Portugal é um país estranho.
Lamentamos o atraso de décadas em relação aos nossos vizinhos europeus, criticamos a falta de arrojo dos nossos governantes, desesperamos com a baixa produtividade das nossas empresas, arrasamos a gestão dos patrões, rebaixamos os preguiçosos dos trabalhadores, mas, sobretudo, trucidamos aqueles que se conseguem distinguir pela excelência.
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Podemos perdoar, sempre com um ar de superioridade ofendida, aos que falham por incompetência ou inércia, mas jamais a quem se distingue por obras meritórias.
Somos um país de medíocres invejosos.
Nada nos causa mais raiva, ódio, vontade de destruir a todo o custo do que o êxito de alguém.
E quanto mais próximo de nós, maior a vontade de denegrir, caluniar, enxovalhar.
Podemos ter um Ronaldo a bater todos os recordes do mundo que encontraremos sempre um qualquer jogador que lhe é muito superior, “na nossa óptica”!
A um dos nossos pode ser atribuído o Prémio Nobel da Literatura que logo descobriremos dezenas de escritores “muito superiores”, e que sabem usar a pontuação, embora nunca tenhamos lido um único livro quer do premiado quer dos “nossos favoritos”.
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Se um conhecido consegue enriquecer, é certo e sabido que só o conseguiu por se dedicar a negócios ilícitos.
Se um amigo é promovido, tal só se pode dever a cunhas ou por ser um “lambe-botas”.
Daí que, se pedirmos nomes de portugueses com sucesso, dificilmente se encontrará algum a exercer a sua actividade em Portugal.
Os exemplos acima, de Cristiano Ronaldo e José Saramago, são prova disso mesmo.
O primeiro porque em Portugal não havia quem o respeitasse como ele merece e o segundo por estar farto dos Laras das nossas vidas.
Mas podíamos citar dezenas e dezenas de grandes figuras portuguesas que se viram forçadas a deixar um país que adoram para não terem de suportar a maledicência dos seus compatriotas.
Vieira da Silva e Paula Rego foram pintar para Paris e Londres; Maria João Pires seguiu-lhe as pisadas para encantar meio mundo com a sua arte; António Damásio pôs a sua inteligência ao serviço dos americanos; Felipe Oliveira Baptista, um ilustre desconhecido em Portugal, foi nomeado director artístico da Lacoste; Carlos Tavares é uma das mais influentes personalidades da indústria automóvel (CEO da PSA, a detentora da Peugeot e da Citroën); António Horta Osório é, de acordo com o Financial Times, o nono banqueiro mais bem pago do mundo, em Inglaterra e Suíça, com uma remuneração anual de 12,9 milhões de dólares.
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Os exemplos podiam suceder-se por várias páginas.
O que têm, então, em comum, os melhores de nós?
Optaram por emigrar.
O que ganharam com isso?
Para além de dinheiro, reconhecimento e admiração.
Tivessem ficado em Portugal e seriam alvo de todas as perseguições, ódios e invejas por parte de uma multidão de avarentos insignificantes.
A perseguição ignóbil de que tem sido alvo Isaltino Morais é disso o exemplo máximo.
Político reconhecido, a nível nacional e internacional, como um visionário que transformou uma zona que servia de dormitório de Lisboa no principal concelho do país, em várias vertentes, é alvo de constantes ataques desprezíveis, soezes e abjectos por parte de quem quer ficar conhecido por o derrubar.
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O facto de saberem que a população do concelho, que ele lidera, o venera, como provam os resultados eleitorais, com maiorias absolutas sucessivas e cada vez maiores, não conta, para os que pretendem, como objectivo na vida, destruir, incapazes que são de criar seja o que for nas suas vidinhas sumíticas e infelizes.
É impressionante o número de “corajosos anónimos”, brilhantes investigadores, estudiosos magistrados, minorcas comentadores, aprendizes de políticos, candidatos a canonizações, porque acima de qualquer suspeita (até lhes sair um esqueleto do armário), buscam, rebuscam, revistam, mexem e remexem em documentos, computadores, telefones, à procura de uma prova que lhes permita pôr em causa uma obra exemplar.
Ao passarem por Oeiras nem têm tempo para reparar que, onde antes havia barracas e lixo, casas sem saneamento básico ou electricidade, está hoje o Tagus Park, o Jardim dos Poetas, bairros esplêndidos, escolas, postos médicos.
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Tudo obra de um pequeno grupo de gente profissional e empenhada, que ama a sua terra e tem sido liderada por um Homem superior.
Para os seus concidadãos, Isaltino Morais é um património único.
Para os invejosos, é um troféu que querem conseguir, a qualquer custo, para serem recompensados com trinta moedas de alguns tiranos.
Pobres falhados!
Vítor Ilharco é secretário-geral da APAR – Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso
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