BRUNO FIALHO, PRESIDENTE DO ADN

‘O Estado é um vampiro, suga tudo’

por Elisabete Tavares // Fevereiro 20, 2024


minuto/s restantes

Criado formalmente, em 2015, pelo antigo bastonário da Ordem dos Advogados António Marinho e Pinto, o Partido Democrático Republicano passou a denominar-se ADN – Alternativa Democrática Nacional em Setembro de 2021. Bruno Fialho, 48 anos, sucedeu a Marinho e Pinto na liderança do partido em Janeiro 2020. Foi vice-presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, mas este advogado e antigo chefe de cabine na companhia aérea SATA ficou mais conhecido pelo seu papel de mediador do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas no conflito com a ANTRAM, em 2019. Assumindo-se como partido humanista e conservador, o ADN ganhou protagonismo pelas suas posições sobre a pandemia de covid-19. Nestas eleições legislativas, o ADN concorre pelos 22 círculos eleitorais. Esta é a nona entrevista da HORA POLÍTICA, a rubrica do PÁGINA UM que deseja concretizar o objectivo de conceder voz (mais do que inquirir criticamente) aos líderes dos 24 partidos existentes em Portugal. As entrevistas são divulgadas na íntegra em áudio, através de podcast, e publicadas com edição no jornal.


OUÇA NA ÍNTEGRA A ENTREVISTA DE BRUNO FIALHO, PRESIDENTE DO ADN – ALTERNATIVA DEMOCRÁTICA NACIONAL, CONDUZIDA PELA JORNALISTA ELISABETE TAVARES


Enquanto profissional no sector da aviação civil e advogado, o que o fez abraçar a causa política, quando muitos fogem precisamente da política?

Estive 20 anos a ajudar vários partidos políticos em causas. Nunca aceitei integrar um partido político, e tive muitos convites ao longo da minha vida. Sempre rejeitei porque não acreditava na questão da meritocracia. Não existe meritocracia na vida política portuguesa e, só para fazer parte ou para estar a ganhar dinheiro através da política, não faz parte do meu ADN.  Portanto, sempre rejeitei. Mas ajudei, da esquerda à direita, partidos em causas que, em determinadas alturas, eles defendiam e precisavam de ajuda. Sempre disponibilizei a minha vida para as causas políticas.

Depois, em 2019, tive um convite por parte do doutor Marinho Pinto para integrar as legislativas do PDR. E aceitei, com a condição de que teria total liberdade de expressar as minhas convicções. De seguida, ele abandonou a presidência do partido e, visto que todas as pessoas tinham gostado da minha actuação nessas legislativas, pediu-me para concorrer a presidente – o que eu rejeitei, porque julguei que era a impróprio, passados três meses de integrar o partido, fazê-lo. Mas, mais ninguém quis concorrer, daqueles que apoiavam o doutor Marinho Pinto, e eu concorri com a condição de que iríamos reestruturar todo o partido, inclusive o nome. E foi o que aconteceu: em Março de 2020, assumi a presidência, e em Setembro de 2021 deu-se a alteração dos estatutos.

(Foto: PÁGINA UM)

Hoje, é um novo partido, com convicções e bases muito enraizadas e até devo dizer que, na minha humilde opinião, apenas existe outro partido em Portugal com a militância do ADN, que é o PCP. São partidos que, independentemente das suas convicções políticas, têm verdadeiros militantes; pessoas que acreditam nas causas que defendemos, sejam elas erradas ou certas [risos].

Mas, neste momento, na minha opinião, apenas existem dois partidos em que realmente as pessoas estão por amor à camisola, e o ADN é um deles. E é com orgulho que digo que temos militantes e não apenas apoiantes, simpatizantes ou pessoas que querem subir na política, trocando até de camisolas a meio do jogo, para conseguir ter lugar como deputados, quando nem sequer – e com todo o respeito pelas pessoas que trabalham nessa área –, para lavar escadas serviriam. Mas conseguem integrar partidos para depois conseguir ser deputados.

O ADN não se assume como um partido de esquerda ou de direita, mas daquilo que li no vosso programa, é um partido que pode ser considerado conservador. Como é que classifica o partido?

Acima de tudo, somos humanistas; um partido humanista. E somos contra a dicotomia esquerda/direita, não porque não tenhamos políticas de esquerda ou de direita, mas porque consideramos que essa situação serve apenas para afastar as pessoas da política e dividi-las. É evidente que temos 80% de políticas de uma certa ideologia, mas não porque acreditamos que seja essa a ideologia correcta, é porque consideramos que essas políticas são as correctas. Podiam colocar outro nome, chamar-lhes políticas de cima, de baixo, do centro, era-nos indiferente. O que interessa é que aquela política, em determinado momento, é o melhor para o país e para as pessoas. Se querem conotar como direita ou esquerda, de centro, de cima ou de baixo, é indiferente. Isso, já é uma conotação que as pessoas dão, e que nós consideramos que está a prejudicar a política e o país, porque divide as pessoas. Temos na Assembleia da República partidos de esquerda que apresentam boas propostas e que são liminarmente rejeitadas pelos partidos da direita. E o oposto também acontece: partidos de direita que apresentam excelentes propostas e são liminarmente rejeitadas só porque vêm do quadrante da direita.

E isso não é positivo para o país?

Não, isso é muito negativo. Queremos retirar essa carga ideológica e assumimo-nos unicamente como partido humanista que defende o que está certo, em determinado momento, para o país.

E o que é o ADN hoje? Quantas pessoas é que o integram, qual é a sua dimensão? O que nos pode dizer sobre a sua evolução?

Antes de mais, também posso dizer que efectivamente somos um partido conservador. Não antiquado, mas conservador na questão das tradições dos costumes. Valorizamos isso. E temos vindo a crescer como nenhum outro, garanto. Porque eu falo com os presidentes de partidos e não tenho quezílias com nenhum. Falo da esquerda à direita, porque acho que o diálogo é a arma essencial para podermos fazer algo pelo país, independentemente de haver até grandes fossos entre as próprias posições que o ADN tem. Mas acreditamos que esse diálogo pode levar a outras ideias e soluções. E temos vindo a crescer. Tenho falado com outros presidentes, e o ADN é o único que continua reiteradamente a conseguir fazer entrar militantes novos, o que, para um partido que não tem representação parlamentar, é algo extraordinário.

