MÓNICA PEREIRA, CO-FUNDADORA DO MOVIMENTO 'MENOS ECRÃS, MAIS VIDA'

‘Se consideramos que algo não está bem, podemos fazer alguma coisa’

por Elisabete Tavares // Outubro 17, 2024


Categoria: Entrevista P1

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Mónica Pereira é co-fundadora do movimento ‘Menos Ecrãs, Mais Vida’ e autora da petição que apela à proibição do uso de telemóvel nos recreios das escolas, a partir do segundo ciclo do ensino básico, a qual vai ser debatida no Parlamento no dia 24 de Outubro. A petição teve mais de 23.400 assinaturas e deu entrada na Assembleia da República há um ano. Agora, os partidos vão poder discutir em plenário um tema que ganha visibilidade: o do uso de telemóveis por crianças em ambiente escolar e as suas consequências a vários níveis. Mas as preocupações vão além do uso do ‘smartphone’ e abrangem também a questão do projecto relativo aos manuais digitais, em substituição dos ‘velhinhos’ livros escolares, em papel. Para já, além de ter conseguido que o assunto fosse alvo de debate político, Mónica Pereira e as restantes três co-fundadoras do ‘Menos Ecrãs, Mais Vida’ já conseguiram a proeza de levar o Ministério da Educação e recomendar às escolas a proibição do uso de telemóveis por parte dos alunos até aos 12 anos de idade. Conseguiram ainda levar o tema a ser destacado pelos principais órgãos de comunicação social e programas televisivos. E levaram três partidos (Bloco, CDS-PP e PAN) a avançar, neste mês de Outubro, com iniciativas legislativas sobre a matéria.   



Retirar os telemóveis dos recreios das escolas a partir do segundo ciclo do ensino básico. Esse é o objectivo da petição “VIVER o recreio escolar, sem ecrãs de smartphones!”, criada por Mónica Pereira, e que vai a debate na Assembleia da República no próximo dia 24 de Outubro. Mais de 23.400 pessoas assinaram a petição pública que visa a revisão do Estatuto do Aluno.

Mas o activismo da professora de ioga para crianças não se ficou pela petição, já que Mónica Pereira é também co-fundadora do movimento ‘Menos Ecrãs, Mais Vida’, junto com Catarina Prado e Castro, Sandra Rosa e Gisela Costa. As raízes do movimento encontram-se ligadas ao Agrupamento Gil Vicente, em Lisboa, onde, desde o ano lectivo passado, os alunos do ensino básico não podem usar telemóveis dentro da escola, incluindo no recreio.

Mónica Pereira e o movimento que co-fundou já alcançaram uma primeira vitória, que foi colocar na agenda de debate público o tema do uso de smartphones pelas crianças no ambiente escolar. O assunto tem sido alvo de notícias, entrevistas e artigos diversos nos principais órgãos de comunicação social nacionais. Por outro lado, o próprio Ministério da Educação decidiu este ano lectivo recomendar às escolas a proibição do uso de telemóveis por parte dos alunos até ao 8º ano. A medida, apesar de ser não vinculativa, constitui um avanço nas pretensões do movimento co-fundado por Mónica Pereira.

Mónica Pereira na redacção do PÁGINA UM. (Foto: D.R.)

Recentemente, o Bloco de Esquerda avançou com uma proposta de projecto de lei que ‘Promove uma escola sem ecrãs de smartphones nos primeiros níveis de ensino, alterando a Lei n.º 51/2012, de 5 de setembro’. Também o Partido PAN lançou um projecto de resolução que ‘Recomenda um conjunto de medidas com vista à regulamentação do uso de telemóveis nas escolas e sensibilização para o impacto dos ecrãs no desenvolvimento infantil‘. O CDS-PP propõe um projecto de resolução que ‘Recomenda ao Governo o Reforço da Reflexão e Ação sobre o Impacto dos Telemóveis em Ambiente Escolar‘.

Entretanto, uma outra co-fundadora do movimento ‘ Menos Ecrãs, Mais Vida’, Catarina Prado e Castro, criou uma outra petição “Contra a excessiva digitalização no ensino e a massificação dos manuais escolares digitais’ nas escolas“, que conta com mais de 6.100 assinaturas.

Nesta entrevista ao PÁGINA UM, a activista, mãe e professora fala sobre os perigos do uso dos telemóveis pelas crianças e do trabalho de sensibilização para o tema que tem levado a cabo, nomeadamente no âmbito com as ‘colegas’ fundadoras do movimento ‘Menos Ecrãs, Mais Vida’.

Para Mónica Pereira, “se consideramos que algo não está bem, podemos fazer alguma coisa”. Notou que no movimento têm recebido contactos de mães, pais, famílias que partilham das mesmas preocupações. Lembrou que “até já há médicos a falar sobre isto, portanto há aqui alguma importância no tema”. Inspirar outros portugueses a agir, é outro dos objectivos: “Tentamos inspirar as famílias a falar com as suas direcções [das escolas] para tentar perceber se conseguem fazer uma mudança nas escolas”.


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