OPINIÃO

Vaticano: o intrigante 13 e as profecias de São Malaquias

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Frederico Duarte Carvalho|22/04/2025

Foi em Novembro de 2013 que a editora Planeta lançou o meu livro “O Terceiro Bispo”, a primeira obra de ficção, a nível mundial, onde se mencionava a figura do Papa Francisco. Este livro começou a ser planeado em Fevereiro de 2013, quando o Papa Bento XVI anunciou a sua demissão. A eleição do Papa Francisco, a 13 de Março de 2013, com ele a declarar que viera do “fim do mundo”, veio depois confirmar a decisão e a necessidade de levar avante a missão de publicar a obra. Devo a Juan Mera e à Ana Maria Pereirinha a confiança depositada na altura.

A trama de “O Terceiro Bispo”, em cuja capa temos uma foto escuro do perfil do Papa Francisco, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima e a Basília de S. Pedro, é sobre um atentado contra o Papa para “cumprir o Terceiro Segredo de Fátima”. A razão era simples: o Papa João Paulo II não morrera no atentado de 13 de Maio de 1981, pelo que o terceiro segredo, aquele que menciona a morte do Bispo Branco, ainda estava por cumprir.

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Muito da obra andava à volta do número 13, data das aparições de Fátima, em 1917, que ocorrerem entre 13 de Maio e 13 de Outubro. Uma das minhas fontes de consulta para aquela obra de ficção fora o livro “A Última Vidente de Fátima”, publicado em 2007 pelo cardeal Tarcisio Bertone, o secretário de Estado do Vaticano e pessoa que, em Abril de 2000, teve um encontro com a Irmã Lúcia para preparar vinda de João Paulo II a Fátima, altura em que foi revelado o Terceiro Segredo de Fátima.

Bertone registou no seu livro as coincidências à volta do número 13, referindo-se ao facto de que o Papa João Paulo II, aquele que mais vezes visitara Fátima (1982, 1991 e 2000), falecera a 2 de Abril de 2005, uma data cuja soma individual dos seus algarismos, 2+4+2+5, dava um total de 13. Depois, Bertone também fez a mesma associação em relação à vidente de Fátima, a irmã Lúcia, falecida dois meses antes, a 13 de Fevereiro de 2005. E isso também deu o mesmo resultado: 1+3+2+2+5 é igual a 13.

O livro de Tarcisio Bertone foi publicado quando o Papa era Bento XVI, pelo que, na altura, não se conhecia a data da morte do sucessor de João Paulo II. Sabe-se agora que Bento XVI faleceu a 31 de Dezembro de 2022 e, utilizando o método de contagem do cardeal Bertone, somando 3+1+1+2+2+2+2, temos novamente, como resultado total, o número 13.

Então, e o Papa Francisco, qual era a sua relação com o número 13? Bem, essa tornara-se bem óbvia no dia sua eleição, pois o 13 de Março de 2013, para além de ter duas vezes o número 13, era também uma data onde a soma dos algarismos 1+3+3+2+1+3 alcançava um total de 13.

Agora que sabemos a data da morte do Papa Francisco, será que podemos continuar a falar na coincidência do número 13? A soma dos algarismos do dia 21 de Abril de 2025 não nos dá esse valor. O resultado total de 2+1+4+2+2+5 é o número 16. Nem tirando ou acrescentando um algarismo iríamos obter 13.

Será isso então suficiente para podemos concluir que o Papa Francisco não é um Papa que esteja debaixo da alçada do número 13? Poderíamos facilmente descartar as coincidências anteriores e continuar com a nossa vida sem muitas preocupações com o misticismo “made in Vaticano”. E os espíritos mais lógicos seguiriam mais descansados.

Só que – e nem se trata de forçar conclusões – podemos usar o método de Tarcisio Bertone para olhar com detalhe os algarismos que surgem relacionados com a data da morte da morte do Papa Francisco. Através do recurso à contagem do tempo, via o site timeanddate.com, chegamos a números que nos podem fazer pensar de forma diferente.

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Assim, se formos ver os anos e dias do Papa Francisco à frente dos destinos do Vaticano, reparamos que, entre 13 de Março de 2013 e 21 de Abril de 2025, decorreram 12 anos, 1 mês e 9 dias. A soma de 1+2+1+9 dá 13. Ao converter esse espaço temporal apenas em dias, isso atinge o número 4.423, sendo que a soma dos algarismos, 4+4+2+3, atinge, novamente, o 13.