Tem um número mais ou menos aproximado, actual?

Entre cerca de um a dois por semana. E as pessoas podem dizer que é um pouco ridículo, mas não é – nem o PSD nem o PS neste momento, conseguem uma situação dessas. Porque uma coisa é as pessoas apoiarem, outra coisa é a pessoa inscrever-se como militante, é um passo gigantesco para as pessoas. É mais do que ser sócio de um clube de futebol.  Imaginemos, por exemplo, o ‘meu’ Sporting, que tem ‘xis’ milhares de sócios. Actualmente, não sei, porque tivemos a fazer agora um rastreio do número de sócios. Mas não chegam aos 100.000 sócios. E, somos milhões de portugueses. Para se perceber, em termos políticos, o PS e o PSD também têm pouco mais de 20 ou 30 mil militantes, e quando vão a votação têm entre 1 a 2 e tal milhões de eleitores. Portanto, para o ADN, termos neste momento entre 400 a 600 militantes é algo extraordinário, sendo que todas as semanas entram novas pessoas. E, não tendo nós espaço na comunicação social, é extraordinário.

(Foto: PÁGINA UM)

O ADN vai concorrer às eleições legislativas? Quais são os vossos objectivos?

Vamos concorrer às eleições legislativas, e se tudo correr bem, vamos aos 22 círculos eleitorais. Estamos só à espera de uma última resposta de um círculo eleitoral, e devo dizer que, provavelmente, o escrutínio que foi feito ao ADN não foi o mesmo que a outros partidos é um pouco estranho. Mas conseguimos lutar sempre contra as essas situações. E foi fácil, a nossa candidatura. Devo também dizer que somos o único partido sem representação parlamentar em território nacional que está a concorrer, no dia 4 de Fevereiro, às eleições regionais dos Açores – o que demonstra a capacidade que hoje o ADN tem, porque existem cerca de 24 partidos, e estão 10 a concorrer às eleições dos Açores; sendo que todos eles têm representação parlamentar, seja a nível da Assembleia da República, seja a nível das regiões autónomas, e o ADN é o único que não tem.

Como é que tem sido possível, para um partido com esta estrutura, entregar as listas para as legislativas, concorrer também para as regiões autónomas, e concorrer agora em 22 círculos eleitorais?

Militância e pessoas que acreditam, que se voluntariam, e que dão muito do seu tempo para conseguirmos criar estas situações em que asseguramos a nossa candidatura. Dinheiro, não há, portanto, é graças à militância.

Falou na questão do diálogo, e nos anos recentes, ganhou algum protagonismo nos anos quando foi o mediador num protesto dos motoristas de matérias-primas perigosas. É esse tipo de postura de mediação que pretende trazer para a política?

Sempre, porque independentemente das nossas convicções, e de a pessoa que esteja à nossa frente ter ideias totalmente contrárias, se nós não conseguimos dialogar, ou parecemos dois maluquinhos a debater assuntos ou, como acontece normalmente, a situação não se resolve e quem fica prejudicado é o povo. Nós temos de aprender a dialogar, mesmo com aquelas pessoas em que não acreditamos, ou que até consideramos ‘falsas’, ‘trafulhas’ ou corruptas, como infelizmente, hoje, verificamos que é a grande maioria dos políticos. Mas temos de dialogar, porque só assim é que conseguimos avançar. E temos também de ter a capacidade de convencer a outra pessoa de que está errada, porque se nós estamos a defender uma outra posição, temos de justificar e dizer “estás errado, por causa deste ponto ou daquele”. E isto é melhor para o povo, porque há uma coisa que ninguém diz: independentemente do que a outra pessoa que está à nossa frente pensa, em princípio, ela irá sempre pensar que está certo e que defende o melhor para o povo.  

Portanto, eu não posso começar, logo à partida, a julgar. E sendo que quem tem mais posições contraditórias relativamente ao ADN é a extrema-esquerda e a esquerda, eu não posso considerar, à partida, que eles estão completamente errados. Porque eles julgam que estão correctos e, por isso, eu tenho de dialogar e tentar convencê-los de que aquilo que eles pensam, não é correcto. E principalmente, ao eleitorado, tenho de fazê-los perceber que a nossa posição é melhor. Mas o nosso único problema é, realmente, não termos tempo suficiente para conseguir demonstrar essas situações; porque os jornais do ‘mainstream’ dão mais atenção a tricas e querelas políticas, em vez daquilo que é melhor para o povo.

Como é que vê essa postura dos grandes grupos de comunicação social relativamente a partidos mais jovens ou pequenos, que não têm representação parlamentar? E, sobretudo, tendo em conta esta crise que atravessam?

É dinheiro; esses grupos de grandes grupos de comunicação social dependem maioritariamente dos investimentos feitos pelo governo através de publicidade. E se não é pelo governo, é através de empresas comandadas pelo governo. Basta ver os anúncios que são pagos a esses jornais e verificar que é tudo dependente do dinheiro. Portanto, não querem mudar esse status quo.

Acredita que se os partidos mais pequenos ou mais jovens tivessem meios financeiros para pagar a jornais, teriam mais espaço?

Não. Entendo que a lei deveria ser mudada e dar oportunidade igual todos – só assim é que conseguiríamos mudar este país. Não é através de pagarmos mais a quem não merece; é obrigar essas pessoas a estabelecer parâmetros médios para todos os partidos poderem expor as suas ideias.

Então, entende que a imprensa de hoje não contribui para uma saudável democracia?

Há décadas que não contribui. Pelo contrário, tem sido nefasta, e tem apoiado grupos empresariais. Basta ver quem é que são os donos das empresas e as conexões que têm com a política.

Nos últimos anos, temos tido um crescimento de grandes plataformas, a Internet. Há um espaço que permite a partidos e outras entidades poderem passar as suas mensagens, mas também já começa a haver alguma regulação, e na Europa foi aprovada regulamentação que condiciona até a liberdade de imprensa. Acha que as redes sociais podem substituir a imprensa, para fins de promoção?

