A guarda-costeira sueca descobriu a quarta fuga no Nord Stream. Aquilo já não é bem um pipeline, um tubo – é mais um queijo suiço.
Submarinos russos foram avistados no local (terá sido no “sailRadar24”?), mas estes garantem que estavam só de passagem para ir ao bacalhau na Noruega.
A União Europeia diz que toda a Europa está sob ataque com estas sabotagens no Nord Stream.
Os americanos dizem que a Europa não se deve preocupar porque estas fugas não afectarão o fornecimento e, portanto, o Inverno será quentinho. Mais caro, mas quem sabe, bem quentinho. Para alguns.
Eu, que gosto de ser prático nestas coisas, dou por mim a pensar se a Van der Leyen & Cia. não deveriam ter pensado em reduzir a dependência da energia russa antes de começarem a escrever os sucessivos pacotes de sanções.
Eu sei que é difícil reverter, em 15 dias, as duas décadas que andámos a lambuzar os ditos do Putin, mas, quer dizer, ou se percebe a realidade da dependência, e somos mais cuidadosos nas entradas à campeão no jogo de poker; ou “cagamos” nisso tudo, tatuamos #ukraniaForever nas nádegas e rebentamos a Europa toda para os salvar.
Uma das duas.
Agora esta pose de arrogância da União Europeia, a trocar de ditaduras para salvar o Inverno, enquanto vai brincando aos ricos com a mesada do pai, e deixando a conta para o povo, a quem nada perguntou, é que me está a dar cabo dos nervos.
A von der Leyen, a Lagarde, o Biden, o Putin, o Zelensky e os demais milionários que se juntem num jogo de pingue-pongue, a duas mãos, para decidir quem fica com os campos de trigo ou as saídas para o mar. Para combinarem onde é que a NATO monta acampamento e até onde a Sibéria chegará. Para chegarem a acordo sobre qual dos impérios poderá explorar mais as pessoas nos próximos 50 anos, ou se dividem entre eles, distribuindo os lucros pela elite reinante.
Epá… já estou por tudo: façam o que quiserem. Até um concurso de quem mija mais longe com aquelas próstatas velhas. Mesmo a da Lagarde.
Agora, deixem de matar miúdos que se estão a borrifar para o Donbass e que não ganham nada com a exploração das matérias-primas. E principalmente, chega de mandar a conta para a classe média que, de Lisboa a Estocolmo, de Roma a Helsínquia, terá de pagar toda esta porcaria.
Eu quero que o Putin vá onde o Milhazes manda. E o Zelensky. E a Lagarde. E o Biden. E a von der Leyen, sobre a qual o director do PÁGINA UM se queixa de seguir sempre com gralhas.
Penso no que impede as novas gerações, envolvidas directa ou indirectamente nesta guerra, de se revoltarem e retirarem do poder a esta elite corrupta que os faz pagar com a vida ou com o salário as suas ambições de poder.
Tiago Franco é engenheiro de desenvolvimento na EcarX (Suécia)
N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.