Fazer jornalismo incomoda os lacraus
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O ‘agente de comunicação’ Luís Paixão Martins, fundador da LPM, diz-se reformado, mas vai espalhando as suas ferroadas venenosas, discretamente, e agora sem filtro no canal Now.
Ora, ontem à noite, a pretexto de comentar o encontro entre Gouveia e Melo e o ministro da Defesa, Nuno Melo, veio Luís Paixão Martins chamar-me negacionista das vacinas e outros mimos. Luís Paixão Martins, e os da sua laia, sabem bem como tentar conspurcar o PÁGINA UM que, cada vez mais, incomoda em muitos assuntos, apesar de termos uma redacção pequena e poucos meios humanos. Incomodamos em todas as áreas, e também ainda sobre o que se passou na pandemia, que a muitos beneficiou, havendo agora muitos interesses em colocar pedras sobre o assunto. Mas o PÁGINA UM não lhes tem feito esse favor.
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Temos ainda em curso processos no tribunal administrativo para obter os contratos das vacinas; temos ainda em curso pressões para o Infarmed disponibilizar toda a informação sobre as reações adversas das vacinas, fomos o jornal que revelou que Gouveia e Melo se mancomunou com a Ordem dos Médicos para serem vacinados médicos não prioritários; fomos o jornal que revelou que o ex-bastonário da Ordem dos Médicos Miguel Guimarães, actual deputado do PSD, escondeu pareceres do Colégio de Pediatria que em 2021 recomendava não se vacinarem menores saudáveis; fomos o jornal que denunciou a gestão ilegal de uma campanha de solidariedade financiada por farmacêuticas por parte da actual ministra da Saúde, Ana Paula Martins, de Miguel Guimarães e de Eurico Castro Alves. E muito mais.
Isto não é ser negacionista. Isto é ser jornalista. Isto é ser jornalista a questionar e escrutinar os poderes. Não fazer isso seria sim, como muitos fazem, negar os princípios do jornalismo.
Eu sei que isto incomoda – e sei também como se contratam lacraus para tentar denegrir a minha imagem e a do PÁGINA UM. Chamarem-me negacionista não é só um ultraje; é querer intencionalmente negar aquilo que busco como jornalista: verdade e transparência.
Não sei se este lacrau mercenário [Luís paixão Martins] terá sido pago para intencionalmente me denegrir, desinformando e semeando mentiras. Provavelmente, não. Talvez tenha feito a patifaria de borla para se vingar de duas notícias que o PÁGINA UM escreveu sobre a forma como a ‘sua’ LPM come da mão do poder.
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Uma das notícias revelou que a LPM tinha vencido o concurso para prestação de serviços de assessoria de imprensa da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), apesar de manter, no seu portfólio de clientes privados, sete farmacêuticas e mais uma dezena de empresas e entidades do sector da saúde, entre as quais um hospital privado, uma empresa de homeopatia, três sociedades médicas, uma empresa e uma associação de empresas de diagnóstico médico, uma fundação e duas instituições não governamentais. Esta notícia sobre a contratação da empresa fundada pelo conhecido consultor de marketing político do Partido Socialista, levou a que fossem pedidas explicações ao então ministro da Saúde, Manuel Pizarro, sobre as promiscuidades na estratégia de comunicação do SNS.
O caso surgiu de uma investigação do PÁGINA UM aos contratos públicos para a contratação de serviços de assessoria de comunicação, que denunciou que apenas três em cada 100 contratos são feitos por concurso público, demonstrando que prevalece uma relação de uma proximidade e ‘amiguismo’ entre ‘agentes de comunicação’ e entidades públicas, na hora da contratação.
Ou então pode não ser um acto de vingança de Luís Paixão Martins e este está apenas a posicionar-se para se candidatar a preparar a candidatura de um putativo candidato às presidenciais…
P.S.: As imagens reveladas pelo PÁGINA UM sobre o encontro no bar Cockpit foram obtidas por um jornalista acreditado e a notícia foi escrita por mim. Não foram obtidas por um mirone nem obra do acaso, como sugeriu Luís Paixão Martins; foi sim obra da nobre arte do jornalismo.
P.P.S.: A directora de informação da agência Lusa, Luísa Meireles, num comentário a uma publicação de Luís Paixão Martins, na rede X, mostrou-se muito preocupada em saber quem teria avisado o PÁGINA UM sobre o encontro. Que a directora da Lusa vá para uma rede social questionar ou lançar suspeitas sobre as fontes de um órgão de comunicação social já seria lamentável. Mas, pior ainda, é a Lusa, uma agência noticiosa pública, insistir em referir-se ao PÁGINA UM como “site” e às suas notícias como “publicações”. Além de lamentável esta atitude é profundamente deselegante, tendo em conta que fomos colegas no Expresso há cerca de duas décadas.