VISÃO DA GRAÇA

‘Karma is a bitch’: jornalistas mainstream em choque porque sofrem “censura” no Twitter

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por Elisabete Tavares // Dezembro 16, 2022


Categoria: Opinião

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O Twitter tem menos de 400 milhões de utilizadores. O Facebook tem mais de dois mil milhões de utilizadores, sendo a maior rede social do Mundo. O Twitter suspendeu contas de jornalistas e caiu o Carmo e Trindade. Os media mainstream desataram aos berros, a Comissão Europeia rosnou ameaças. Mas quando um jornalista é censurado no Facebook (como conto mais abaixo neste artigo)… sepulcral silêncio. Nada acontece. Nenhum jornalista se revolta. Nenhuma entidade oficial lança ameaças a Mark Zuckerberg.

Porquê? A resposta é: Twitter e Musk. O Twitter era antes, até à sua compra por Elon Musk, o recreio da maioria dos que (erradamente classificados como liberais ou de esquerda, porque são, na realidade, fascistas) têm sido a favor de censura de conservadores e de cientistas de topo, os quais discordavam das medidas da pandemia. Aqui estão incluídos muitos jornalistas que trabalham para grandes grupos de comunicação social.

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Musk mudou tudo e tirou-lhes o recreio. Já não podem brincar à censura e perseguição. Agora, a eles – que são adeptos de censura à moda do regime chinês – saiu-lhes o bolinho da sorte especial (ou a fava, na versão popular portuguesa). Se quiserem brincar à censura, têm de ir para o Facebook ou continuarem a passear no Instagram.

Mas isto não se inventa. A sério. Depois de terem apoiado durante quase três anos a censura praticada no Twitter, jornalistas estão em choque porque… há censura no Twitter.

Em resumo, isto foi o que aconteceu agora: o Twitter suspendeu temporariamente uma dezena de contas de jornalistas famosos de grandes meios de comunicação social norte-americanos. O novo dono do Twitter, Elon Musk, alegou que os jornalistas partilharam um link que permite mostrar a localização exacta, em tempo real, do avião privado que o transporta e também à sua família.

Ontem mesmo, Elon Musk denunciou que um agressor perseguiu um carro onde viajava o seu filho em Los Angeles, tendo bloqueado a viatura e subido para cima do capô do carro.

Musk alertou que o chamado doxxing – identificação de alguém na Internet, permitindo a sua localização, por exemplo – não seria permitido no Twitter e que as contas que o fizessem seriam suspensas. Mais tarde, depois das contas de jornalistas terem sido suspensas, Musk afirmou que as regras do Twitter também se aplicam a jornalistas, os quais não são especiais face aos restantes utilizadores da rede social.

Os jornalistas mainstream, que até agora andavam caladinhos sobre as chocantes revelações dos #Twitter Files saíram aos gritos contra Musk. Também a Comissão Europeia, cúmplice e parte activa da censura que se tornou normal nas redes sociais e nos media mainstream desde 2020, saiu também aos gritos e ameaças contra Musk. Sem surpresas. Musk está a expor as mentiras e os crimes cometidos pela anterior administração do Twitter contra muitos dos que lutaram contra as medidas ilegais e anti-científicas que a Comissão Europeia patrocinou.

Reparem: Musk abriu a guerra aos media mainstream e à Comissão Europeia. Escolheu jornalistas independentes para divulgar os documentos internos que provam as antigas práticas de censura do Twitter. Critica os media mainstream frequentemente, acusando-os de serem parciais e não isentos. E levantou a suspensão de contas no Twitter de cientistas de topo a nível mundial – que tinham sido alvo de censura – e de vozes conservadoras.

Alguns media tradicionais, incluindo media portugueses, que têm estado tranquilamente a fazer um boicote e a recusar publicar notícias sobre o preocupante e gigantesco escândalo que é os “Twitter Files”, apressaram-se a noticiar em força que Musk suspendeu contas de jornalistas que denunciaram a sua localização em tempo real e da sua família. [O PÁGINA UM tem acompanhado as revelações dos “Twitter Files”, que pode ler aqui]

Jornalistas a incentivar a localização em tempo real de alguém e da sua família – mesmo sendo uma figura pública – não está correcto. E jornalistas não estão acima das regras. Pelo contrário: por exemplo, no Código Deontológico dos Jornalistas salienta-se que estes devem “respeitar a privacidade dos cidadãos, excepto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende.” Não me parece que divulgar em tempo real a localização do avião de Elon Musk seja “interesse público” ou que a sua conduta seja susceptível para tal.

