Estátua da Liberdade

A vitória de Trump e a derrota dos órgãos de propaganda

Statue of Liberty in New York City under blue and white skies

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Esta madrugada, para espanto dos órgãos de propaganda – que, claro, apostaram todas as fichas no contrário –, Donald Trump não apenas venceu as eleições, mas fê-lo de forma contundente. Conquistou os 270 votos necessários no Colégio Eleitoral e, como se não bastasse, ainda venceu o voto popular, um feito que nenhum republicano alcançava desde 2004, com George W. Bush.

Como se fosse pouco, os republicanos saíram triunfantes também nas disputas pela Câmara dos Representantes e pelo Senado, garantindo o controlo do poder executivo e legislativo. Uma vitória retumbante, para desespero de muitos.

Como é de praxe em qualquer democracia moderna, a campanha foi um espectáculo de distracções: o acessório em primeiro plano, o essencial cuidadosamente guardado na sombra, para delírio dos órgãos de propaganda e dos seus inenarráveis comentadores de serviço.

Quais distracções mereceram a sua atenção? Trump reencarnando Hitler, nada menos! Tudo porque o seu ex-chefe de gabinete, John Kelly, teve o infortúnio de soltar a pérola de que o líder nazi “fez algumas coisas boas”. A reacção? Instantânea: Trump foi prontamente elevado a fascista, tirano de primeira linha, sedento pelo poder absoluto.

Tivemos também a curiosa acusação de senilidade, com Kamala Harris a informar-nos, num tom de genuína preocupação, que Trump estaria cada vez mais instável, um verdadeiro desequilibrado, inapto para cumprir um mandato sequer. Um diagnóstico curioso, especialmente vindo de quem, durante quatro anos, não demonstrou a mínima capacidade para perceber que o presidente Biden há muito estava xexé – ao ponto de ser quase impensável apresentá-lo às eleições, tamanha a debilidade evidenciada num debate com Trump.

Não poderia faltar a ameaça à democracia, acusação perene de que Trump orquestrou o ataque ao Capitólio. Curioso, no entanto, que a única vítima mortal de um disparo naquele dia tenha sido Ashli Babbitt, apoiante de Trump, alvejada não por desordeiros ou manifestantes, mas pela própria polícia; tudo isto num país onde há mais armas que habitantes. Incitação à violência? Até hoje ninguém conseguiu encontrar a frase exacta em que Trump teria convocado o caos, na verdade, apenas realizou um apelo à manifestação, um direito que não parece tão absoluto quando o manifestante em questão não agrada aos guardiões da virtude.

Como não poderia deixar de ser, assistimos às eternas acusações de racismo e misoginia, acompanhadas do ataque aos “direitos reprodutivos” – um eufemismo para descrever o acto de assassinar uma vida humana em gestação. O cenário, segundo os arautos do apocalipse, seria catastrófico: um país onde o aborto poderia ser restringido! Um golpe impensável contra a cultura de morte, agora tão apreciada pelo Ocidente em decadência.

Não só Trump esteve na mira, os seus apoiantes também. Durante uma videoconferência com o grupo Voto Latino, Biden fez uma declaração que gerou polémica. Em resposta a uma piada racista, em que um comediante num comício de Trump chamou Porto Rico de “ilha flutuante de lixo”, Biden não titubeou: “O único lixo que vejo a circular por aí são os apoiantes de Trump.” Com o seu gosto característico pelo espectáculo, Trump aproveitou logo a deixa: apareceu no topo de um camião de recolha de lixo e realizou um comício devidamente vestido, reencarnando o “homem do lixo”. Enfim, uma lixeira absoluta e obviamente nauseabunda. 

A cereja no topo veio da pena de Paulo Baldaia, uma figura que há décadas desfila por vários órgãos de propaganda, uns falidos, outros a caminho de o ser, e que nos brindou com esta obra-prima: “Se é dono de um Tesla ou tem conta no X pode estar a ajudar Trump a ser eleito.” Pois é, a ameaça, pasme-se, esconde-se agora atrás do volante de um carro eléctrico ou, ainda pior, no simples acto de possuir uma conta no X (outrora Twitter, para os menos informados). A conspiração é tão intricada que carregar a bateria do carro ou publicar uma fotografia numa rede social parece agora o princípio do apocalipse. Quem diria que o fim da democracia chegaria com um like e com uma bateria de um carro eléctrico a carregar!?

Os putativos jornalistas da nossa praça – na realidade meros activistas políticos – fariam melhor em concentrarem-se em factos e notícias, em vez de praticarem propaganda descarada a favor de um candidato. Afinal, lembremo-nos que nenhum português vota nas eleições norte-americanas. Podiam, no mínimo, ter-nos alertado para um pequeno detalhe: nenhum dos candidatos ousou sequer mencionar o Banco Central norte-americano, a venerável Reserva Federal. Quando uma figura ou instituição se torna imune à crítica, é fácil entender quem realmente manda.

