Título
O homem mais rico de sempre
Autor
GREG STEINMETZ (tradução: Isabel Pedrome)
Editora
Casa das Letras (Julho de 2024)
Cotação
16/20
Recensão
É considerado o homem mais rico de sempre mas morreu apenas acompanhado das pessoas a quem pagava para o servirem. Quando estava no leito de morte, a sua mulher estava com o amante. Esta é a história de vida de Jakob Fugger, camponês tornado banqueiro e ultra-milionário, contada pelo norte-americano Greg Steinmetz, que foi jornalista e analista de bolsa.
A obra está recheada de factos e eventos que nos remetem para a época do Renascimento e para um mundo de Papas, Reis e Imperadores. Os detalhes ajudam o leitor a espreitar aquilo que terá sido a vida extraordinária do banqueiro alemão que se tornou milionário e esteve, segundo o autor, nas origens da Reforma de Martinho Lutero. Também terá patrocinado a viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães.
Jakob Fugger era um plebeu, neto de camponeses, que se tornou comerciante e banqueiro. Nasceu e viveu na Alemanha nos séculos XV e XVI e, aquando da sua morte, acumulava uma fortuna que ascendia a cerca de 2% da riqueza produzida na Europa. Conjugava talento, frieza, determinação e ousadia.
Fugger conseguiu impor-se numa era de monarcas e em que a Igreja era poderosa. As suas façanhas e o seu engenho para os negócios moldaram o mundo financeiro até aos nossos dias. Tinha influência na política, numa época em que dinheiro e guerras andavam de mãos dadas (e não andam hoje?).
Mas também "explorou trabalhadores, aterrorizou a família, combateu Lutero e financiou guerras contra o seu próprio povo em nome da ordem social". Steinmetz cita, na obra, uma descrição de Fugger feita pelo fundador do partido socialista da Alemanha, Ferdinand Lassalle:
"Agora todos estão nas mãos dos banqueiros
São eles os verdadeiros reis do nosso tempo!
É como se uma ventosa gigantesca em Augsburg
Tivesse rodeado com todos os seus tentáculos
Todo o país, e com isso sorvesse todo o ouro
À tona de água para o seu interior."
Do Renascimento aos dias de hoje, há coisas que mudaram e outras não.