Não sou absolutamente nada a favor de censura (a não ser de situações concretas, como incentivo ao ódio, pedofilia e outros crimes), sobretudo no caso de jornalistas que estão a relatar um acontecimento. No entanto, compreendo Musk. É a segurança da sua família que está em causa. Os jornalistas sabem disso (ou têm a obrigação de saber).

Mas este caso acaba por ser como que uma armadilha para a Comissão Europeia e os jornalistas apoiantes da censura e da perseguição de vozes “dissidentes” das de governos e “narrativas oficiais”, incluindo as impostas pelos dólares de farmacêuticas a facturar como nunca e em ascensão nos mercado de capitais.

Ao censurarem a censura aplicada por Musk a contas que fazem doxxing, acabam por cair direitinhos na armadilha do dono do Twitter. Então, afinal os jornalistas e a Comissão Europeia estão contra a censura? A sério?

Só podem estar a gozar. A sua hipocrisia não tem limites.

Se há coisa que os “Twitter Files” vieram provar é que cientistas de topo a nível mundial foram alvo de censura pelos antigos executivos do Twitter. Também vozes conservadoras foram visadas.

A maioria dos jornalistas que trabalham para grandes grupos de comunicação social não só foram cúmplices dessa censura como a incentivaram, incluindo nas notícias que publicavam e no tempo e espaço que recusavam dar aos que tinham “algo diferente” a dizer em relação aos comunicados de imprensa de governos e autoridades de saúde.

O resultado foi a destruição da percepção pública do que é o Jornalismo e do que é a Ciência – não, não é algo que pessoas “seguem” ou “acreditam, porque isso é religião. Foi também uma campanha de terra queimada – eliminando-se todas as vozes discordantes em temas como política, saúde, ou outros.

Além da interferência que houve nas eleições presidenciais norte-americanas: antigos funcionários do Twitter censuraram conteúdos de conservadores e suspenderam a conta do então presidente, Donald Trump, enquanto protegiam o candidato democrata, Joe Biden, proibindo a divulgação das notícias sobre o famoso escândalo envolvendo o portátil de Hunter Biden.

Elon Musk, novo dono do Twitter, tem estado a divulgar documentos internos da rede social que provam as antigas práticas de censura da empresa. Vozes do lado político mais conservador eram visadas pela censura, tal como cientistas de topo que se mostraram contra as medidas de alegado combate à covid-19. As revelações estão a ser feitas por jornalistas independentes e não pelos tradicionais grandes grupos de comunicação social que pactuaram com a censura que era feita anteriormente pelo Twitter.

Em Portugal, a maioria dos grandes grupos de comunicação social alinharam com as políticas de censura, achando-se “importantes” e parte do “poder”. Que falácia tão grande. Ao alinharem com as políticas de silenciamento e perseguição de vozes discordantes, os media auto-destruíram a sua credibilidade e a do Jornalismo.

Pela positiva, começaram a nascer e a florescer órgãos de comunicação social, como o PÁGINA UM, ou o The Free Press, nos Estados Unidos. E também blogues, como o Farol XXI, da Plataforma Cívica Cidadania XXI, que foi uma lufada de ar fresco num panorama de censura e obscurantismo que se vivia em Portugal durante a pandemia.

A diferença na “censura” actual no Twitter é que as contas de jornalistas que praticaram doxxing deixarão de estar suspensas em alguns dias, em princípio, segundo sugeriu Musk. No passado, na era pré-Musk, personalidades foram banidas definitivamente do Twitter. Porque divulgaram mentiras? Não. Porque incentivaram agressões e assédio a figuras públicas e às suas famílias? Não. Simplesmente porque diziam algo diferente do que os governos queriam. E os ajudantes desta PIDE da Internet e da comunicação social executavam as “sentenças” e os “castigos”.

Enquanto os olhos das redes sociais estão agora voltados para o Twitter, no Facebook, no Google e nas suas apps e empresas continua tudo igual como era desde 2020: censura vasta e precisa aplicada a quem não diz o que governos e autoridades comprometidas e moralmente falidas não autorizam.

Foi frequente, na pandemia, a censura nos media de vozes discordantes da chamada “narrativa” oficial. Alguns media mainstream passaram notícias falsas e desinformação. Jornalistas incentivaram o ódio e a perseguição de pessoas que discordavam das medidas da pandemia. As pessoas que decidiram não tomar vacina foram alguns dos alvos visados por jornalistas e directores de publicações, sem qualquer justificação científica e claramente em violação do Código Deontológico dos Jornalistas.