Foi o Banco Central quem emitiu o dinheiro que inundou os lares norte-americanos com cheques durante a pandemia inventada, gerando a explosiva subida de preços que agora diz combater! Foi o Banco Central com as suas taxas de juros a 0% que confiscou as poupanças dos cidadãos comuns para beneficiar especuladores e classes ricas, detentoras de activos reais – acções, criptomoedas e imóveis. Foi o Banco Central que criou dinheiro do nada para enviar “ajudas” à Ucrânia, pondo o povo a pagar guerras sem fim através do chamado imposto silencioso: a inflação. Ao que parece, criticar tal poder é tabu – mas eis a verdadeira mão invisível que poucos ousam mencionar.

Pois, além de não nos terem alertado para esse detalhe essencial, os cronistas deveriam também ter mencionado a subida galopante da dívida pública norte-americana em nada menos que 40%, saltando de 20 para quase 28 biliões de dólares (sim, com doze zeros), tudo durante o mandato de Donald Trump e sob o beneplácito da impressora mágica da Reserva Federal. Foi também na sua presidência que se inauguraram as famosas “guerras comerciais”, impondo taxas sobre importações – um tributo disfarçado que recai directamente sobre o consumidor norte-americano, servindo apenas para o empobrecer com um toque patriótico.

E não nos esqueçamos do confinamento pioneiro na luta contra o vírus invisível – uma manobra que nem os mais talentosos escritores distópicos poderiam ter antecipado. Por fim, no final do mesmo mandato, surgiu a audaciosa Operation Warp Speed, uma iniciativa lançada em Maio de 2020 com o propósito declarado de acelerar as vacinas para a Covid-19. Ou melhor, para lançar substâncias experimentais de forma indiscriminada sobre a população.

No caso de Kamala Harris, em vez de nos venderem a ideia de que assistíamos ao retorno de Cristo à Terra, poderiam, talvez, ter-nos alertado para o seu silêncio quanto às aventuras bélicas de Joe Biden ou para sua conivência tácita enquanto vice de Barack Obama – aquele mesmo que, após o Nobel da Paz de 2009, decidiu bombardear ou lançar guerras nos mais variados destinos: Afeganistão, Paquistão, Iémen, Líbia, Síria e Somália. Um currículo notável, sem dúvida.

Não nos esqueçamos, claro, do golpe de Estado na Ucrânia em 2014, patrocinado pela dupla Obama-Biden, que conseguiu instalar um regime simpático a ideais nazis, e que, com entusiasmo, se dedicou a bombardear e massacrar milhares de civis no Donbas. O regime fantoche na Ucrânia, por sua vez, prontamente desrespeitou os acordos de Minsk, enquanto se armava até aos dentes para participar, com toda a solenidade, numa guerra orquestrada pelos EUA, com o objectivo final de enfraquecer a Rússia e preservar a hegemonia do Dólar norte-americano.

E quanto à população ucraniana? Bem, essa pouco importou – afinal, submetida a dois exércitos de bandidos, serviu apenas como carne para canhão nesta grandiosa guerra de interesses globais. Tudo Kamala Harris ignorou, inclusive o genocídio perpetrado pelo regime psicopata de Israel. Tal como Trump, também fez explodir a dívida pública para pagar estas aventuras, generosamente oferecida pela impressora de notas do Banco Central. Dívida pública, défices e impressão de dinheiro sem fim, a mesma receita de Trump.  

Mas também se esqueceram dos infames mandatos de vacinas sob a administração Biden-Harris? Uns tempos de “plena liberdade”, em que os cidadãos eram cordialmente convidados a vacinarem-se com uma substância experimental – caso contrário, um “até logo” ao emprego! Um verdadeiro acto de fascismo na sua forma mais pura.

Por cá, também fomos presenteados com uma boa dose de terrorismo de Estado durante a pandemia inventada. Era ver esses putativos jornalistas a pavoneavam as suas virtudes confortavelmente atrás de um computador, enquanto o povo era submetido a experiências em massa e via a sua vida e negócios serem destruídos.

A reacção à vitória de Trump por parte desta gente ainda nos deixou mais perplexos, mas foi hilariante. Desde atestados de burrice ao povo norte-americano – esquecem-se que pertencem a um povo que há poucos anos ainda tinha 5% de analfabetos e elegeu em tempos o Eng. Sócrates –, à derrota da democracia – quando o povo não vota como eles gostam! –, ao aparecimento de uma tríade de chalupas – a mesma que em tempos perguntava, num claro discurso de ódio: E agora, o que fazer com os chalupas? –, aos abalos no estado de saúde, tudo foi possível nas cabeças desta gente. Há algo que ainda não se deram conta: ninguém lhes liga! Tivemos, assim, a vitória de Trump e a derrota destes imprestáveis.

Luís Gomes é empresário


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