MANUEL PINTO COELHO
‘Um médico pode ensinar as pessoas a serem gestoras da sua própria saúde’

Não se pode falar em Saúde e Medicina em Portugal sem se mencionar o nome do reputado médico Manuel Pinto Coelho. Aos 76 anos (a dias de completar os 77), Pinto Coelho é um dos médicos mais conhecidos do país, sendo o rosto da Medicina anti-envelhecimento em Portugal, defendendo medidas e técnicas de prevenção da doença.
Com 50 anos de prática clínica, Pinto Coelho conta com 16 obras publicadas sobre temas relacionados com a Saúde, incluindo alguns bestseller, através dos quais procura “dizer às pessoas, como é que elas poderão fazer para ter saúde; para não ver mais tarde uma ‘bata branca'”.
O seu livro mais recente é dirigido aos jovens — Eu escolho crescer com saúde! —, mas Pinto Coelho é sobretudo conhecido por trazer para Portugal técnicas e métodos da Medicina anti-envelhecimento, que visam alcançar uma maior longevidade. Técnicas e métodos que ensina nos seus livros e que põe em prática na sua clínica — Pinto Coelho Clinic – Live Longer (antiga Clínica Chegar Novo a Velho) —, a qual comemora este ano 10º aniversário.
Licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Pinto Coelho é ainda doutorado em Ciências da Educação e tem uma pós-graduação em Medicina Anti-Envelhecimento pela Universidade Autónoma de Barcelona.

No início da sua carreira acumulou uma vasta experiência no combate à toxicodependência. Foi o responsável médico da equipa de futebol profissional do Sporting Clube de Portugal em 1881 e 1982. Hoje, é mais conhecido por ter introduzido em Portugal a Medicina Anti-envelhecimento, sendo membro da American Academy of Anti-Aging Medicine e membro da World Society of Anti-Aging Medicine. A sua clínica recebeu, em 2028, o prémio International Award in Excellence and Quality (IAEQ).
Nesta entrevista ao PÁGINA UM, Manuel Pinto Coelho fala sobre a sua carreira, a sua vida e o estado da Saúde em Portugal. Também comenta a mudança benéfica de políticas de Saúde nos Estados Unidos, que já está a gerar mudanças positivas na forma como multinacionais do sector alimentar fabricam os seus produtos.
De resto, Pinto Coelho é em si um exemplo em matéria de saúde após a meia-idade. dedicado à família, teve seis filhos, sendo que duas meninas são fruto do casamento com a sua actual mulher, Daiana. Os restantes são já adultos. Um dos seus filhos, Bernardo, faleceu em Dezembro de 2021 aos 49 anos de idade. Sofria de Esclerose Lateral Amiotrófica. A sua foto está em destaque junto à sua secretária no consultório onde diariamente atende os seus pacientes.

Cumpre algumas regras e rituais religiosamente, incluindo fazer exercício físico, deitar cedo, acordar cedo e dormir uma breve sesta.
Na sua clínica, em Lisboa, é um ‘entra e sai’ de pacientes, alguns bem mediáticos, em busca dos seus conselhos e tratamentos. Nos livros, transmite os seus conhecimentos e dicas a todos quanto queiram saber mais sobre como ser saudável e prevenir a doença. Espelhados nos seus livros, estão os 11 pilares em que assentam a sua prática clínica, designadamente nutrição, suplementação personalizada, cuidado com a saúde mental e espiritual, e qualidade do sono, além do crucial papel desempenhado pelo intestino.
Num país em que se normalizou que os pacientes saiam das consultas com receitas para ‘aviar’ fármacos nas mãos, alguns dos conceitos médicos de Pinto Coelho valeram-lhe polémicas, chegando mesmo a ter de responder à Ordem dos Médicos. Mas manteve sempre as suas credenciais intactas. “Não tenho uma única sanção disciplinar lá registada”, frisou.

A sua popularidade traz-lhe admiradores e também alguns poucos críticos. Não surpreende. Afinal, Pinto Coelho defende a antiga Medicina, “que era uma Medicina virada para a pessoa no seu conjunto”. Tal como salientou Pinto Coelho ao PÁGINA UM, antes, “havia uma perspectiva holística da pessoa”, em que “na Medicina, olhava-se para a pessoa — para a sua parte física, mas também para a sua parte mental, para a sua parte espiritual, para a sua parte social”.
A ‘velhinha’ batalha entre os que defendem que o mais importante na Medicina é o ‘terreno’ (o paciente) e os que defendem que o mais relevante é o ‘contexto’ (o exterior). Este último conceito tem levado a melhor naquilo em que se tornou a chamada Medicina ocidental, muito comercial, que assenta especialização por partes do corpo e no recurso, muitas vezes abusivos, aos fármacos, sem se conseguir ver o paciente de forma integral. E que procura diminuir disciplinas respeitadas, mas que hoje são denominadas como ‘não-convencionais’ ou ‘alternativas’, como a Medicina Chinesa, a Osteopatia e outras.

Como salientou Pinto Coelho nesta entrevista, “não é preciso ser agricultor ou lavrador para se perceber que o terreno manda mais do que a semente que lá pôs”. Mas mesmo na agricultura intensiva já se procura adulterar esse conceito numa era em que os agro-químicos e as multinacionais e interesses do sector agro-alimentar se cruzam com farmacêuticas e seus accionistas.
Por isso, Pinto Coelho é um grande defensor de que deve cuidar do sistema imunitário — que é, aliás, tema de um dos seus livros mais conhecidos. Defende que cada um pode “ser gestor da sua saúde”.
Nesta entrevista, deixou críticas à ausência de cadeiras importantes no ensino da Medicina na Universidade. Também abordou o tema da pandemia de Covid-19, a importância da vitamina D como prevenção e de como chegaram a ser censurados conceitos básicos, como o da imunidade natural. Comentou ainda o tema ‘tabu’ das novas vacinas mRNA, que considera serem diferentes das vacinas convencionais, “mais próximas das terapias genéticas do que das vacinas”.

Sobre o tema das vacinas, deixou um elogio à decisão dos Estados Unidos de reformar a composição do grupo que assessora as políticas em matéria de vacinação no país. Recorde-se que o objectivo do novo secretário de Saúde norte-americano, Robert F. Kennedy Jr., é restaurar a confiança do público nas vacinas em geral, depois do de a confiança ter sido abalada devido aos efeitos adversos provocados pelas vacinas contra a covid-19 e também pela forma coerciva como foi imposta, em muitos casos, a toma daquelas novas vacinas, e sem o devido consentimento informado.
Manuel Pinto Coelho comentou ainda, nesta entrevista, o seu recente envolvimento na política, como mandatário de Joana Amaral Dias como candidata à Presidência da República, com quem partilha ideias similares sobre Saúde. “Ela disse-me que sou o Robert F. Kennedy Jr. português. Tomara eu, um dia, poder ser considerado o Robert F. Kennedy Jr. português”, afirmou Pinto Coelho. “É, de facto, um elogio brutal que me faz, porque eu revejo-me em muita coisa que o Robert F. Kennedy Jr. faz”.