SERVIÇO DE NEUROLOGIA VIVEU UM PESADELO DE AMEAÇAS

Insólito: após alta clínica, imigrante ilegal esteve seis meses no hospital Amadora-Sintra até ser detido pela PSP


Foram cerca de seis meses de pesadelo vivido no serviço de Neurologia do Hospital Professor Dr. Fernando da Fonseca. Um imigrante em situação irregular no país, com o nome António Gomes, recusou sair do hospital após ter recebido alta clínica. Acabou a viver naquele serviço até ser detido pela polícia no passado dia 4 de Dezembro.

Enquanto esteve no serviço do também conhecido Hospital Amadora-Sintra, além de se manter na unidade de saúde registou sempre um comportamento conflituoso, intimidando e ameaçando os profissionais de saúde, o que obrigou mesmo o hospital a condicionar o acesso ao serviço de Neurologia.

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O Hospital Amadora-Sintra confirmou ao PÁGINA UM este caso. Segundo fonte oficial da unidade de saúde, António Gomes deu entrada no serviço de urgências no dia 7 de Maio, tendo o seu estado de saúde melhorado em pouco mais de uma semana. No dia 16 daquele mês foi declarada alta clínica.

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Contudo, o homem recusou sair do hospital e exigiu ser operado por uma afecção que não se conseguiu apurar. Em algumas ocasiões também exigiu que lhe fosse atribuída uma casa pelo Estado português, como condição para sair do hospital.

Ao que o PÁGINA UM apurou, António Gomes veio para Portugal acompanhado de um irmão na expectativa de ter uma cirurgia. Acabou por ficar em situação irregular e até já teria ordem de expulsão do país. Antes de se deslocar ao Amadora-Sintra terá estado no Hospital de São José, em Lisboa, onde os médicos terão concluído que não reunia as condições clínicas para ser operado.

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Também no Amadora-Sintra o homem pediu para ser operado, mas a conclusão da equipa clínica foi a mesma: não reunião as condições clínicas. Perante a recusa da cirurgia e após a alta clínica, António Gomes recusou sair do hospital e foi ficando cada vez mais conflituoso. Também o seu irmão pressionou e intimidou o pessoal do hospital.

Por fim, com o recrudescimento das ameaças, e a impossibilidade de expulsão, a administração do hospital acabou por solicitar a ajuda as autoridades policiais, mas a opção acabou por ser insólita. No dia 3 de Dezembro, conforme uma nota de missão a que o PÁGINA UM teve acesso, foi decidido destacar um agente da PSP, em regime de remuneração a cargo do hospital, para vigiar em permanência “o cidadão António Gomes, em situação irregular no país”, que se encontrava a ocupar a cama 7 no quarto piso no Serviço de Neurologia. A nota de missão explicitava que o imigrante exigia “que o Estado português te[ria] que lhe arranjar casa” para sair pelos próprios pés.

E a ‘relação’ não foi pacífica. Foi até bastante curta. No dia seguinte, o homem acabou detido, tendo sido necessário o recurso a um expressivo dispositivo policial, conforme confirmou ao PÁGINA UM fonte hospitalar.

A PSP ainda não respondeu ainda às questões colocadas hoje pelo PÁGINA UM, mas terão sido iniciadas já diligências para cumprimento da ordem de expulsão do país, uma informação que ainda não se conseguiu confirmar oficialmente.

Para trás, ficam meses de pesadelo vividos no quarto piso do Serviço de Neurologia do Amadora-Sintra pelos profissionais de saúde daquela unidade.

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