COMPLEXO TITANIC

All night long: Especial eleições nos States

minuto/s restantes

Espelho meu, espelho meu, diz-me quem é que gosta mais de bater nos media do que eu.

É claro que o meu smartphone (espelho) ficou calado.

E cá estou eu numa aula de boxe. Onde é que está o Rodrigo Guedes de Carvalho? Olha, dizem que fugiu da aula e não está para calçar as luvas. Mas cuidado que ele é mau.

Talvez ande por aí o Germano de Sousa… Olha, dizem que está em casa lavado em lágrimas gritando por Káaamala em frente ao televisor.

Mas o que é isto? Agora o Rui Calafate depois de saber que perdeu, já diz mal da senhora Harris e casca na pouca influência da Beyoncé nos consumidores-eleitores. Bolas, Rui, deixa ao menos passar umas horas. Pode ser que não percas o emprego, mas da forma como as coisas marcham, parece infelizmente que isso pode ser uma possibilidade. Mas estar indignado pode ser bom… Por uns dias.

Estava a brincar, claro.

Eles é que não pareciam andar muito para brincadeiras sempre que aparecia alguém a criticar subtilmente a candidata democrata mesmo que, segundo as regras do marketing, o contraditório seja bom para vender o produto.

Por muito que alguns soubessem tratar-se de um guião vindo da cantera globalista sempre com o kit completo dentro da mala a acompanhar a venda, outros acreditavam mesmo naquilo que iam dizendo sempre cheios de humanismo prêt-à-porter e até rangiam os dentes quando tinham de proferir a palavra maldita começada por T antecedida por um nome de desenho animado da Disney. Ao pé desse até o Bush já era bom.

Mas as coisas não são assim tão simples, como costuma dizer-me um primo meu, bastante simplório, até por sinal, quando se refere à política. 

Mas o quê? O Elon Musk não faz parte do elenco? E agora é pela liberdade de expressão e é do Trump? Reconheço que para os mais incautos seja esquisito, está certo. O homem da Neuralink não parece de confiança e é o mais rico do mundo mas os seus projectos dão sempre para o torto. Investirão os contribuintes através do Estado assim tanto nele? É estranho.

Mas o quê?… Agora o Zuckerberg já não apoia os democratas e até fala da censura a que foi sujeito durante a pandemia sobretudo durante o governo Biden?

Um uber-boy de esquerda dirá que eles querem todos é dinheiro e que a culpa é do capitalismo. Um taxista do Chega dirá que eles são é todos filhos da p… e que só estão bem a mamar do contribuinte, ainda que agora tenha muito para dizer vomitando à vontadex para o caixote-do-lixo que já foi o Twitter. E onde pode dizer o que lhe apetecer como se fossemos os seus clientes do banco de trás.

Os jornalistas e apresentadores contribuem hoje muito certamente, para o aumento do consumo de anti-depressivos e até de psicotrópicos em geral.

A Pfizer gosta da SICK, já se sabe, basta ler o PÁGINA UM. Isto para fazer um jogo de palavras à antiga.

A política e o desejo já coexistem e mantém uma relação há muito. E o Ser Humano é frágil, sabemos. Temos de perdoar, sendo essa acção, coisa um pouco cristã e por isso mal vista pela elite que não anda muito “caótica”, como se costuma dizer quando as coisas não andam a correr bem.

Acontece que os media, ainda que não pareça, são compostos por pessoas, mesmo que ande também por lá a classe mais desrespeitada do momento — os jornalistas, claro.

Uma coisa é comentário (aquilo que faço aqui), outra coisa é jornalismo (aquilo que não faço aqui).

Nas televisões e jornais mainstream em geral, uma coisa confunde-se com a outra à grande e à americana.

Durante meses assisti a uma campanha pelo partido democrata, apresentando sempre Donald Trump como um doido varrido, um mentiroso compulsivo, um ególatra e até pior.

Ok, eu até posso achar isso, mas não sou jornalista.

Mas também acho que Kamala é pouco mais que do piorio, basta investigar sobre ela.  Eu e muita gente, até hispânicos, negros e judeus que votam nos Estados Unidos. É assim. Temos direito de não gostar de ninguém.

Mas venha de lá o menos mau. Sempre ouvi dizer.

Acontece que o mundo político ja não se coaduna com essa perspectiva há muito.

O delay ainda é mais evidente que numa trovoada.

Há quem saiba disso. O Ricardo Costa que nada tem de idiota útil, julgo que sabe, até porque é irmão de António Costa, que já passou por mais ministérios que o Manuel Cajuda por clubes de futebol, mas é um ser humano e por isso também tem as suas fraquezas e de vez em quando lá vai a real politik dar uma volta até ao bilhar grande.

Ele foi um daqueles enviados para os Estados Unidos que acompanhou a parte final das campanhas e tinha que “medir o pulso” às populações (como gostam de dizer os correspondentes) achando que quem votava em Trump era porque estaria desinformado, tipo não via a SIC, e depois ia dar uma volta até àquilo que eles chamam de América real e decepcionava-se porque os reais andavam desinformados. Às vezes dizem tratar-se da América profunda. As terminologias vão mudando conforme o “clima”.

