Correio Trivial

Um troféu chamado Isaltino 

black and white abstract painting

por Vítor Ilharco // Novembro 15, 2022


Categoria: Opinião

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Portugal é um país estranho.

Lamentamos o atraso de décadas em relação aos nossos vizinhos europeus, criticamos a falta de arrojo dos nossos governantes, desesperamos com a baixa produtividade das nossas empresas, arrasamos a gestão dos patrões, rebaixamos os preguiçosos dos trabalhadores, mas, sobretudo, trucidamos aqueles que se conseguem distinguir pela excelência.

train passing in between buildings

Podemos perdoar, sempre com um ar de superioridade ofendida, aos que falham por incompetência ou inércia, mas jamais a quem se distingue por obras meritórias.

Somos um país de medíocres invejosos.

Nada nos causa mais raiva, ódio, vontade de destruir a todo o custo do que o êxito de alguém.

E quanto mais próximo de nós, maior a vontade de denegrir, caluniar, enxovalhar.

Podemos ter um Ronaldo a bater todos os recordes do mundo que encontraremos sempre um qualquer jogador que lhe é muito superior, “na nossa óptica”!

A um dos nossos pode ser atribuído o Prémio Nobel da Literatura que logo descobriremos dezenas de escritores “muito superiores”, e que sabem usar a pontuação, embora nunca tenhamos lido um único livro quer do premiado quer dos “nossos favoritos”.

Se um conhecido consegue enriquecer, é certo e sabido que só o conseguiu por se dedicar a negócios ilícitos.

Se um amigo é promovido, tal só se pode dever a cunhas ou por ser um “lambe-botas”.

Daí que, se pedirmos nomes de portugueses com sucesso, dificilmente se encontrará algum a exercer a sua actividade em Portugal.

Os exemplos acima, de Cristiano Ronaldo e José Saramago, são prova disso mesmo.

O primeiro porque em Portugal não havia quem o respeitasse como ele merece e o segundo por estar farto dos Laras das nossas vidas.

Mas podíamos citar dezenas e dezenas de grandes figuras portuguesas que se viram forçadas a deixar um país que adoram para não terem de suportar a maledicência dos seus compatriotas.

Vieira da Silva e Paula Rego foram pintar para Paris e Londres; Maria João Pires seguiu-lhe as pisadas para encantar meio mundo com a sua arte; António Damásio pôs a sua inteligência ao serviço dos americanos; Felipe Oliveira Baptista, um ilustre desconhecido em Portugal, foi nomeado director artístico da Lacoste; Carlos Tavares é uma das mais influentes personalidades da indústria automóvel (CEO da PSA, a detentora da Peugeot e da Citroën); António Horta Osório é, de acordo com o Financial Times, o nono banqueiro mais bem pago do mundo, em Inglaterra e Suíça, com uma remuneração anual de 12,9 milhões de dólares.

Os exemplos podiam suceder-se por várias páginas.

O que têm, então, em comum, os melhores de nós?

Optaram por emigrar.

O que ganharam com isso?

Para além de dinheiro, reconhecimento e admiração.

Tivessem ficado em Portugal e seriam alvo de todas as perseguições, ódios e invejas por parte de uma multidão de avarentos insignificantes.

A perseguição ignóbil de que tem sido alvo Isaltino Morais é disso o exemplo máximo.

Político reconhecido, a nível nacional e internacional, como um visionário que transformou uma zona que servia de dormitório de Lisboa no principal concelho do país, em várias vertentes, é alvo de constantes ataques desprezíveis, soezes e abjectos por parte de quem quer ficar conhecido por o derrubar.

O facto de saberem que a população do concelho, que ele lidera, o venera, como provam os resultados eleitorais, com maiorias absolutas sucessivas e cada vez maiores, não conta, para os que pretendem, como objectivo na vida, destruir, incapazes que são de criar seja o que for nas suas vidinhas sumíticas e infelizes.

É impressionante o número de “corajosos anónimos”, brilhantes investigadores, estudiosos magistrados, minorcas comentadores, aprendizes de políticos, candidatos a canonizações, porque acima de qualquer suspeita (até lhes sair um esqueleto do armário), buscam, rebuscam, revistam, mexem e remexem em documentos, computadores, telefones, à procura de uma prova que lhes permita pôr em causa uma obra exemplar.

Ao passarem por Oeiras nem têm tempo para reparar que, onde antes havia barracas e lixo, casas sem saneamento básico ou electricidade, está hoje o Tagus Park, o Jardim dos Poetas, bairros esplêndidos, escolas, postos médicos.

Tudo obra de um pequeno grupo de gente profissional e empenhada, que ama a sua terra e tem sido liderada por um Homem superior.

Para os seus concidadãos, Isaltino Morais é um património único.

Para os invejosos, é um troféu que querem conseguir, a qualquer custo, para serem recompensados com trinta moedas de alguns tiranos.

Pobres falhados!

Vítor Ilharco é secretário-geral da APAR – Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso


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