A DERIVA DOS CONTINENTES
Me too

“O fascismo é belo, é vertiginoso. Vivere pericolosamente.”
Últimas palavras que a linda Eunice dirige a Vasco em OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO, de Eurico Veríssimo.
É vergonhoso irmos já no dia 23 de Julho de 2025 quando finalmente é reconhecida na Assembleia da República a Lei contra a violação das mulheres, mas enfim. É melhor que nada. Esta Lei permite que os violadores sejam julgados sem que a sua vítima, ou várias vítimas, tenha de passar pelo Tribunal e ser filmada, julgada, e exposta aos olhos de toda a gente. E, mais ainda, permite que os atacantes ao que a nossa privacidade tem de mais sagrado recebam penas tão pesadas que na oportunidade seguinte, se chegarem a sair da cadeia a tempo, pensem duas vezes antes de repetirem a proeza – ou então são acabados psicopatas que gostam de estar presos porque é onde se encontram presas mais fáceis para actividades sodomitas, e só compete à sociedade fazer-lhes a vontade em celas isoladas.
Mas acreditem, por favor acreditem. Acreditem que as leis não bastam. Nada mudará, nunca, por muito rígidas que sejam as novas normas de penalização da violação às quais ninguém parece ter ligado grande coisa, se as mulheres não se revoltarem frontalmente, e acusarem os seus vampiros com todas as letras, por forma a acabar com os divertimentos de gente porca e viciosa, como por exemplo o Guarda da Estação e o Tiago.
Há cinco anos atrás, o Guarda da Estação e o Tiago foram os dois tarados que juntaram esforços para tornar possível a minha violação.
E depois, como fazem todas as mulheres violadas, falei com a minha médica[1] mas não falei com mais ninguém.
Mas, agora que temos uma lei que nos protege, é imprescindível conseguirmos falar. Só depois de ouvir a nossa voz é que a sociedade pode acordar e revoltar-se, e iniciar a prática, agora possível, de pôr os que nos desfiguram a beleza natural da vida e a alegria de estarmos vivas em tribunal… de onde, de hoje em diante, teremos a certeza que hão de seguir para a prisão.
Agora, isto só acontece a partir do momento em que as vítimas se organizarem[2] e começarem a fazer ouvir a sua voz. Conto-vos a minha história para que as outras mulheres se sintam mais acompanhadas ao fazerem o mesmo.
E também porque o meu caso é um verdadeiro clássico.

Pensei que, envolvendo-me bem no meu silêncio em torno deste nojo, estaria a proteger todos os familiares e amigos, todos os filhos e netos que estão longe, os muitos que costumavam juntar-se regularmente comigo e que não haviam de querer andar a ter de aturar histórias porcas de foi assim ou assado. Pelo contrário, vejo agora, passados mais cinco anos, que o meu desaparecimento das nossas festas, das nossas conversas, e das nossas intimidades mais profundas, magoou de certeza toda a gente que esperava de mim a pessoa que eu era dantes, e agora vou tarde para dizer “queridas manas e mais família, queridas amigas e amigos, queridos filhos e netos, só posso pedir-vos desculpa mas não dei por isso, fiquei traumatizada até ao mais fundo do meu coração por um janado que me violou na Malorada[3] numa noite de chuva, com a complacência do Guarda da Estação”. ↓
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Era noite de Natal, aquela única noite do ano em que toda a minha família se junta e se ri a por a escrita em dia, a saborear tudo quanto há de bom e a visitar os que nos são queridos. Foi tudo como manda a lei, mas o regresso foi complicado. Vivia-se uma fase caótica do confinamento, chovia a potes, e eu ia esperar pelo último expresso para Estremoz, com o bilhete enrolado entre os dedos.
