O magnífico Bernina Express
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Raquel Rodrigues regressa ao PÁGINA UM com uma proposta de viagem de Inverno: Itália e Suíça através do Bernina Express, uma rota classificada como Património da Humanidade.
Foi em Novembro de 2022 que li um post de um amigo, que como eu adora viajar e é um apaixonado por Itália. Na mesma hora, liguei-lhe a dizer que ia marcar a viagem e seria maravilhoso se as agendas coincidissem e viajássemos juntos.
Marquei os voos de Lisboa para Bergamo, e comecei logo a preparação da viagem. Como já conhecia a imponente Bergamo, La Città Alta, cidade muralhada, com um centro histórico muito bem preservado, segui a recomendação do meu amigo e começámos o roteiro por Brescia, onde chegámos a tempo de um almoço rápido, ainda com tempo para explorar a cidade.
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Estacionámos o carro alugado no parque de estacionamento da “Piazza della Vittoria”, e daí seguimos a pé. Nesta praça nota-se o estilo racionalismo italiano, de 1926-1943, onde se localiza o Palazzo de la Poste; o Il Torrione, o primeiro arranha-céus italiano e, primeiro da Europa, construído em cimento armado. Seguimos a pé para a Piazza della Loggia, construída na época em que Brescia fazia parte da República de Veneza. Aqui encontramos o magnífico Palazzo della Loggia e a bonita Torre do Relógio. Depois, seguimos a pé pelos corredores de lojas até à Piazza del Duomo onde a Duomo Nuevo e a Duomo Vecchio se encontram e juntos fazem o postal da cidade. É obvio que a Duomo Vecchio é muito mais fascinante, em primeiro lugar por ser um edifício redondo, e depois pela histórica que carrega, com ruínas de mosaicos paleocristãos.
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Mas a história de Bréscia não termina aqui, pois remonta ao período pré-românico, com as ruínas de Brixia, o nome romano da cidade. Esta área arqueológica, a mais bem preservada do norte de Itália, reúne na Piazza del Foro e Capitolino, as estátuas de Juno, Júpiter e Minerva, um teatro romano e um santuário de século I com frescos e pavimentos do século II antes de Cristo, muito bem preservados. A joia da coroa é o Castelo Alto de onde conseguimos ter uma perspectiva fantástica da cidade.
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Final da tarde. Seguimos para Iseo, a 45 minutos de Bréscia, a cidade que dá o nome ao lago e onde jantamos, em cima do lago, numa pizzaria que muito recomendo, Leon D´Oro. Terminando o jantar ,seguimos para Pisogne, a 30 minutos de Iseo, onde dormimos as duas noites e ficávamos a meio caminho de Tirano, o ponto de partida do fantástico “Trenino Rosso”.
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Chegamos a Pisogne tarde, mas a simpatia de Bárbara e sua família fez-nos sentir que tínhamos feito a escolha certa para esta estadia no Lago Iseo.
O B&B Alveare Sul Lago é um pequeno paraíso para “gourmands” que apreciem o conforto da cozinha e gastronomia italiana, um lugar onde nos sentimos em casa. Uma localização privilegiada com uma fantástica vista para o lago.
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No dia seguinte, tomámos o pequeno-almoço às 7 horas, e ainda não passara uma hora e seguimos viagem para Tirano. A paisagem é muito bonita, passando pelas aldeias alpinas italianas, e em hora e meia chegámos a Tirano. O estacionamento no parque é gratuito, e atravessando o túnel da primeira estação regional, encontramos a estação internacional do Bernina Express.
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Viajar de comboio é algo que se entranha, são viagens que não esquecemos, que prolongam as memórias, e esta, em particular, é quase mágica. Passámos por aldeias alpinas pintadas de branco, que contrastavam com um intenso azul do céu e as escuras colinas mais escarpadas. Garantidamente, uma das viagens de comboio mais deslumbrantes que se podem fazer.
Sempre a subir. Partindo de Tirano, a 429 metros de altitude, passamos por Bernina a 2.253 metros de altitude. Cumes impressionantes. A carruagem panorâmica tem um fee de pagamento, mas isso vale cada cêntimo. É uma viagem incrível no primeiro comboio de cremalheira electrificado.
