Nome incontornável na produção cinematográfica em Portugal, Paulo Trancoso preside pela quinta e “última vez” à Academia Portuguesa de Cinema, a qual fundou. O produtor, que é sócio e fundador da Costa do Castelo Filmes, não se vai recandidatar ao cargo e quer voltar a dedicar-se à produção. Entre os muitos feitos conquistados, está a produção dos filmes ‘A Casa dos Espíritos’, de Billie August, e ‘A Selva’, de Leonel Vieira, entre muitos outros. Nesta entrevista ao PÁGINA UM, o produtor fala sobre a crise do sector, designadamente devido às medidas drásticas implementadas em Portugal na pandemia de covid-19 que aceleraram a mudança de hábitos dos consumidores, afastando-os ainda mais das salas de cinema. Também comentou o fenómeno das plataformas de ‘streaming’ e o quase desaparecimento do DVD. Sobre a polémica em torno da recente edição do festival Tribeca, defendeu que não se tratou verdadeiramente de um festival e deixou sugestões de melhorias a adoptar pela organização no próximo evento daquela marca. Paulo Trancoso também frisou que a história do cinema português “é uma das riquezas que temos”, lamentando que o valor do cinema ‘made in’ Portugal é mais reconhecido no estrangeiro do que no país.
Num mundo em transformação tecnológica e na era da explosão das plataformas de ‘streaming‘, o cinema tem futuro? Paulo Trancoso, presidente e fundador da Academia Portuguesa de Cinema (APC) diz que sim. Mas precisa de haver uma maior divulgação e promoção junto do público, sobretudo no caso do cinema ‘made in‘ Portugal.
Nesta entrevista ao PÁGINA UM, o produtor e fundador da Costa do Castelo Filmes indicou que este é o seu quinto e último mandato à frente da APC, já que pretende voltar a dedicar-se à produção. Na sua longa carreira, que passou também pela área da publicidade, Paulo Trancoso produziu diversos filmes reconhecidos, como o célebre ‘A Casa dos Espíritos’, de Billie August, e ‘A Selva’, de Leonel Vieira.
Comentando a crise por que têm passado as salas de cinema, o produtor considerou que os preços dos bilhetes “estão baratos”, salientando que “a verdade é que não têm subido há muitos anos” e que, comparando com os preços praticados em outros países, os que se observam em Portugal são muito mais baixos.
Sobre o cinema feito em Portugal, lamentou que, muitas vezes, no estrangeiro se valoriza mais o cinema português do que em Portugal, afirmando que “nós cá não reconhecemos” o valor e a qualidade do cinema que é feito no país.
Também comentou o polémico festival Tribeca, organizado pela SIC, estação de televisão do grupo Impresa, sublinhando que não foi verdadeiramente um festival de cinema. “Não foi isso a que se assistiu. É preciso perceber que as pessoas precisam de condições mínimas para ver um filme: tem que ter uma sala como deve de ser; tem que haver um projector como deve de ser”, afirmou. Destacou que um festival não é um acontecimento do género “olha ali, um café com um actor”. Defendeu que o público vai a um festival do género para “ver um filme e ver um realizador a falar do filme”. “A SIC tem muita experiência televisiva mas teria de perceber que também teria que ter experiência cinematográfica”, frisou.
Contudo, Paulo Trancoso acredita que a SIC aprendeu com os erros desta edição e que “a segunda edição vai ser, certamente, muito melhor do que a primeira”. Salientou que a marca Tribeca está ligada a filmes “interessantes, mas obviamente que é preciso perceber que são filmes americanos”. E revelou que o cinema português também poderia ser incluído num festival destes, mas teria de ter um outro modelo e ser mais aberto, incluindo cinema europeu.
Paulo Trancoso também recordou as diferentes épocas que marcaram a história do cinema português, recordando Aurélio da Paz dos Reis, pioneiro do cinema em Portugal e “o primeiro cineasta do mundo”. O produtor frisou que a história do cinema português “é uma riqueza que temos” no país.
No final da entrevista, o presidente da Academia Portuguesa de Cinema ainda revelou qual é um dos seus filmes preferidos.
À margem desta entrevista, Paulo Trancoso ainda comentou sobre os avanços no campo da inteligência artificial e do impacto que terá o seu uso na criação de conteúdos cinematográficos, antevendo um novo e enorme desafio para o sector.
PÁGINA UM – O jornalismo independente (só) depende dos leitores.
Nascemos em Dezembro de 2021. Acreditamos que a qualidade e independência são valores reconhecidos pelos leitores. Fazemos jornalismo sem medos nem concessões. Não dependemos de grupos económicos nem do Estado. Não temos publicidade. Não temos dívidas. Não fazemos fretes. Fazemos jornalismo para os leitores, mas só sobreviveremos com o seu apoio financeiro. Apoie AQUI, de forma regular ou pontual.
APOIOS PONTUAIS
IBAN: PT50 0018 0003 5564 8737 0201 1
MBWAY: 961696930 ou 935600604
FUNDO JURÍDICO: https://www.mightycause.com/story/90n0ff
BTC (BITCOIN): bc1q63l9vjurzsdng28fz6cpk85fp6mqtd65pumwua
Em caso de dúvida ou para informações, escreva para subscritores@paginaum.pt ou geral@paginaum.pt.
Caso seja uma empresa e pretende conceder um donativo (máximo 500 euros por semestre), contacte subscritores@paginaum.pt, após a leitura do Código de Princípios.