Um outro tema que o livro “O Terceiro Bispo” abordou em 2013 foram as profecias de São Malaquias, alegadamente escritas em 1140 e divulgadas publicamente em 1595. Dizem esses escritos que a destruição da Igreja irá acontecer quando chegar o Papa número 266.

A eleição de Francisco, a 13 de Março de 2013, representou a eleição do Papa número 266 e, desde esse dia e até à sua morte, apesar de existir uma crise de Fé, o Vaticano não acabou. A Igreja Católica ainda vai mantendo a sua influência no mundo e, em breve, um novo conclave irá eleger o Papa número 267, superando assim os números previstos nas profecias do santo irlandês.

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Só que quando o Papa Francisco foi eleito, o Papa Bento XVI ainda estava vivo. Uma situação pouco comum no Vaticano. Por isso, durante o pontificado do Papa Francisco, poderíamos considerar que este era, na realidade, a continuação do Papa 265, não sendo o 266 em todo a sua plenitude. Era, se quisermos assim ver, o Papa número 265-B.

E, entre a morte do Papa Bento XVI, a 31 de Dezembro de 2022, e a morte de Francisco, no dia 21 de Abril de 2025, o sucessor de Bento manteve-se à frente do Vaticano durante 27 meses e 22 dias. O que, somados os algarismos 2+7+2+2, permite que se obtenha, de novo, o número 13.

Podemos assim dizer, de forma inequívoca, que à semelhança de João Paulo II e Bento XVI, também Francisco viveu e morreu debaixo do número 13. E, ao ser o terceiro bispo de Roma a morrer debaixo do signo 13, foi assim a continuação dinástica do Papa 264, João Paulo II, mas ocupando o número 265-B. O Papa Francisco morreu com 88 anos, tendo isso acontecido 20 anos e 20 dias exactos após a morte de João Paulo II, o dito “Papa de Fátima”, que tinha 84 anos, menos 4 que Francisco.

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O próximo conclave irá agora ter de eleger um novo Papa. Um Papa que poderá não estar ligado ao número 13, mas que seria o 266º. De acordo com a profecias de São Malaquias, existe um nome para o novo Bispo de Roma: Petrus Romanus. Seria o Papa Pedro II, romano de origem. Para que tal aconteça, basta que o próximo chefe da Igreja seja de origem italiana, o que não acontece desde que o polaco João Paulo II foi eleito em 1978, sendo seguido por um alemão e um argentino.

Na lista de 22 prováveis Papas – os Papabili – constam cinco nomes de candidatos oriundos de Itália. O primeiro, Angelo Bagnasco, de 82 anos de idade, é o Arcebispo Emérito de Génova. Depois, com 79 anos, está Fernando Filoni, Grão-Mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém. Segue-se o nome do secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, de 70 anos, que sucedeu a Tarcisio Bertone em 2013. O quarto candidato vindo de Itália tem 80 anos e chama-se Mauro Piacenza, sendo o actual Penitenciário-Mor Emérito do Supremo Tribunal da Penitenciária Apostólica. O quinto nome é o do Arcebispo de Bolonha, Matteo Zuppi, que tem 69 anos.

Na lista não consta como sendo oriundo de Itália o nome de um outro candidato que, por acaso, nasceu em Itália. Trata-se do Patriarca Latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, que nasceu em Cologno al Serio, na zona da Lombardia, e professou os seus votos solenes na Igreja de Santo António, em Bolonha, no ano de 1989. Chegou a Jerusalém a 7 de Outubro de 1990 – sim, a mesma data do ataque de 2023 pelo Hamas. Em 2014, ajudou a organizar o encontro no Vaticano entre o Papa Francisco, o presidente israelita Shimon Peres, o líder palestiniano Mahmoud Abbas e o Patriarca de Constantinopla. Nascido em 1965, cumpriu 60 anos a 21 de Abril, o mesmo dia do falecimento do Papa Francisco.

Pierbattista Pizzaballa

Se um destes italianos for eleito Papa e assumir o nome de Pedro II, então podemos começar a falar mais a sério sobre as profecias de São Malaquias. Por outro lado, pode ser que o mundo venha a ser surpreendido com a escolha de um Papa de origem portuguesa, vindo da terra de Fátima. José Tolentino de Mendonça, de 59 anos, é um dos nomes nos Papabili e, aí sim, quem sabe o Vaticano e a Fé Católica não viria a ter um outro destino.

Fiquemos atentos, portanto, ao resultado do próximo conclave.


N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.

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