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Depois de duas horas e meia de cenários de cortar a respiração chegamos à sofisticadíssima Saint Moritz. Saindo da estação seguimos a pé até ao teleférico, que nos levou ao pico da montanha mais alta, almoçámos literalmente entre as nuvens.
Descendo do teleférico, pode-se passear pelo centro da cidade no meio de um deslumbre luxuoso. As pessoas parecem, e são, simpáticas e bem-educadas. As lojas são de sonho, embora não para qualquer carteira. A estância de ski é uma das mais fantásticas do Mundo e Saint Moritz tem ainda o Badrutt´s Palace Hotel onde, mesmo que seja impossível pernoitar, vale pela experiência do Chá das Cinco. Regressando de volta à estação, viajámos de regresso a Tirano, no lado contrário da viagem de ida, mostrando outra perspectiva, embora por pouco tempo, pois a noite, nesta altura do ano, chega cedo.
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Chegados a Tirano, regressámos a Pisogne onde o Chef Cláudio Faustini nos aguardava com uma magnífica pasta fresca com trufa, pães e foccacia feita em casa e ainda um “Vino Rosso”. Podia ser melhor? Não podemos crer.
No dia seguinte, acordámos com paz de espírito, tomámos um pequeno-almoço tardio, com produtos caseiros e frescos, e seguimos então para a nossa aventura pelo Lago.
A primeira paragem foi Lovere, considerada uma das cidades mais bonitas de Itália, mesmo junto ao lago. Paragem obrigatórias para quem quer desejar boas memórias dos lagos italianos.
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De Lovere passámos de carro pelos túneis de Castro. Sentimo-nos um pouco como James Bond nos filmes gravados nestes cenários italianos. Continuámos viagem até Sulzano, e aí se pode apanhar um barco para Monte Isola.
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Chegando ao porto de Sulzano, apanhámos então o barco, que faz a viagem de 20 em 20 minutos. Monte Isola tem sido considerada uma das belas cidades europeia. Ainda que seja pequena, é a maior ilha lacustre da Europa, a pérola do lago Iseo. Aqui não existem automóveis para alugar, pelo que a melhor opção passa por alugar uma bicicleta ou seguir a pé. Em todo o caso, o santuário no topo da ilha só faz sentido se se visitar de autocarro.
Em 2016, durante duas semanas o Monte Isola esteve em destaque, com a Floating Piers, uma instalação artística do artista búlgaro Christo e da sua companheira Jeanne-Claude, que pela primeira vez uniram a aldeia de Sulzanno a Monte Isola e a Isola de San Paolo, um pequeno pedaço de terra nunca alcançado sem esta plataforma flutuante. Contabilizaram-se então mais de 1,2 milhões de visitantes. Hoje, ainda podemos ver um memorial celebrando o momento.
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Passear pela ilha é bastante relaxante, mas há locais que não se devem perder: Borgo di Siviano,Borgo di Novale, Borgo di Peschiera Maraglio, Museo della Rete, Rocca Martinengo e Santuário della Madonna della Ceríola, no topo do monte.
Depois de umas horas em Monte Isola, tivemos de regressar no barco que nos devolveu a Sulzano, e daí fomos obrigados a apanhar um carro e seguir para o aeroporto, de regresso a casa.
Foram, passe o lugar comum, apenas três dias de viagem, mas que souberam a sete num deslumbrante cenário alpino entre Itália e Suíça.
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Para quem começar o ano com uma viagem desta qualidade, em pleno Inverno, já só desejará uma próxima. Prepare-se.
Dicas da viagem para uma viagem no Inverno:
Em Novembro, comprar voos Ryanair: Lisboa – Bergamo – Lisboa
Estadia: Hotel B&B Alveare Sul Lago (2 noites)
Alugar carro: Rentalcars (procurar com aluguer rodas de neve gratuito ou incluído)
Bernina Express: Viagem de Ida e Volta a 65 euros por pessoa
Mochila: dois pares de calças; roupa interior e extra de neve (camisola, calças e meias); cachecol, gorro e luvas; camisolas.
Raquel Rodrigues é gestora, viajante e criadora da página R.R. Around the World no Facebook.
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.