Página Um: O primeiro jornal português “Open Source”.
Portugal contribui para o mundo da programação com inúmeros talentos individuais. Os nossos engenheiros destacam-se lá fora, integrando projectos de grande relevância (escolhamos, como exemplo totalmente aleatório, João Moreno, um dos principais responsáveis pelo Microsoft VSCode). Contudo, também nesta área, a abundância de “Ronaldos” contrasta com a escassez de troféus colectivos – e para falar de colectivo em software temos que falar de “open source” (e pedir desculpa pelas demais expressões em inglês que, inevitavelmente, se seguirão).
Poderá surpreender quem está de fora, mas uma parte substancial do código de computador mais complexo e estrutural do nosso mundo é escrita por voluntários não remunerados e publicada à vista de todos, com licença explícita de cópia, alteração e até comercialização por terceiros. Não estamos a falar de pequenos projectos de hobbie-istas mas, por exemplo, da maioria do código que corre nos servidores que suportam a internet.
É assim que, há várias décadas, os programadores colaboram em “repositórios” acessíveis a todos. Melhoram e discutem o seu código sem se conhecer e criam autênticos arranha-céus nas nuvens.
Em Portugal, conhecem-se poucos repositórios abertos com dimensão e dinamismo. Talvez mais preocupante, seja não haver notícia de um único repositório “open-source” que esteja na base de qualquer projecto relevante para a sociedade Portuguesa em geral – como é natural noutras paragens.
Se é verdade que a nossa economia não tem meios para segurar os nossos talentos mais valiosos num contexto de trabalho remunerado, não há razão para deixar de aproveitar o seu trabalho voluntário.
Assim, é com muito entusiasmo que anunciamos que a presente renovação do Página Um é acompanhada de uma migração da sua infraestrutura a fim de permitir o desenvolvimento em “open-source”.
Quer isto dizer que o código subjacente a esta mesma página é do domínio público e pode ser melhorado por qualquer um, tanto na aparência como nos aspectos mais invisíveis da plataforma (uma aplicação WordPress headless + GraphQL + NextJS). E há muito trabalho a fazer!
Convido desde já todos os que se interessam por programação, seja qual for o seu nível de experiência, a visitar o nosso repositório, descarregá-lo e enviar a sua proposta de melhoramento sob a forma de “Pull request”.
Esperamos colher um pouco do talento individual que, sabemos, reside entre a comunidade P1 e os programadores portugueses, potenciando o crescimento deste órgão ímpar na nossa vida pública.