Vi-o ir ter com portugueses imigrantes que diziam quase todos votar no Trump e serem contra a emigração. Às vezes podia jurar ver o jornalista-irmão ficar com os óculos embaciados de tanta  realidade (irrealidade) ao mesmo tempo. Ou então eram os meus.

O mesmo já se tinha passado em Portugal com o fenómeno do Partido Chega. Os media gostam do povo e por isso subestima-o. Pelo menos quando dá jeito lá vão eles ter com as pessoas, cada vez mais velhotas, é certo, mas que ainda conseguem achar piada ao “caçador” Miguel Sousa Tavares por exemplo e querem selfies com o Marcelo. Mas de boas intenções anda o cemitério cheio, como se diz na Turquia.

O mundo não anda para brincadeiras mas uma parte do povo ainda não sabe mas já desconfia e anda farto de selfies e já não tem paciência assim tanto para bigbrothers.

E quem irá ganhar com tanta desconfiança?

Está-se mesmo a ver. E há uns por aí que não brincam em serviço e que são muito piores que o Orban. Basta apanhar o avião até à Alemanha.

Alguém anda a brincar com fósforos e a querer aquecer o planeta confirmando assim que a acção humana contribui para as famosas alterações. 

No entanto os de sempre é que ganharam com estas eleições, os media aqui são só peixe muito pequeno para a camioneta do Poder.

Benjamin Netanyahu é um deles. As grandes famílias também saem sempre vitoriosas, e até há quem diga que financiam tanto vencedores como vencidos.

Mas isto aqui não é o YouTube e eu tenho mais que fazer do que andar a vasculhar no abstrato.

Cá por mim falo do que sei e tentarei assumir uma posição neutra quanto às opções políticas do momento, mas não deixarei de ser pouco neutro numa avaliação aos trapalhões do costume que são aqueles que vocês já sabem e que têm sido um alvo permanente deste órgão de informação (P1) que tem dívida zero e prescinde de uma visão ideológica, preferindo fazer aquilo que em tempos se chamou de jornalismo, trazendo um fogacho de esperança ao próprio meio. Ao copo que anda meio vazio mas cheio de si. 

É só a minha opinião, calma. Estamos na zona da opinião.

Qualquer dia e a ver pelas parcas audiências, esses são mesmo o ceguinho, e aí e por questões de ética já não vou poder bater, correndo ainda o risco de levar com umas bengaladas, mesmo que pouco pujantes e desprovidas de pontaria tipo a personagem Darryl Hanna quando tenta desesperadamente atingir Uma Thurman sem nada ver no Kill Bill.

O que era mais estranho há uns dias mas não surpreendente, era ver indicadores que não as sondagens do New York Times ou do Washington Post, a mostrarem outra realidade como por exemplo as casa de apostas que tinham Trump como favorito muito à frente de Kamala Harris, ou mesmo as muito fracas prestações da candidata na CNN, ainda que levada ao colo e não serem comentadas. Como se na verdade pouco soubéssemos sobre o país em que as eleições iriam acontecer.

Mais estranho ainda era o comportamento das televisões no plano inclinado como se os portugueses votassem nestas eleições.  Para quê perderem tanto tempo na campanha clara ao partido democrata se uma boa parte da população portuguesa nem mesmo cá vota.

Cheguei mesmo a ver tudólogos a pedirem a morte de Trump, justificando que seria a única forma de nos vermos livres dele. Mas, Cara Ferreira Alves, já pensaste que muitos milhões de americanos não pensam assim. A ideia até pode ser boa mas têm de arranjar um puto que tenha mais pontaria que aquele caixa-de-óculos que parecia saído de um filme da saga Carry on.

E pelos vistos, Beyoncé, Jennifer Lopez, Bruce Springsteen e sobretudo a influencer e cantora Taylor Swift já não conseguem mobilizar parte da juventude que se vê sem dinheiro nos bolsos e que já não suporta a conduta e as regras da ideologia woke (segundo estudos).

Não parece que Trump tenha melhores soluções mas é o que há.

Patriotas ou globalistas, parece não haver muitas opções ao centro, sobretudo a um centro que chegou a denominar-se por Tony Blair de radical. Mas também Tony Blair nunca enganou alguns com as suas políticas invasoras e cúmplices do Deep State.

Se até ao ano 2000 ainda era fácil acreditar em esquerda e direita por exemplo, com a eleição de Bush que ganhou a Algore com recontagens dos votos umas atrás das outras, sendo, no entanto, verificável a diferença ideológica de ambos, paulatinamente de lá para cá as coisas foram-se aclarando ou até complexizando de forma a ter havido uma inversão até mesmo léxical, quanto aos sentidos para onde as coisas estavam a ir.

E os media ou não percebiam nada, ou percebiam tudo e estavam a lutar no pódio da hipocrisia. As redes sociais como foram ficando cada vez mais anti-sociais viraram o feitiço contra o feiticeiro, mas a verdade é que o mundo foi sempre para a frente.

Até ao Covid.

Ruy Otero é artista media

Ilustrações de Ruy Otero


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