DA VARANDA DO DRAGÃO

Benfica 1.4

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Tiago Franco|06/04/2025

O Pedro Almeida Vieira foi operado aos olhos e não consegue ver ao perto. Inicialmente, pensei que me estava a dizer que tinha entrado no curso de iniciação a VAR, onde, como se sabe, é requisito essencial ver mal. Mas enganei-me… era uma forma de me cravar para escrever a crónica do jogo. Logo a mim, um rapaz tão isento em matéria futebolística.

Ainda não tinha decidido se ia buscar uma cerveja ou começava a preparar o corpo para o Verão quando, poucos segundos depois do apito inicial, já Pavlidis tinha deixado Diogo Costa a pensar na transferência de Verão.

Foto: PÁGINA UM

Os primeiros 20 minutos de jogo foram de sentido único, com o Benfica a controlar o meio-campo e a criar várias oportunidades. O Porto acordou a partir do minuto 25 e o Benfica baixou o bloco, apostando nas recuperações de Aursnes para lançar o contra-ataque.

Nesta fase, as oportunidades do Porto eram criadas essencialmente por quatro jogadores: Rodrigo Mora, de longe o mais inconformado e talentoso portista; António Silva, um rapaz que se tenta descobrir desde aquele fatídico Portugal-Geórgia; Florentino, com o habitual brinde de jogo grande; e, claro, Di María, o meu favorito do plantel, que resolveu perder quase todas as bolas em que tocou.

Depois de algumas bolas ao poste por parte dos jogadores do Benfica, Florentino ensaiou algo que não é a sua praia — o remate — e fez uma assistência primorosa. Pavlidis agradeceu, sentou um defesa e voltou a dar pensamentos futuros a Diogo Costa.

Ao intervalo, pensei que Bruno Lage deixaria Di María no balneário, por estar a ser a maior fragilidade, mas enganei-me. Deve ser por isso que o treinador é ele e não eu. O Porto também não mexeu, mas no caso de Anselmi nem é bem pela falta de vontade — é mesmo falta de matéria-prima.

O início da segunda parte foi uma repetição da primeira. O Benfica jogou e o Porto assistiu. Di María faz-me lembrar o meu avô: falava pouco, mas falava bem. Apareceu uma única vez, antes de ser substituído, para fazer uma assistência boa — mas tão boa — que até o Samu marcaria. E marcou mesmo.

António Silva, que insiste em adormecer nestes jogos, ficou a observar o movimento técnico de Samu na recarga a um remate de um colega. Deu-lhe nota 10 pela execução e depois abriu os braços, como que a perguntar aos colegas: sabem quem é que deu outra casa?

O Porto aproveitou o embalo e criou nova oportunidade, aproveitando a péssima adaptação de Dahl à lateral direita. Foram minutos de excepção à tendência do jogo.

O Benfica mostrou superioridade do início ao fim e teve a vitória mais tranquila que alguma vez me lembro de ver no estádio do Dragão. A imprensa dirá que Pavlidis foi o homem do jogo. Eu acho que a perfeição, esta noite, teve outro nome: Aursnes. O norueguês que não treme nem complica. Defende, ataca, cobre o lado de Di María, compensa as falhas de Florentino, faz a dobra ao António Silva. É um daqueles jogadores que, discretamente e sem controvérsias, conquista a plateia.

O Pedro disse-me, antes do jogo, que isto ia acabar 1-4. Nada mau, para um homem que vê tudo desfocado.

Foto: PÁGINA UM
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