Na semana passada, esta “vossa” jornalista viu a sua conta ser bloqueada por um dia no Facebook e agora os meus conteúdos são “escondidos” durante cerca de um mês. O motivo: partilhei uma notícia do PÁGINA UM – um órgão de comunicação social português constitucionalmente protegido – sobre uma sentença do Tribunal Administrativo de Lisboa. A sentença é verdadeira. A notícia é verdadeira. Mas o tema da sentença e da notícia não é aprovado pelo Facebook.

Apetece fazer “LOL”, quando uma empresa tecnológica pode decidir que a divulgação de uma sentença de um Tribunal de um país deve ser censurada e bloqueada para não chegar ao conhecimento do público. Apetece rir, porque deveria ser uma anedota, o Facebook poder bloquear uma notícia escrita por um jornalista com carteira profissional e publicada num jornal licenciado junto da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

Nenhum jornalista se revoltou. Nenhum burocrata na Comissão Europeia vociferou. Dirão: ah, claro, porque és só uma jornalista portuguesa e no Twitter foram suspensos uma dezena de jornalistas famosos norte-americanos. É certo. Mas é normal que uma jornalista europeia, com carteira profissional há mais de 25 anos, seja bloqueada pelo Facebook por… partilhar uma sentença de um Tribunal e uma notícia sobre o tema?

Não, não é normal. E também não foi caso único. E não será o último. A diferença é que esta jornalista (e muitos outros), além de não ser famosa, nem norte-americana, também nunca apoiou a censura, pelo contrário. Nunca apoiou a perseguição de cientistas de topo durante a pandemia. Essa é a diferença.

Tecnológicas como a Meta (Facebook) e Google aplicam ferramentas de censura sob o disfarce de bloquear “desinformação”. O bloqueio de notícias e informações verdadeiras é comum, tal como a suspensão de contas de personalidades que discordam das suas “políticas” de informação, disfarçadas de políticas de comunidade. Estas empresas também cedem a governos, como o chinês, na censura e bloqueio de conteúdos e de utilizadores.

Apetece rir, mas não é para rir. É antes um caso de polícia. É um caso grave e deve fazer-nos a todos pensar se vamos aceitar estas situações durante mais tempo, se vamos aceitar esta “normalização” da censura de notícias verdadeiras, sentenças de tribunais. De opiniões de cientistas sérios e dos melhores do mundo. De opiniões de pessoas de esquerda e de direita.

Porque é disto que se trata, desta “normalização” da censura que ocorreu desde 2020. Os jornalistas não são a única classe profissional culpada pela normalização da censura. Os médicos também, os juízes, os polícias, os políticos, os professores, os donos de restaurantes, os enfermeiros, os empregados de limpeza, os académicos, os artistas, … todos os que fizeram silêncio e continuam a aceitar esta anormalidade grave.

A diferença é que os jornalistas não são um profissional qualquer. O código profissional e de ética que os rege, exige rectidão, imparcialidade, verdade, isenção, objectividade. Em lado nenhum diz que jornalistas são (da falsa) de esquerda, “wokistas, defensores da censura, promotores de ódio e perseguição. Mas isso aconteceu desde 2020 e continua a acontecer.

A suspensão de contas de jornalistas no Twitter está a levar os media a gritar: “censura!; “perseguição!”. Irónico, não é?

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Alguns jornalistas descobriram agora o que é a censura nas redes sociais.

Não sei o que aconteceu à classe jornalística. Mas não é bom, nem é bonito de se ver. A classe, em geral, traiu o Jornalismo e a população. Traiu a Ciência e os cientistas. Traiu a democracia e os democratas. Traiu a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e a liberdade, em geral. A mesma que agora jornalistas reclamam a Musk.

A sua hipocrisia, a hipocrisia da Comissão Europeia e a de todos os que promoveram a censura e perseguição desde 2020 está exposta. Às claras, perante todos.

Que esta luz que foi colocada nas atitudes hipócritas de jornalistas, políticos e burocratas arrogantes de Bruxelas sirva para que o resto da população entenda isto, de uma vez: a defesa do mundo livre e da democracia, da liberdade de expressão, não está nas mãos de Musk ou de um político. Nem nas mãos de uma só classe, como a dos jornalistas. Está nas nossas mãos. Nas mãos de todos nós. Vamos agir por isso e para isso. Antes que seja tarde para a liberdade e para o Mundo.

Somos nós que integramos os 400 milhões de utilizadores do Twitter. Os mais de dois mil milhões de utilizadores do Facebook. E, mais importante, somos cidadãos. Deixar este Mundo ser governado por burocratas comprometidos e tecnológicas cheias de poder não é uma opção.


N.D. Elisabete Tavares é membro fundador da Plataforma Cívica Cidadania XXI, não exercendo actualmente qualquer função executiva

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