Título
A vida bem vivida
Autor
GLADYS McGAREY (Tradução: Maria Augusta Júdice)
Editora
Lua de Papel (Outubro de 2023)
Cotação
19/20
Recensão
Completaria 104 anos no dia 30 de Novembro. A autora deste livro, a médica Gladys McGarey, faleceu no passado dia 28 de Setembro, aos 103 anos. Neste livro, deixou os seus 'segredos' para uma "vida bem vivida", como refere no título da obra.
São "seis segredos para a saúde e felicidade" que a médica anciã deixou em 287 páginas, na edição portuguesa. Logo na contracapa surge um aviso: "os médicos não curam os pacientes; os pacientes é que se curam a si próprios". Percebemos então que nos espera, talvez, um livro diferente do que imaginaríamos, sendo escrito por uma médica. Afinal, McGarey lançou, junto com o marido, as bases da medicina holística nos Estados Unidos. Na prática, trata-se de uma medicina que assume que não se pode separar o corpo da mente, pelo que é fundamental ouvir a história de cada paciente para chegar às causas das suas doenças. (Muito diferente do simples passar de uma receita para tratar os sintomas que é praticado pela generalidade dos médicos na medicina convencional).
O primeiro segredo de McGarey pode surpreender: "estamos aqui por um motivo". Logo no primeiro capítulo, a médica desafia o leitor a "encontrar o seu sumo", na vida.
No segundo capítulo, a autora lança o repto ao leitor para se "soltar", desvendando o segundo segredo: "toda a vida precisa de movimento". Remover bloqueios, libertar o que não tem importância, fazem parte deste 'movimento' para sair da estagnação.
Talvez o segredo mais importante será o terceiro: "o amor é a mais poderosa medicina". Aqui, McGarey escreve sobre o papel do amor-próprio e de como deixar o amor entrar. No fundo, ensina como cada um se pode "curar amando-se a si próprio".
Enquanto revela os segredos para uma "vida bem vivida", a médica relata detalhes de alguns dos muitos casos de pacientes que acompanhou durante a sua carreira que de mais de oito décadas na medicina. As muitas histórias ajudam à compreensão dos 'segredos' e lançam uma luz sobre a forma como McGarey cuidava dos pacientes e via a Medicina.
Esta médica, era já octogenária quando decidiu ir para o Afeganistão ensinar quais os cuidados a ter durante o parto, contribuindo para diminuir a mortalidade infantil naquele país.
O amor de McGarey pela medicina (e por ajudar os seus pacientes) continuará vivo e permanecerá presente, através deste livro e das pessoas que tratou ao longo da sua carreira. "O amor tem uma rara capacidade de transformar aquilo em que toca", escreveu a médica (página 120). Amén.