Não substitui a imprensa. E também não é melhor, porque, por exemplo, o partido ADN está sempre a ser censurado nas redes sociais. Ultimamente, o Twitter [X] é a única que permite um pouco mais de liberdade e, depois, temos o Telegram, em que efectivamente há uma grande liberdade, mas são poucas as pessoas que a utilizam. E temos de ver outra situação: ou se gasta muito dinheiro para promover as publicações, e o ADN não faz isso, ou, organicamente, fica complicado alcançar uma grande visibilidade.

Refere-se às subscrições e aos pagamentos que nas redes sociais é necessário fazer para haver uma promoção?

É publicidade, e o ADN não faz isso. Mas se a lei para a comunicação social fosse alterada… Agora vamos observar um debate repartido entre partidos sem representação parlamentar para as legislativas e partidos com representação. Se debatêssemos todos juntos, as pessoas poderiam ver a incapacidade que existe naqueles sujeitos que nunca trabalharam na vida, que são 90% dos candidatos de partidos com assento parlamentar, e que não sabem sequer pagar o telemóvel, porque provavelmente, é o partido que lhes paga. Foram ‘jotinhas’ a vida inteira, não sabem o que é pagar as compras de casa, ou seja o que for.

São os ‘carreiristas’ da política…

Infelizmente, conheço muitos, e que depois são os governantes deste país. Mas a culpa é dos eleitores porque continuam reiteradamente a votar nos mesmos. Ao menos, deem oportunidade àqueles que não têm representação parlamentar, seja da esquerda à direita. O país ficava muito melhor se efectivamente todos tivessem um representante. As pessoas iriam ver que nós, os chamados “pequenos”, iríamos lutar efectivamente pelo que o povo quer, e os eleitores exigem. E os outros ficariam amarrados às suas promessas. Porque isto é outra coisa; a lei eleitoral também devia mudar: se promete, tem de cumprir, e se não cumpre, então perdia deputados.

E, hoje, o que temos muito é sempre promessas de partidos que depois, formando governo, já não é bem assim.

Até já vi um ‘meme’ de Pedro Nuno Santos a prometer que ia encontrar a McCann…  

Ou seja, já não é credível a política?

Zero. Só um louco é que vai acreditar na política. Só um louco é que acredita que pessoas incompetentes, que não conseguiram trabalho em mais lado nenhum, têm capacidade de governar o país. Destes candidatos todos, dos que têm assento parlamentar, quais é que tem capacidade objectiva para governar o país?

(Foto: PÁGINA UM)

Mas têm muita exposição nos media e muitos cartazes pelas ruas… Olhando para o vosso programa, quais são, em linhas gerais, as medidas que destacaria para mostrar aos portugueses que o ADN pode contribuir para melhorar a condição de vida da população?

A primeira é a defesa da liberdade intrínseca, que muitas pessoas hoje não dão valor. Mas se tudo correr como os grandes partidos desejam, vão depois verificar, e arrepender-se de não ter votado no ADN.

Fala da revisão constitucional?

A revisão constitucional é uma delas, mas não é a única, existem outras. Mas a revisão constitucional, que todos os partidos sem excepção querem que fique previsto que uma pessoa pode ser detida sem sequer ser ouvida por um juiz e ficar presa muito tempo sem ser ouvida por um juiz. Isto é pior do que a ditadura que houve antes do 25 de Abril.

Pode haver detenções arbitrárias.

Irá haver. Como é que se pode dar poder a um funcionário público de mandar prender alguém, e esse alguém não é ouvido por um juiz? E depois, o que acontece na prisão? E todos os traumas que essa pessoa sofre… Isto é um perigo iminente. Até dou um exemplo: esse funcionário público está apaixonado pela mulher de outra pessoa, e manda prender o marido porque quer conquistar essa pessoa. Isto pode chegar a este extremo. Já nem estou a falar de coisas ainda mais perigosas, como calar as pessoas por oposição ao governo, roubar heranças, património, etc. Isto é a abertura ao descalabro social e as pessoas depois irão ver, se continuarem a defender estes partidos que só pensam no grande capital, nos grandes grupos empresariais, e naqueles homens que efectivamente governam o país. Porque não são os partidos que governam, é o chamado grande capital, no sentido em que os grupos financeiros é que comandam o país.

Não são os políticos?

Estes fantoches que estão na Assembleia da República [AR] – que metade deles, quando vemos o canal da AR… Até já tivemos deputadas a pintar as unhas, e outros a ver filmes pornográficos ou ler os jornais do futebol. É um desrespeito total pelo povo.

Sobre a revisão constitucional, o ADN, ou o Bruno Fialho, avançou com uma queixa no Ministério Público relativamente aos deputados que pretendem que haja esta privação da liberdade, correcto?

Foi o ADN, comigo como representante legal do partido, e contra o grupo parlamentar do PS e o grupo parlamentar do PSD. Lá está: em determinados momentos, não nos interessa a esquerda ou a direita, mas o que está certo. Nós avançámos com duas queixas separadas, para conseguir obter uma melhor resposta do Ministério Público. A primeira resposta foi referente ao grupo parlamentar do PSD, e o Ministério Público considera que não existem indícios suficientes para prosseguir com a acusação, o que, na minha opinião, é ridículo, porque dizem que o único instrumento, que é Constituição da República Portuguesa, não é suficiente para demonstrar que eles têm a intenção de fazer aquilo que querem fazer. Dou-lhe um exemplo: você compra uma pistola, mete balas e diz que quer usar, mas depois isso não é prova suficiente que há indícios de que vai querer usar. Mas enfim, como sabemos, hoje o poder judicial e o poder executivo estão corrompidos. E para além da incapacidade que existe, muitas vezes, nos nossos magistrados, a separação de poderes que deveria existir e que não existe, torna as coisas muito ambíguas.

E a segunda resposta à segunda queixa?

Ainda não houve, continuamos a aguardar.  