Eram as minhas primeiras Festas aqui, e eu vinha de boleia, com uma grande amiga que nem sequer vive na Malorada, vive num monte a seguir ao castelo romano, mas teve o carinho de me depositar sã e salva na estação, a essa hora cheia de gente, e de se certificar que eu já estava de posse do bilhete. Demos muitos beijos e muitos abraços, soltámos alguns murmúrios de “epá foi tão bom voltar a ver-te” e de “agora já podemos fazer isto mais vezes”, mas eu não tive lata de lhe pedir dinheiro emprestado. O meu chegava para duas bicas, mas, pela conversa que viemos a ter pelo caminho, eu sabia que não era a única que estava a tinir.

Destes Natais com toda a família voltamos para casa felizes, mas muito, muito cansados. Fiquei a dizer adeus aos faróis do Mehari dela, depois entrei no café ao lado da estação para tomar um dos dois cafés a que tinha direito, e a seguir ali fiquei, numa mesinha encostada ao vidro da janela, à espera do expresso que me levaria a Estremoz pelo meio da chuva da Noite de Natal.
É aqui que a festa degenera.
Desde que as estações da Rodoviária deixaram de ter um balcão próprio, onde podemos esclarecer dúvidas sobre os nossos bilhetes, e com verdadeiras pessoas a quem podemos perguntar o que é que fazemos a seguir, todas estas viagens, por pacatas e pequenas que sejam, ficaram tão profundamente desumanizadas que quem ainda não conhece o terreno sujeita-se a ir parar onde não quer. Se fosse agora, depois de cinco anos de treino, nada disto aconteceria. Mas, à época, eu estava a estrear-me na arte dos expressos de Estremoz para o mundo e nem tudo fazia sentido. À noite, a chover, em pleno confinamento que subvertia os horários gerais das camionetas, com toda a gente a quem perguntei a dar-me indicações estranhas e sobretudo erradas, fui deixando passar uma camioneta atrás de outra até deixar passar a última camioneta para Estremoz.
Logo a seguir, sempre com chuva, apareceu o guarda da Rodoviária para fechar a estação.
E eu estritamente com moedinhas para uma bica na carteira.
Mais: com tanto azar, naquela altura o meu telemovel ligava para toda a gente, mas, numa daquelas birras electrónicas que a gente não pode esperar que venham algum dia a ter explicação, recusava-se a ligar exactamente para aquela minha grande amiga da Malorada – exactamente a única pessoa que poderia voltar à estação para vir resgatar-me. Quando queríamos falar uma com a outra, tínhamos de recorrer ao Skype, ao Messenger, agora muitas vezes ao Zoom – com os telemómeis mortos pousados ao lado dos nossos PCs, a todos os títulos inúteis para qualquer tipo de ligação entre nós.
E isto não me acontecia a mim com mais ninguém, nem lhe acontecia a ela com mais ninguém.
Há Forças.
Eu sei que é muito difícil de acreditar, mas há mesmo Forças.
E, entretanto, ia-se fazendo cada vez mais tarde.

Fui explicar a minha situação ao guarda da estação, que não pareceu particularmente preocupado e disse logo que havia um AL ali mesmo por trás. Eu insisti que, por confusão entre as nossas malas, a minha carteira ficara com a minha amiga[4]. E ele repetiu então por que é que eu não ligava a essa amiga, a quem eu já dissera que não conseguia ligar. Ou era surdo ou estava a gozar comigo. Apetecia esmurrá-lo.
“Eu levo-te a Estremoz,” disse uma voz por traz de mim.
“Ah!”, disse o guarda, de onde se prova que não era surdo. “Muito bem, Tiago. Muito bem.”
Era um jovem de pernas finas e olhos brilhantes.
“Muito obrigado,” disse eu. “Mas Estremoz ainda é longe e vai gastar bastante gasolina por minha causa.”
“Ora, não tem importância,” disse o Tiago. “O carro tem o depósito cheio para ir até Lisboa.”
Devia ser um menino do papá a exibir as suas posses. E o guarda da estação parecia venerá-lo.
“É assim mesmo, Tiago,” repetiu ele. “Assim mesmo é que se trata uma senhora.”
