O problema dos demagogos e dos “levezinhos” está num ditado popular: gato escondido com rabo de fora. Em Março, levamos às urnas a avaliação de oito anos de Partido Socialista (PS). Não está em causa o Estado democrático garantido pelas suas instituições. O Estado não é o governo de António Costa ou de Passos Coelho. O Estado é muito mais e sobrevive a todos estes actores.
Portugal leva a votos a avaliação de oito anos de medidas realizadas pelo PS, e o exemplo dos TVDE é importante. Faz uns dias que foram fiscalizados 1.500 veículos pela GNR e PSP e encontraram-se todos os crimes expectáveis numa actividade dominada pelos erros múltiplos das políticas socialistas.
Políticas erradas de vistos de imigração. Gente sem contratos, plataformas sem leis, gestores a roubar, carros sem fiscalização. Migrantes arrebanhados sem critério para funções para as quais são inadequados. Patrões inapresentáveis, como os de Odemira, presenças de máfias de maltratar. Todos os cogumelos brotam das decisões húmidas e pouco reflectidas, e sempre sem respaldo transversal numa maioria ao centro.
Tudo isto seria impossível de imputar ao Governo se, em 2018, o PS não tivesse mudado a lei de 2014 de Passos Coelho, e depois se esquecesse de a corrigir e regulamentar.
Um Governo que não ouve ninguém, como o conjunto de reflexões da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), que é o regulador económico independente do Ecossistema da Mobilidade e dos Transportes – um relato exaustivo e ponderado do que se passava com a nova lei à PS.
Depois, decidiu que a DECO também não teria razão. As declarações que aconselhavam mudanças na lei e no regime jurídico aplicável ao transporte individual de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma electrónica, bem como destas plataformas, foram para a gaveta da História.
Ou seja, todos os que observavam e recomendavam, ou reflectiam, sobre as decisões e alterações eram contra-revolucionários, negacionistas, vindos da direita.
A rusga das autoridades demonstra o que se passa em Portugal com os TVDE desde que António Costa governa. É uma recorrência nas políticas de reciclagem, nas opções da energia, nas telecomunicações, no triste SIRESP, na inominável Televisão Digital Terrestre de invenção socialista.
Este é o pacote do PS de onde me afastei. Não é um partido conciliador, um grupo de encontro de consensos e de boas práticas, mas sim um instrumento ideológico da globalização feroz.
Pedro Nuno Santos é ainda mais evidente como arauto desta fantasia que destruiu as Parcerias Público Privadas e assim conseguiu “fechamentos” em Loures, Vila Franca e Braga, sem arrependimento. É músico no funeral de 4 mil milhões na TAP. É o “cantautor” da balada da EFACEC. É adjunto dos 6 mil milhões derramados na energia por fechar o Pego e Sines. É um defensor acérrimo das políticas contra as forças de segurança e a favor das indemnizações milionárias de um cidadão violento no aeroporto, e de um tipo que levava o filho na carrinha dos crimes.
O problema não está em condenar a violência e indemnizar as vítimas: está em que as mulheres de polícias mortos às mãos de assassinos, em nossa defesa, nunca viram tanto dinheiro nas suas vidas. Dois pesos e duas medidas.
Foi a mesma Lucília Gago que deu origem a estas indemnizações fora da caixa, que pôs agora em causa o primeiro-ministro e o Governo. Agora é uma “bruxa má” que atacou o PS. Estes demagogos perigosos devem ir para casa e aprender o que custa pagar o rendimento sobre o trabalho, o IUC, o IMI, o IRC, etc.
No caso da operação ‘TVDE Seguro’, entre segunda e sexta-feira passadas, as autoridades fiscalizaram quase 1.500 condutores de TVDE, tendo sido detectadas, entre as diversas irregularidades, a inexistência de contratos laborais escritos, desrespeito pelos períodos de descanso e falta de licença. No total, foram registados, pela PSP e pela GNR, 569 autos de contraordenação.
Diogo Cabrita é médico
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