Milhares de portugueses estão a ser açoitados por pavorosos fogos e ficaram sem saber o que faz Patrícia Gaspar, secretária de Estado da Administração Interna… para os proteger.
A senhora é uma palavrosa. Não respondeu às simples e pertinentes perguntas do jornalista da SIC.
Os portugueses andam açoitados por violentos fogos, em Leiria, Vila Real, Serra da Estrela, aos quais se associam os loucos pirómanos, as alterações climáticas e os interesses económicos.
Mas a secretária de Estado da Administração Interna falou, sem dizer nada. Para nosso desespero, que não percebemos a utilidade do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), um alegado sistema de interacção de socorro.
Foi Daniel Sanches, ministro de Santana Lopes (depois de ser diretor SIS, acompanhado de José Pestana, o homem da imagem da Polícia Judiciária, na altura), que nos meteu numa “aventura” de 540 milhões de euros. A ideia era coordenar as polícias e o socorro, mas não resultou em Pedrógão Grande, onde morreram, de forma estúpida, dezenas de pessoas. O SIRESP ardeu ali, não funcionou.
Depois de António Costa se tornar braço direito de José Sócrates – então primeiro-ministro –, torceu o nariz ao SIRESP, mas a coisa lá continuou.
Durante muitos anos, o SIRESP foi uma parceria público-privada conturbada. E ainda, em 2018, tinha como estrutura accionista a Motorola, com 14,90% (propriedade da Google!), a Esegur, com 12% (ex BES), a Datacompt, com 9,55% (ex-BPN), a Galilei, com 33% (ex-BPN) e a Portugal Telecom Participações (PT), com 30,55%.
Não se descobria aqui o Estado português, a não ser através da Parvalorem.
A dada altura, a Altice comprou a PT, que estava falida, e exerceu direitos de preferência. Portugal ficou, então, com apenas 33% de controlo do seu sistema de comunicações de segurança. A Google abocanhou 14,90%, através da Motorola, e 52,1% ficaram na mão da Altice, liderada por um português emigrante e um israelita, ao que consta ligado à Mossad, serviço secreto israelita.
As coisas mudaram em 2019, quando Portugal adquiriu o capital privado e transformou o SIRESP em empresa pública, com um presidente a ganhar mais de sete mil euros por mês e uma Assembleia Geral a lucrar 500 euros de senha de presença em cada reunião. Para trás, ficou a pergunta óbvia: quem lucrou com anos de sociedade anónima? Que negócio foi este?
A pergunta hoje é outra, que se arrasta aliás no tempo: porque razão o SIRESP continua a falhar estrondosamente?
Num teste realizado há dias, o SIRESP chamou a Imprensa para demonstrar a sua eficácia. Mas quem estava numa cave demorou sete longos minutos até conseguir comunicar com quem esperava no 10º andar.
Com tudo isto, a senhora secretária de Administração Interna, Patrícia Gaspar, bem pode falar para o boneco! Porque o País precisa de quem faça!
Palavras levam-nas as chamas.
José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)
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