Virou-se para mim e sorriu-me um sorriso rasgado, depois do que encerrou a conversa com alguns pronunciamentos sobre a minha sorte.
Agarrei no saco pesado e lá fui atrás do Tiago, a pensar na conjuntura estranha de acontecimentos daquela noite. Estava tão perdida nos meus pensamentos que já era tarde para voltar para trás, sempre pendurada do meu saco pesado, quando percebi que tínhamos entrado numa viela estreita e escura, onde era absolutamente impossível alguém guardar um carro. O Tiago deu-me um empurrão para dentro do abarracamento onde morava, deduzo eu, porque, graças a Deus, lá dentro não havia qualquer luz. Houve só uma conversa interminável de “olha que não te armes em boa que eu trouxe-te para aqui para te mandar um fodão, e se não vai a bem vai a mal que estou com uma puta tesão, e fica sabendo que já comi velhas muito mais velhas do que tu e é do que eu mais gosto. Anda lá, meu, deixa entrar, abre-me essas pernas ou eu parto-te toda,” e mais débitos infindos de ordinaricesque acabaram por vencer-me pelo cansaço. Então o miúdo satisfez-se comigo uma data de vezes, a dizer uma data de porcarias. Acho que queria tanto que aquela tortura acabasse que acabei por adormecer entretanto[5].

Acordei com o Tiago a sair-me de cima, enquanto dizia “tenho de ir buscar uma coisa.” Eu lembrei-me das pernas de alicate e dos olhos brilhantes, pensei “este pobre rapaz não vai viver muito;” nem reparei nos pormenores do casinhoto à minha volta, desapareci dali assim que ele desapareceu, fui andando com tudo a doer e o saco a arrastar até chegar à zona do centro onde fica a praça dos táxis, entrei no café mais próximo onde só estavam homens que olharam todos para mim com desconfiança[6], pedi o tal único café que ainda podia pagar, e, depois de pensar muito, liguei para a Isa – a mulher que já na altura era a minha empregada, e ainda hoje o é. Contei-lhe a história de perder o último Expresso, de não conseguir ligar para a minha amiga, dei-lhe o telefone dela e pedi-lhe que lhe ligasse. Mas a Isa ficou tão horrorizada com a minha noite sabe-se lá como e com só ter dinheiro para um café que me disse para me meter logo num táxi para Estremoz que ela pagava. Por acaso estava um táxi na praça, e estes são daqueles momentos em que a pessoa não vai dizer que não. A Isa ainda foi comigo e ficou comigo para me devolver a tranquilidade e a segurança da minha própria casa, até eu parar de suar e de tremer.
Foi nesse mesmo dia, pelas 18h, que o Bruno apareceu à minha porta com uma caixa de vinho, sem dizer uma palavra.
Como o homem era o taberneiro da esquina e era dia de Natal, pareceu-me perfeitamente normal que me oferecesse uma garrafa de vinho – e assumo desde já que a primeira coisa que me passou pela cabeça foi ligar a televisão na CNN ou qualquer um desses programas alheios, e distanciar-me cada vez mais do meu mundo a beber devagarinho a garrafa do Bruno até ao fim.
Mas o que saltou de dentro da caixa foi antes um Sebastião minúsculo, animadíssimo, eternamente curioso, bichinho alacre e sedento de focinho pontiagudo que explora através de tudo em perpétuo movimento, que logo nessa noite me fez rir como uma perdida e me encheu a cama de pulgas.
Não sei se notaram que já vos falei por várias vezes do dia em que o Bruno apareceu lá à porta com o Sebastião na caixa de vinho, mas a versão que vos contei nunca correspondeu inteiramente à verdade. E eu nem dei por isso. Até agora, que foi quando me lembrei da verdade pela primeira vez.
Com o tempo, creio que com os anos, ainda cheguei a contar a história à Isa só para não carregar o fardo sozinha. Tirando isso, fiz o que fazem todas as mulheres violadas, sejam quais forem as nossas razões para as nossas escolhas: tomei duche, calei-me, e nunca, mas nunca na vida, contei nada a ninguém.

