O mercado não funciona em Portugal, porque o capitalismo está entupido para felicidade dos podres-de-rico portugueses.
A prova são as 730 mil casas desocupadas, sinalizadas em relatório da OCDE de 2019. Se o mercado funcionasse, o preço das casas e as rendas estariam a baixar em flecha. É a lei da oferta e da procura.
Em rigor, vivemos num sórdido caldo misto de salazarismo e de regime soviético. Queremos ter muitas casas para amealhar, e invejamos as cinco casas do primeiro-ministro António Costa e a casona do Robles do Bloco de Esquerda.
Hoje, temos uma maioria absoluta do Partido Socialista, mas afinal não serve para mudar as leis do arrendamento da Assunção Cristas.
O primeiro ministro prefere andar no jigajogas dos números da inflação, do equilíbrio dos aumentos, nos cortes nas pensões. Mas não toca no essencial: o escândalo da habitação em Portugal, que até já foi reportagem na EuroNews.
Não podemos ter medo de dizer a verdade, quer se seja socialista, popular-democrata ou cheguista.
O problema do nosso dia-a-dia são as escandalosas prestações e as altíssimas rendas de apartamentos, que custaram seis vezes menos o preço da avaliação. Às vezes, um décimo.
Andamos há anos encher os bolsos a bancos, que nos emprestam dinheiro e que já emprestaram aos construtores.
Mas não pode haver lucro? Sim, mas em excesso é roubo!
Pior, depois esse dinheiro desaparece, e o Governo tem de aprovisionar alguns bancos, sacando aos rendimentos suados do trabalho dos portugueses.
Mas, claro!, os podres-de-rico e os Governos agora têm sempre à mão o mesmo disco riscado: a culpa é da invasão da Ucrânia, de sermos uns calões e de termos comprado uma casinha a bochechos.
Prometem ajudar-nos… mas continuam a comer-nos as papas na cabeça.
José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)
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