Correio Trivial

A juventude que merecemos

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As próximas Eleições Legislativas, tudo indica, serão renhidas e qualquer voto pode ser decisivo.

Daí que haja, da parte dos políticos profissionais e das máquinas partidárias, um “cuidado especial” para com os jovens, no intuito de conseguirem diminuir as taxas de abstenção habituais, mas também, fazendo uso do mais descarado aproveitamento, dando-lhes uma atenção que nunca tiveram e que deixarão de ter logo após o encerramento das urnas.

Ainda assim, não acredito numa votação maciça dos jovens.

A nossa juventude, salvo raríssimas excepções, não só não demonstra grande apetência pela política como, de modo geral, se refere a ela sempre com sentido pejorativo.

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São várias as razões.

Em primeiro lugar, desde logo, o Ensino.

As escolas, liceus e faculdades, na sua maioria, têm perdido qualidade, como todos os indicadores, nacionais e internacionais, demonstram à saciedade.

Uma classe docente abandonada, mal paga, sem qualquer força nas salas de aula, por muito profissional que seja, por muito que goste da profissão, deixará, a pouco e pouco, de se esforçar.

Os programas escolares são de uma pobreza franciscana.

A imensa maioria dos alunos faz todo o seu percurso nas escolas primárias, liceus e faculdades, sem nunca lhes ter passado pelas mãos uma “Gramática Portuguesa”.

Depois, há um espanto generalizado quando ouvimos de universitários, políticos, jornalistas, professores, algumas palavras que farão corar de vergonha qualquer miúdo que tenha completado, há quarenta anos, a 4ª classe.

Já nem falo da conjugação do verbo “haver” mas do ‘póssamos‘, ‘tanhamos‘, ‘cidadões‘, “vivenda germinada”, etc., etc., etc..

A matemática é o terror dos alunos portugueses.

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Isto porque, nas nossas escolas secundárias, as notas decentes de matemática são, na maioria das vezes, de filhos de imigrantes. Nomeadamente chineses.

Sendo que, para nossa vergonha, muitos destes também conseguem melhores notas a Português…

Os últimos números dos testes internacionais de Matemática e Leitura do PISA de 2022, invertendo a tendência de melhoria que se vinha registando na última década, são péssimos com uma “quebra sem precedentes”.

A História de Portugal, de que o País tanto se deveria orgulhar, é esquecida.

Mesmo a mais recente.

O que faz com que os jovens não tenham grande preocupações em tentar perceber os meandros da política.

O facilitismo, com todos os alunos a passar de ano, independentemente do que tiverem aprendido, explica bem a frase: “se não acreditam na exigência terão de se contentar com a mediocridade”.

A situação socioeconómica das famílias é, também, determinante para o sucesso ou insucesso dos seus jovens nas escolas.

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Entre os alunos de famílias mais favorecidas, apenas 9% tiveram um desempenho fraco nas provas, mas entre os mais desfavorecidos a percentagem disparou para 37%.

O futuro destes jovens, principalmente os oriundos de famílias pobres, é mais problemático e isso vê-se, também, pelo aumento dos que se encontram presos em Portugal.

Ou em Centros Educativos.

Entre os mais novos, dos 16 aos 18 anos, estavam presos, nas cadeias portuguesas, no último dia do ano de 2023, 56 jovens.

Entre eles, 10 raparigas.

Isto sem contar com os presos no Estabelecimento Prisional de Leiria Jovens com 220 presos e Linhó com 490 reclusos, muitos deles jovens.

Seria preciso recuar dez anos para encontrarmos números semelhantes.

Os políticos estão desatentos a este fenómeno?

Nem todos.

O “Chega”, por exemplo, porque não tem qualquer problema em fazer um discurso populista e xenófobo, por exemplo, tentando fazer passar a ideia de que os jovens não conseguem empregos porque estes estão ocupados por “deslocados”, como se os nossos jovens aceitassem os empregos que aqueles conseguem, mas vai conseguindo algumas adesões ao partido.

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Uma recente sondagem da Aximage, para a TSF-JN-DN, coloca o Partido Socialista em primeiro lugar (34.1%), o Partido Social Democrata (24.8%, sem o CDS, sendo que com o partido de Nuno Melo teria a adição de 1.2%), e o Chega, de forma destacada como terceira força política (16.3%).

Mais importante, e reforçando o acima escrito, esta sondagem permite-nos saber a intenção de voto por faixa etária.

Os maiores de 65 anos estão, em maioria, com o Partido Socialista, a faixa intermédia divide-se, mas a faixa mais jovem, escolhe destacadamente (25%), o Chega como partido de eleição.

Uma vez mais vamos ter o que merecemos!

Vítor Ilharco é assessor


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