Em grande medida, calei-me porque fiquei bem, e, na ausência da lei da violação, não quis ser obrigada a trazer todos estes monstros à superfície. E também não quis que pessoas que eu amo tivessem de lidar com semelhantes porcarias.
Mas – esperem lá. Eu escrevi, mesmo, “fiquei bem”?
Só agora é que reparo que não, que fiquei mal, mas mesmo muito mal, depois do que aconteceu. Diga-se que fiquei traumatizada, por que não – a palavra existe para uso em casos como este. Por exemplo, nunca mais passei nenhum Natal com aqueles ajuntamentos ciclópicos de família de que, no entanto, gosto tanto. Tem sido sempre por motivos de saúde – mas, e se não fosse? Instintivamente, é como se me acontecesse alguma coisa horrível se não ficar calmamente em Estremoz com o Sebastião.
O bebé que cabia dentro da garrafa de vinho agora é um colosso.
Toda a gente diz que eu sou muito corajosa. Mas a verdade é que tenho medo, um medo pânico, de ir à Malorada. Vivo sozinha há mais de vinte anos e já não tenho medo de quase nada, nem sequer da coisa que está debaixo da cama e me perseguiu até tarde. A casa dela no monte é grande, linda, e tem a toda a volta um jardim muito bem concebido, com oliveiras, chocalhos de ovelhas, e glicínias em Junho.
Essa chaveta da taxonomia familiar adora fazer festas.
E eu confesso, de uma vez por todas, o que nunca tive a coragem de confessar até hoje. Desde que conheci o Tiago e o Guarda da Estação, cada uma dessas festas é um suplício para mim. Sou sempre a primeira a vir embora, com o coração apertado pelo terror de ser engolida, uma vez mais, pela noite da Malorada.
O Sebastião não pode sair do carro porque é tão grande, e ladra tão alto, que assusta os meninos. Mas o que interessa neste particular é que, havendo carro, eu nunca deixo de levar o Sebastião comigo[7]. Sempre conversamos pelo caminho.
E, se não houver carro e me pedirem para me meter no Expresso em Estremoz e ir ter à estação da Malorada[8], onde alguém irá buscar-me vindo do monte, acabou-se toda e qualquer racionalidade. Entro num pânico tão violento que deixo, pura e simplesmente, de conseguir pensar.

E é então começam a acontecer coisas que eu nunca sei de onde vieram, coisas parvas que se vão alinhando uma atrás da outra, coisas que deveriam ser fáceis de resolver mas de súbito o pânico lobotomiza-me, quero fazer tudo bem mas cada vez faço mais porcaria – e pronto, como já se percebeu nunca consigo chegar à Malorada. Se a festa fosse em Viseu, eu punha-me lá nas calmas[9]. Chegava a Finisterra num instante. No outro dia descobri que também há um directo Estremoz-Lagos, vários por dia vindos sabe-se lá de onde. Apanhei um naquela vaga de calor dos quarenta graus, e lá dentro as janelas estavam protegidas, o ar condicionado estava ligado e bem ligado, tínhamos à disposição mantinhas e almofadas, eu agarrei numa almofada, tapei-me com uma mantinha, adormeci produndamente e nem dei pela viagem. Mas dei pela chegada a Lagos. O final desta sequência não é exactamente “… de tal maneira que só acordei em Sagres.” Gaita, comecei a viajar sozinha aos doze anos, em viajens que vinham de Alfândega da Fé para Lisboa com seis mudanças de linha, e finalmente lá estava a Mãe à minha espera em Santa Apolónia, de lágrimas nos olhos porque achava tudo aquilo muito arriscado.