Vou deixá-lo prosseguir, estava a falar na defesa da liberdade…

Sim, a defesa da liberdade, que é algo que as pessoas só sentem falta quando a perdem. Também as questões da Educação, têm de sofrer uma mudança total. Primeiro que tudo, estes sindicatos que sobrevivem à custa dos professores, e também dos contribuintes, com líderes que não são professores há mais de 30 anos, e com estas lutas ignóbeis… Será muito fácil mudarmos a Educação: primeiro, os professores têm de ser respeitados nas escolas. Não podemos ter um Ministério da Educação em que alunos mandam cadeiras à cabeça dos professores, e são tratados com uma gentileza inaceitável.

Pensa que houve um exagero na autoridade que tem vindo a ser retirada aos professores?

Os professores já não têm autoridade, foi-lhes totalmente retirada. E depois, foi dado um protecionismo inqualificável aos alunos. Tanto que hoje, vemos alunos que deveriam já estar a trabalhar, e ainda continuam na escola diurna; nem sequer é na escola nocturna. E isso prejudica também os outros alunos. Depois, acabar com esta fantochada que o PS conseguiu impor, que é os alunos não ‘chumbarem’ em determinados anos e terem sempre a sua mudança de ano escolar garantida, independentemente de terem nove negativas! Estamos a passar um atestado de estupidez a esses alunos, e os outros continuam a ser prejudicados porque durante os anos seguintes vão estar impedidos de receber toda a matéria; porque os outros, por terem ‘chumbado’, não compreendem nem a anterior, nem a próxima, e continuam ali num limbo, em que ‘desaguam’ na passagem administrativa com a escolaridade mínima obrigatória conseguida sem saberem somar 1+1. E, provavelmente, depois vão ser secretários de Estado ou alguma coisa similar…

Portanto, o partido defende que sejam revertidas algumas dessas medidas?

Quase todas. Temos de voltar a ter uma escola pública. Defendemos muito a escola pública, mas também defendemos a escola privada. A escola privada é essencial porque – e quero deixar bem vincado – é inadmissível que uma pessoa hoje seja obrigada a colocar os filhos na escola privada, seja por questões de segurança, seja para os filhos terem uma melhor educação escolar. Porque, actualmente, metade das vezes, os alunos da escola pública não têm aulas devido às greves e são muitas horas de matéria que não são dadas. E, mesmo assim, o pai e a mãe que colocam o seu filho numa escola privada, têm de pagar a privada e a pública, não estando a usufruir da mesma. Portanto, deveria existir um cheque escolar para aqueles que têm os filhos na escola privada, para conseguir apoiá-los, numa situação em que eles, no fundo, pagam duas vezes. Isto é imoral, porque já não há uma opção.

Devia haver uma opção, uma escolha?

Já não existe opção. A pessoa hoje se quer proteger o seu filho tem de, infelizmente – e eu sou um grande defensor da escola pública – colocá-lo numa escola privada porque a escola pública foi arruinada por essas políticas demagogas do PS – temos de dizer que foi o PS –, em que os burros passam, e eu volto a repetir a palavra: os burros passam. E os criminosos podem circular livremente nas escolas. Nunca vimos tantos assaltos, crimes, facadas e até violações e mortes, nas escolas, como vemos, hoje. E olhe que eu nasci num bairro pobre que, na altura, era mesmo considerado o pior em Lisboa. Andei nas chamadas “piores escolas” de Lisboa. Acho que, agora, teria muito mais medo se o meu filho andasse não nestas escolas, que foram transformadas – porque os bairros ‘maus’ transformaram-se em bairros ‘bons’ –, nas ‘más’ escolas de hoje do que naquelas em que eu andei, e com tudo aquilo que eu vi e passei. Portanto, o PS destruiu a Educação em Portugal.

(Foto: PÁGINA UM)

Depois, a Saúde: também aqui, temos questões ideológicas. Temos de saber trabalhar com os privados; não podemos dar tudo ao privado, mas também não podemos retirar aquilo que o privado sabe fazer. E o que sabe fazer? Um funcionário público, como um médico ou enfermeiro, ganha o mesmo quer atenda um paciente ou 30 pacientes. No privado, isso já não acontece. E porque é que existem listas de espera no público? Em grande parte, é devido a isto: não existe uma meritocracia. Porque existem os bons médicos e bons enfermeiros que atendem aqueles pacientes que conseguem, efectivamente, durante o seu dia de trabalho; e depois existem os outros, que estão a fumar um cigarro à janela ou vão passear até ao refeitório e atendem apenas um paciente, enquanto o seu colega, atende 30. Mas recebem os dois o mesmo no fim do mês. Agora digam-me: acham que o médico que atende 30, tem motivação para continuar a atender 30, se vai ganhar o mesmo? Não; vai passar a atender 20 ou 10, até chegar a um. Portanto, nós temos de mudar também o sistema retributivo desta área da função pública – médicos, enfermeiros, profissionais de saúde – para que os melhores sejam melhor remunerados. E pode perguntar-me, “então, mas isso não pode levar a que existam mercenários?”. Não, porque até a própria leges artis da Medicina vai proteger dessa situação em que os médicos nos vão atender à pressa só para ganhar mais dinheiro. Se assim o fizerem, depois serão confrontados em tribunal.

Portanto, não é uma questão de falta de meios ou de financiamento, mas é de gestão?

Tem a ver com a gestão, somente. Depois, os gestores hospitalares… Vimos agora há pouco tempo no Beatriz Ângelo, em Loures – que é o caso mais dramático a nível nacional –, que quando tinha uma gestão privada, funcionava tudo às mil maravilhas, e quando passou a ter uma gestão pública… Claro, com aqueles alunos ‘burros’ que passam de ano sem notas positivas, mas depois vão para secretários de Estado ou para directores disto e daquilo da função pública. E o que aconteceu ao Hospital Beatriz Ângelo? Está arruinado, com listas de esperas imensas. E não tinha listas de espera. Portanto, isto tem a ver só com gestão. Colocar os piores à frente dos cargos, quando deveriam ser os melhores. E depois, também com uma questão ideológica portuguesa, muito enraizada, de uma esquerda bafienta. Para termos os melhores, temos de pagar aos melhores. Até pode receber mais do que o Presidente da República, porque um bom economista, um bom gestor, um bom engenheiro, um arquitecto ou um bom médico, ganha muito mais do que o Presidente da República. Temos de largar esta questão ideológica de que, na função pública, ninguém pode ganhar mais do que o Presidente da República. Mas porquê? Se eu quero melhor, e o melhor vai fazer com que as coisas andem celeremente e vai beneficiar o povo, pague-se ao melhor.

