pode ter – valorizam o nosso trabalho, mesmo com acesso livre –, julgamos que temos provas dadas de independência que nos permite, colocando-nos sempre à prova, arriscar passar a abrir a possibilidade de receber donativos de empresas e entidades empresariais. Obviamente, reservando sempre o direito de recusa.
Esse eventual aumento de receitas será crucial não apenas para optimizarmos as nossas instalações – que estão, neste momento, subaproveitadas por não termos capacidade financeiras de ter mais jornalistas nem dar eventual formação a estagiários – como também ‘aliviar’ o meu trabalho para outras actividades e para outras tarefas de investigação mais aprofundada.
Sabemos que essa abertura a donativos empresariais representa perigos de imagem e de credibilidade ao PÁGINA UM, mas também sabemos que é no quotidiano que demonstramos a nossa isenção e independência. Por esse mesmo motivo, decidiu-se que os donativos empresariais passam a estar acessíveis, mas apenas em condições especiais.
Primeiro, cada empresa ou entidade privada pode conceder, em condições normais, um máximo de 500 euros por semestre, sendo que valores superiores carecem sempre de uma publicitação da sua existência, com a identificação da entidade e do montante e de uma declaração da inexistência de qualquer contrapartida, ou seja, as verbas doadas não se destinam a cobrir (ou a não cobrir) uma determinada área. As empresas e entidades privadas estão também impedidas de usar os donativos ao PÁGINA UM como forma de marketing.
O PÁGINA UM manterá o acesso livre aos conteúdos do jornal, a ausência de publicidade ou de parcerias comerciais e a recusa de aceitação de apoios financeiros do Estado (ou das autarquias ou ainda de empresas públicas).
Independentemente do sucesso desta ‘proposta’ do PÁGINA UM, continuamos a contar com os apoios financeiros imprescindíveis dos nossos leitores – sem os quais não poderíamos existir. E garantimos que não ‘venderemos a alma ao diabo’: na véspera de uma ‘concessão editorial’ por razões financeiras, garanto aos leitores (e aos detractores), o PÁGINA UM fecha. Mas esse dia, se existir, ainda estará muitíssimo longe, vos garanto.
Aconselhamos a leitura do Código de Princípios. Em caso de dúvida ou para informações, escreva para subscritores@paginaum.pt ou geral@paginaum.pt.
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