Quando eu tinha vinte anos, a Mãe suplicou-me, de mãos postas, que não tentasse usar o velho acordo celebrado entre o Xá e o Salazar para os portugueses poderem entrar no Irão sem documentos por forma a ser mais fácil recrutá-los para as plataformas de petróleo, onde eram muito apreciados. Isto aconteceu quando o Khomeini acabava de tomar o poder e logo a seguir de expulsar todos os jornalistas do país, mas eu e o Cáceres Monteiro socorremo-nos desse velho acordo de que eu tivera conhecimento por mero acaso, ignorei a súplica da Mãe e fomos mesmo – de camioneta, a correr as montanhas durante três dias, quando tudo aquilo era uma aventura extremamente perigosa.
Não tive medo nenhum.
E agora aqui estou eu a descobrir que por qualquer razão ainda não voltei a passar o Natal com a família desde a minha noite trágica na Malorada, um pionés importantíssimo no mapa das festas familiares que faz cinco anos que me aterroriza ter de revisitar, e no entanto eu só agora reparei que aterroriza.
Como eu estarão neste momento, certamente, centenas ou milhares de mulheres portuguesas, vítimas de outras histórias que lhes roubaram outras liberdades. E, quando finalmente é aprovada a lei da criminalização da violação, passa-se à frente como se nada tivesse menos importância neste mundo.

Talvez por “criminalização da violação” ser um termo novo extremamente difícil de encaixar na língua portuguesa.
Mas nada disto é desculpa, minhas senhoras.
Temos a lei a nosso favor. A bola está no nosso campo. Apanhá-la é aceitarmos a nossa responsabilidade, o nosso dever de começarmos a falar.
Clara Pinto Correia é bióloga, professora universitária e escritora
[1] Quer dizer, falei… o mais laconicamente possível, e pronto. Só queria ter a certeza de que o Tiago não me tinha pegado nenhuma porcaria nascida do esterco.
[2] Por muito que eu deteste a palavra “partilhar”, mas que se lixe. Quando é preciso, é preciso mesmo.
[3] Nome fictício da cidadezinha alentejana onde isto se passou.
[4] História improvisada para uso da criatura, claro. Pura e simplesmente, eu era pobre. Perdida aquela camioneta, já não tinha mais recursos. Cartão de crédito também não tinha. Nem tenho.
[5] Versão extremamente resumida, como hão de compreender e agradecer.
[6] Está bem que estes homens são uns rústicos. Mas neste caso alguma razão teriam ao verem entrar uma senhora que já devia ter andado toda muito composta e agora estava toda descomposta, com rasgões na roupa, arranhões no peito, palha no cabelo, e tudo. Seria, porventura, alguma fugitiva de um novo filme do James Bond onde o Alentejo fazia as vezes de velho West?
[7] Os meus sobrinhos e sobrinhos netos quando o vão lá ver, numa excitação impensável: “A Tia tem um Lobo dentro do carro! A Tia tem um Urso dentro do carro! A Tia trouxe o Abominável Homem das Neves no carro!”
[8] Uns meros 30 minutos de distância. Imensas crianças fazem esta viagem sozinhas, pelo amor de Deus.
[9] Também, estou a exagerar a minha capacidade de resolver problemas rodoviários. Quando vivia no Burgau, juntei-me a um encontro dos Missionários Comboiamos que ficava exatamente em Viseu. Foi assim que descobri que o velhinho “ESPRESSO DA GUARDA”, que partia de Lagos, corria o Algarve, e a seguir virava a Norte e subia até à Guarda com paragem em vários pontos importantes do caminho – e um deles era Estremoz! Entretanto as camionetas melhoraram as suas capacidades, e o “ESPRESSO DA GUARDA” vai hoje até Viseu. Gosto sempre de ir no lugar da frente, com a sua impressionante visão panorâmica, que me vai contando histórias e escrevendo páginas inteiras de romances na cabeça. O pior são os dois motoristas, necessários para a execução perfeita dos horários e da segurança da paisagem: estão permanentemente, mas é que mesmo permanentemente, ao longo de todo o percurso, de onde é que há os melhores restaurantes do caminho, com os pratos preparados como e aquele sítio onde o vinho da casa vem do Céu. Ora, Gaita!