O que é certo é que os portugueses, sobretudo nestas alturas do pico de Inverno, onde há mais doenças do foro respiratório, têm mais dificuldade em conseguir ter o acesso a cuidados de saúde.

Mas há falta de gestão, e hoje, metade da população já tem seguros de saúde. É inadmissível o que está a acontecer no Serviço Nacional de Saúde, mas é simplesmente uma questão de gestão e de ideologia, porque o orçamento do SNS aumenta de ano para ano. O SNS não é gratuito, todos nós pagamos o SNS através dos nossos impostos. E temos também de verificar que deveriam existir – e o ADN defende isso –, no que é o tendencialmente gratuito, responsabilizações às próprias pessoas.

Quando saímos do hospital público com alguma situação, deveria haver uma factura para discriminar o que é que foi gasto, quanto é que custou a gaze, o papel, os comprimidos, a diária…  Para a pessoa também se autoresponsabilizar. Muitas vezes, há pessoas que vão e utilizam o hospital como um mecanismo terapêutico para obter baixas ou para simplesmente perceberem se estão a sentir-se menos bem ou menos mal. E isso iria responsabilizar as pessoas mais conscientes; as mais inconscientes, não.

Apresentação pública do coordenador regional do ADN nos Açores, Rui Matos.
(Foto: captura a partir de imagem da RTP Açores)

Falou em impostos, e tem sido algo que os partidos, em eleições, abordam sempre. Entende que Portugal tem uma elevada carga fiscal, não só sobre as famílias e os trabalhadores, mas também sobre as empresas?

O Estado é um vampiro, suga tudo. Os impostos apenas servem para continuar com os ‘jotinhas’, os meninos secretários de Estado e os governantes a receberem subsídios. Aliás, tivemos agora umas grandes polémicas com um candidato a primeiro-ministro que recebeu 212.000 euros por supostamente não viver em Lisboa. E pedem aos professores para fazerem 500 quilómetros, para ganharem um vencimento miserável. Mas os senhores deputados têm de ter um subsídio de deslocação – isto é inadmissível. É o contrário de tudo o que é razoável. Portanto, defendemos a carga fiscal mínima possível, porque neste momento o povo não recebe como retribuição nada do que paga impostos. E bastava acabar com todas as mordomias que existem a nível do Estado: as festinhas, os jantarzinhos, as inaugurações. Tudo o que é superficial, que são muitos milhares de milhões de euros anuais, e canalizá-los para aquilo que efectivamente deve ser canalizado. Demitir, se calhar, metade dos gestores da função pública e os dirigentes, e colocar lá pessoas competentes lá. O país funcionava às mil maravilhas. É exactamente o que fazem, por exemplo, nos países do Norte da Europa, em que, a carga fiscal até é elevada, mas as pessoas têm tudo acessível: uma boa Educação, Saúde e Justiça. Um dos nossos pontos, por exemplo, é a Justiça. É inadmissível as pessoas terem de continuar a pagar para ter Justiça. Hoje, só quem tem dinheiro é que tem acesso à Justiça; o pobre não tem.

Vocês dizem que, apesar da elevada carga fiscal, os portugueses não têm acesso como deve ser à Saúde, à Educação, e à Justiça.

Nada, não tem acesso a nada. Hoje, apenas uma pessoa com dinheiro é que tem acesso. Os outros, comem, calam e consentem porque votam sempre nos mesmos. Reitero: se uma pessoa tiver um problema e colocar uma acção em tribunal, vai ver quanto é que custa, entre custas judiciais, mais taxas de justiça, pagamento de honorários aos advogados… Em 90% das vezes, a pessoa pensa que é preferível não se chatear e não avançar com a acção.

É uma forma também de dificultar o acesso das pessoas à Justiça, não é?

Começou pelo desfasamento dos tribunais de comarca. Existem pessoas que têm de fazer 90 quilómetros para ir a uma audiência de julgamento, em que 50% das vezes é adiada por incompetência dos juízes. Eu já não vou muito longe, nem falo de programas informáticos, mas bastaria uma folha em papel a fingir que era Excel, e quando marcam as audiências, pelo menos marcar desfasadamente; porque o é habitual é vermos um juiz a marcar as audiências todas para as 9h da manhã. Para as cinco sessões que ele tem marcadas todas, tem de ir toda a gente às 9 da manhã para o Tribunal. Isto, quando podia ir, por exemplo, a primeira às 9 da manhã, a segunda às 11h, e por aí fora, porque já sabemos que cada sessão vai demorar entre uma hora ou duas. E assim, não se prejudicaria o funcionamento que é necessário para as pessoas poderem ir trabalhar.

Há falta de organização?

Infelizmente, o poder judicial está pelas ruas da amargura, também devido à educação, porque parte tudo da educação. Não tendo umas boas bases, as pessoas depois não têm capacidades para fazer melhorias nos trabalhos onde estão.

Portanto, podemos deduzir que o ADN é crítico relativamente ao funcionamento dos sectores da Justiça, à Saúde e à Educação. Há aqui subjacente uma ideia de que tem de se mudar bastante a forma de fazer as coisas em Portugal?

Temos de mudar radicalmente. Mas nós apresentamos soluções, não dizemos apenas que está errado.

(Foto: PÁGINA UM)

Mas na questão dos impostos, quando diz que tem que ser o mínimo possível; o que é certo é que vemos jornais a colocar no topo o Ministro das Finanças, pelo excedente orçamental. E a carga fiscal tem estado a subir porque também temos um aumento forte dos preços e o Estado tem estado a beneficiar com isso. E também é com esses impostos que depois se paga a Educação, a saúde, o ensino público…

Que educação? Que saúde? Isso não existe. A saúde pública é uma fantochada, não existe. A a escola pública é outra fantochada. Temos de mudar radicalmente tudo isso. Temos de pagar muito bem aos professores para que eles não se sintam desacompanhados nem desmotivados no que têm de ensinar aos alunos. Temos de dar mais poder aos professores, e responsabilidade também. E temos de ter o mínimo de interferência nas questões ideológicas, porque a escola serve para ensinar; não serve para estar a colocar ideologias nas cabeças dos miúdos. E eu pergunto, pela questão da ideologia: foram 406 milhões de euros para a propaganda ideológica do governo para a Educação. Todos sabemos que é a fantochada da ideologia de género. E quantas habitações é que dariam 406 milhões de euros? Quantas milhares de casas é que poderiam ser colocadas no mercado, a preços acessíveis? Este é outro problema, o da habitação. Construindo mais casas, iriam fazer descer os preços astronómicos que temos hoje, unicamente por culpa do Estado.

Permita-me aqui fazer já esta transição – mas é devido a esta falta de apoio do Estado na construção de habitação a preços acessíveis. E acessíveis, mas não é para dar a pessoas que não querem trabalhar. Falo de “dar” a várias estirpes de pessoas, de várias classes sociais, a preços acessíveis. Depois, temos as câmaras municipais. Eu falo com os construtores civis e com os arquitectos, e é impossível construir em Portugal. Demoramos o triplo do tempo a autorizar e a confirmar as construções de habitações – quer seja para prédios, quer seja habitação individual própria – em relação a todos os outros países da União Europeia. É evidente que isso também faz aumentar o preço das casas. E, por último, a lei do arrendamento é uma lei de loucos: ninguém quer arrendar casa e ninguém vai arrendar sabendo que, se as pessoas não pagarem, têm de as manter lá, e sabendo que se destruírem a casa, também não vale a pena colocarem os inquilinos em tribunal.

Mas depois vêm os lunáticos da extrema-esquerda dizer que as casas têm de ser dadas a quem eles quiserem, quando a pessoa tem uma casa a mais. E este é outro ponto muito importante para o ADN: a defesa da propriedade privada. A propriedade privada não pode ser tomada de assalto só porque sim, pelo Estado. Já existem algumas situações onde a propriedade privada, em troca de indemnizações, é para o Estado. Quando se quer construir grandes obras públicas, etc. Mas isso aí, já está até devidamente fundamentado na lei. Mas só porque o Estado não fez aquilo que lhe competia… Se há falta de habitação, então o Estado tem de construir, porque tem capacidade para tal e consegue fazer descer os preços e garantir habitação para quem não a tem. Mas faz o contrário: como não consegue garantir habitação, rouba aos privados.

Então, para resolver a crise grave que se vive na habitação, o ADN quer mudar um pouco as regras e reduzir as taxas e os custos para que seja possível construir? E a solução passa também pelas autarquias?

Exacto. E os prazos que as autarquias são obrigadas a dar. Agora, por acaso, saiu uma lei que não veio melhorar muito, mas melhorou certos pontos, e que vai mudar os prazos de autorizações das câmaras municipais para construção de habitação. Mas, na prática, continuará tudo igual. Isto tem de ser ao contrário: se a câmara não responde, está aprovado. Mas, para não ver também os compadrios que nós já sabemos, em que depois vão construir em situações que não é permitido, a câmara tem de ser responsabilizada se não tiver respondido a tempo e, se por causa disso, o outro começou a construir. Isto são soluções muito simples e fáceis, que mudavam completamente o país. E só não se aplicam porque quem trabalha nas câmaras não quer que a coisa se modifique. Há cerca de 20 anos, um amigo meu, que neste momento está a trabalhar há em Londres, foi ‘obrigado’ a emigrar. Está muito bem na vida. Mas quando ele acabou o seu curso de gestão, foi fazer um estágio numa repartição de finanças. E na altura, era comum o recebimento do IRS em papel, e até se ajudava aquelas pessoas que não sabiam preencher. Ele, no primeiro dia de estágio, chegou ao fim da hora do almoço e tinha feito, salvo erro, 100 e tal papéis de IRS. E foi chamado ao chefe da repartição, que lhe disse que podia ir para casa, e que no dia seguinte, teria que descer esse número porque os seus colegas só tinham feito entre 15 a 20. E isto é o que acontece em Portugal: os melhores são obrigados a emigrar. Quem quer ser responsável e sério, é obrigado a ser medíocre, porque os medíocres mandam no país; mais uma vez: vejam as pessoas que estão à frente dos partidos, e vejam mediocridade que existe. E depois, observem o ADN e vejam as pessoas que estão à frente do ADN: pessoas com valor já conseguido e alcançado na sociedade civil, que não precisam da política para nada. Estão aqui de alma e de coração a tentar fazer o melhor para o país.

Há pouco, falou na ideologia de género. Para esclarecer: o ADN é contra o ensino da ideologia de género nas escolas?

A nossa postura é: a escola não é para se ensinar ideologias, é para se ensinar a Ciência. Ideologia não é Ciência. Até temos um cartaz que diz isso. E principalmente a crianças – que não sabem se são o super-homem, o Homem-Aranha ou o Dartacão –, dizer-lhes que podem ser aquilo que quiserem é criminoso. Hoje, Portugal está-se a aproximar de países como o Canadá ou Espanha, em que crianças de 12 anos já podem decidir se fazem operações de mudança de sexo. Essas crianças nem sequer podem decidir se se deitam às 22h ou à meia-noite, mas já podem decidir se fazem operações irreversíveis e que as traumatizam. E depois, esta cegueira ideológica de uma extrema-esquerda que quer impor uma nova sociedade mundial, omite que cerca de 90% das pessoas que fazem alterações de sexo, ou suicidam-se ou ficam loucas, ou entrou numa depressão tal que não conseguem continuar a viver como seres humanos.

O que temos de fazer é voltar atrás no tempo. Crescemos como sociedade com milhares de anos muito bem. Esta loucura que querem impor às pessoas… Se uma pessoa chega aos 18 anos e quer ser um Pikachu, pode ser um Pikachu à vontade. Não podem é impor que 10% da função pública tenha de empregar Pikachus, que a polícia aceitar Pikachus, que as Forças Armadas aceitem Pikachus, ou que todas as pessoas sejam obrigadas a dizer que aquilo que está à sua frente é um Pikachu, quando não é: é um homem ou uma mulher. A pessoa tem direito a ser aquilo que quiser, não pode é impor e não pode mudar o que é a Ciência. Já somos obrigados a levar com homens a ganhar concursos de beleza femininos em Portugal. E somos obrigados, neste momento – porque as pessoas não se revoltam e não percebem o perigo que isso é para as crianças – a ter professores a imporem ideologias extremistas, defendidas por um lobby LGBT, que nada tem a ver com orientações sexuais. Eu quero deixar isto bem claro: este lobby LGBT é terrorista e criminoso – e não defende os direitos de gays e lésbicas, pelo contrário. Temos muitos gays e lésbicas no partido que são contra esta ideologia, exactamente porque não tem nada a ver com orientação sexual. Tem unicamente a ver com criar ‘soldados’ para terem, no futuro, eleitores. E é evidente que uma criança aos 9, 11, ou aos 14 anos, se lhe dão liberdade para escolher aquilo que quiser ser… E é natural uma criança ter questões acerca da sua própria sexualidade, não vamos fazer disso um bicho de sete cabeças. As pessoas podem ter dúvidas, mas deixem-nas percorrer essas dúvidas naturalmente, e desfazê-las naturalmente. E naqueles casos mais graves de disforia de género, que é um problema de ordem psicológica, é uma doença mental que necessita de ajuda.

Portanto, não entende que não estão a ser protegidas também as pessoas LGBT?

Não. Mas não é pessoas LGBT. Quem tem uma orientação sexual gay ou lésbica, não está a ser protegido. O resto é, como eu digo, o lobby das letrinhas, e são pessoas que têm problemas psicológicos que têm de ser ajudadas. Porque ninguém pode dizer que acha normal que alguém se considere como um dos 212 géneros que dizem existir. No outro dia eu… Eu rio-me, porque isto, realmente, ou se chora ou se ri. Li que há alguém que se considera homem de manhã e mulher à noite: é o género fluido. Quer dizer, esta pessoa tem graves problemas mentais, tem de ser ajudada. Não se pode é dizer que a pessoa tem o direito, e que todos os outros da sociedade civil têm de assumir que a pessoa tem um género fluido, e que de manhã é homem e à noite é mulher. E questiono: e aquelas crianças de 12 e 13 anos que subitamente querem ter relações sexuais com um adulto? Onde é que está a linha para dizermos que elas têm direito a decidir sobre uma operação que vai mudar a sua vida totalmente com uma operação de sexo, não podem ter direito a fazer sexo com adulto?

Bruno Fialho ao lado de Miguel Pita, candidato do ADN Madeira.
(Foto: D.R./ADN)

Acha que houve um exagero nessa matéria?

O lobby da pedofilia –, e eu digo bem claramente –, o lobby da pedofilia, está inserido nisto exactamente para que daqui a uns anos as pessoas digam que as crianças 12 têm direito a fazer sexo com quem quiserem. Aliás, já tivemos uma ministra espanhola a dizer isso. Portanto, eles não estão a proteger ninguém, pelo contrário. E isto também tem outro objectivo: se atacarmos a base de qualquer sociedade, que é a família, deixamos de ter contestação. Porque a família é a primeira contestação a qualquer governo. Os filhos ouvem os pais, até podem depois pensar de maneira contrária, mas ouvem, e principalmente, respeitam. E defendem os pais, independentemente de terem opções oposições diversas. Se não houver família, está tudo dividido e o Governo consegue impor medidas ditatoriais se não houver famílias. A família é a base de qualquer sociedade. E uma pessoa tem direito a não querer ter família, com certeza. Mas a família tem de ser protegida e assegurada; a sua sobrevivência tem de ser motivada e apoiada. E sim, devemos fazer tudo para que a família cresça, e não o que fizeram ao longo destas três últimas décadas; porque que nós tínhamos famílias com três a quatro filhos, e agora, se têm um ou dois, já é muito. Isto tudo tem a ver com uma agenda globalista que é defendida pelos fantoches que estão no Governo; porque, repito, quem manda não são eles.

E temos a Europa a ‘ferver’ com os agricultores nas ruas, e em Portugal também, numa altura pré-eleitoral, e temos também protestos das forças policiais. Como alguém que foi mediador em protestos, como é que vê a evolução da situação?

Primeiro que tudo: espero bem que os agricultores não parem, e que desmascarem toda esta agenda, principalmente na Europa. Infelizmente, em Portugal a situação é um pouco diferente, mas dou os meus parabéns aos agricultores pelo que conseguiram fazer. E digo, infelizmente, que em Portugal, metade deles é subsídio-dependente, porque o que interessa é a agricultura particular e familiar; essa é que tem que ser defendida com unhas e dentes, porque essa é que vai garantir subsistência e alimentos no futuro – não é aquela que é patrocinada pelos grandes grupos empresariais e as grandes colectividades. Na Europa, já é mais problemático, porque as leis que foram impostas – principalmente na Holanda e na Alemanha –, em que o cocó das vacas também parece que altera as condições climatéricas, foi uma das razões para proibirem, ou fazerem descer, as percentagens autorizadas para a agricultura. Portanto, eles já inventam tudo. Já inventaram os carros elétricos, que eram os bons para as alterações climáticas, quando um carro eléctrico polui 10 vezes mais do que um carro a combustão. Eles já inventam tudo para conseguirem aprisionar as pessoas, e fazê-las acreditar que qualquer coisa que seja emanada, seja da União Europeia, seja dos Governos de cada país, é verdade.

Mas estes protestos também têm visibilidade e, apesar de às vezes não terem um bom acompanhamento por parte dos grandes grupos de media, o que é certo é que estão a ter algum impacto e as pessoas estão a ver esses protestos.

Não, não estão; discordo. Eu há duas semanas e meia que recebo de jornalistas independentes, tal como o PÁGINA UM, recebo, filmagens de Holanda, da Alemanha e de França, e só desde ontem ou anteontem é que, em Portugal, começou a passar na TV generalista as imagens do que está a acontecer em França. Paris já está cercada por tractores, e Paris não é do tamanho de Lisboa, é 10 vezes maior.

Carrinha com publicidade ao ADN na Madeira. (Foto: D.R./ADN)

Mas em Portugal, por exemplo, os media passaram as imagens dos polícias nas ruas.

Foram ‘obrigados’, porque as pessoas comentam e aí já é fácil de verificar.

Mas pensa que existe uma censura propositada relativamente aos protestos?

Claro! Porque um protesto motiva as outras pessoas a protestarem. Isto depois é uma reacção em cadeia, as pessoas deixam de ter ou vergonha e passam a ter coragem de protestar. E para os governos, quanto menos pessoas a protestar, melhor. E quanto menos se souber as verdadeiras razões disto… Eu não quero comer insectos, como querem impor na União Europeia. Não quero andar a comer aquilo que eles querem, nem produtos totalmente alterados. Eu quero uma agricultura saudável. E a Europa neste momento acabou, se continuar neste registo.

Já que fala no futuro da União Europeia, está a ser tratado, ao nível da Organização Mundial de Saúde [OMS], alterações ao Regulamento Sanitário Internacional que, em conjunto com o novo Tratado pandémico, levanta muitas preocupações relativamente ao reforço dos poderes da OMS, inclusive para condicionar a acção dos países. Qual é a vossa postura sobre isto?

É simples: sair da OMS. A OMS é uma corja de políticos corruptos. Quem está à frente da OMS nem sequer é médico, portanto, isso já diz tudo. A OMS serve exactamente para controlar os países e aquilo que é determinado. Agora, já foi noticiado que vai existir, daqui um ou dois anos, uma doença “X”, e já estão a fazer uma vacina para a doença, que ainda não existe. É o contrário de tudo o que é Ciência. E o Tratado pandémico é totalmente rejeitado pelo ADN. Combatemos isso há três anos.

Mas os políticos em Portugal não têm noção do que está a ser tratado e negociado… Entende que é desconhecimento ou que Portugal está a aderir a estas medidas sabendo bem o que está a acontecer?

Alguns, é desconhecimento, porque nem sequer estão preocupados com o que votam no Parlamento. Ou julga que os deputados de cada partido sabem o que estão a votar em determinado momento? Não sabem. E, portanto, é-lhes como devem votar para o Tratado de Pandémico, e eles nem sequer precisam de saber o que o Tratado pandémico. Votam cegamente no que o líder do partido diz. Mas isto é muito perigoso para Portugal e para todos os países que estão na OMS. Se bem que as constituições de cada país proíbem exactamente essa situação. Não sei como é que vão conseguir impor essa ditadura irracional, e sem qualquer fundamento científico, aos países que, como Portugal, têm uma Constituição que não lhes permite impor.

Durante a pandemia, os três tribunais vieram confirmar que as leis fundamentais portuguesas foram violadas e, nesse aspecto, foi dada razão ao ADN. Não teme que isso volte a acontecer, e desta vez, se forem aprovadas estas alterações ao nível da Regulamento Sanitário Internacional, seja uma situação em que os países fiquem reféns da OMS?

Eu não acredito, por uma questão: conseguiram enganar 90% da população durante o primeiro ano. Hoje, como se vê pela taxa de inoculações daquela coisa – que não se pode falar, senão somos censurados nas redes sociais, portanto não vou referir aqui o nome – que acaba em 19. Já ninguém acredita nas palermices que foram ditas pelo Governo, em que se a pessoa fosse ‘anã’, podia entrar num restaurante e sentar-se à vontade, e não tinha que usar máscara. Se tivesse 1,80 metros, tinha de usar máscara depois tirá-la para se sentar, ou andar pela praia de máscara, etc. Foram coisas em que as pessoas já não acreditam e vê-se pelas taxas de inoculação. Eu odeio este nome porque foi usado exactamente para nos qualificar como nazis, mas agora são todos “negacionistas”… Porque já ninguém tem a quarta ou a quinta dose da inoculação. Portanto, hoje já são todos negacionistas. E o Governo já não conseguiria impor essas medidas, porque as pessoas já não iriam aceitar.

Bruno Fialho no Congresso do ADN em 2023. (Foto: D.R./ADN)

Há uma desconfiança relativamente às autoridades?

Sim, muito, porque provou-se, e vê-se. Já não existe o “coiso”? Já não é necessário inocular-nos? As pessoas já perceberam que foram enganadas. Só que o pior que há é assumir que foram enganadas; é como aquele marido ou mulher que é atraiçoado, e o melhor amigo vai dizer-lhe, e quem leva é o melhor amigo. Porque não admite que foi enganado. E o ADN sofreu desse trauma: o ADN foi quem disse a verdade, quem avisou, e as pessoas bateram no ADN, em vez de baterem no Governo e nos partidos que propagaram essas mentiras.

E agora já têm um feedback diferente de algumas pessoas em relação a esse tema da covid-19?

Como o ADN não é um partido extremista nem radical, aceitou sempre todas as pessoas. E principalmente, aceitou aquelas que muita gente de uma chamada “resistência”, que está sempre a dizer que os outros são a resistência controlada, mas eles é que são. Dessa resistência que “ou eras dos nossos desde o início, ou então não mereces estar aqui”. Não; as pessoas têm direito a errar e a mudar a sua visão e dizer que erraram e agora querem prosseguir.

A conciliação, o diálogo?

O ADN continua a ser o conciliador de todas as pessoas, porque não radicalizamos nada. Isto foram opções; as pessoas foram enganadas pelo Governo, tal como são enganadas na questão da Saúde, da Habitação, da Justiça e em tudo. Agora, as pessoas têm é de abrir os olhos e perceber quem é que as defende.

Transcrição de Maria Afonso Peixoto


Pode consultar AQUI a página do ADN.


O jornalismo independente DEPENDE dos leitores

Gostou do artigo? 

Leia mais artigos em baixo.